Campeonato da Europa de 7’s sub-18: vai haver irreverência e ginga lusa?
A temporada das selecções nacionais portuguesas de rugby termina agora em Agosto de 2019 no Campeonato da Europa de 7’s de sub-18, com Rui Carvoeira a comandar um pack de 12 jogadores em terras polacas, mais especificamente em Gdansk! Quem vão ser os jogadores a representar os lobos sub-18 nos dias 17 e 18 de Agosto? E quais são os objectivos?
Toda a análise neste artigo!
VERÃO SACRIFICADO EM HONRA DE REPRESENTAR AS QUINAS: QUEM SÃO OS REPRESENTANTES?
A Rugby Europe tem apostado na organização do Campeonato da Europa de 7’s de sub-18 com o intuito de desenvolver cada vez mais esta variante, em especial nos escalões de formação dando assim uma espécie de boost para que países como Irlanda, Espanha, França, Portugal, Alemanha possam continuar a ombrear com as restantes rivais de outros continentes, para além de dar uma franca oportunidade a nações menos desenvolvidas no XV de ter uma palavra a dizer neste 7 contra 7.
Como em todos os anos, o Europeu de 7’s deste escalão realiza-se sempre em Agosto o que força aos atletas saírem das férias (parcialmente ou não, têm de estar em Lisboa para treinar duas a três vezes por semana) desportivas e estudantis e ingressar nos training camps da Selecção Nacional, trabalhando afincadamente para atingirem um nível de alta qualidade seja física ou mental, acertando “agulhas” por assim dizer.
Para os 20 jogadores que foram convocados desde meados de Julho, este sacrifício só pode ser visto como o garantir de ferramentas úteis para o seu futuro enquanto atletas, já que os 7’s “forçam” a aprendizagem de um mind-set diferente, um apetrechamento físico que lhes permite manter um ritmo de jogo sempre intenso e uma afinação profunda das suas técnicas de handling, placagem individual e posicionamento em campo.
Com Rui Carvoeira ao “leme” deste desafio, os estão neste momento 14 convocados finais (só 12 embarcam na quinta-feira) assentaram praticamente em atletas que foram ao Campeonato de Europa de XV ou que estiveram envolvidos nos trabalhos de preparação para essa competição. São eles: Domingos Cabral, António Cardoso, Diogo Salgado, Hugo Trigueiro, Rodrigo Henriques, João Vieira, Vasco Félix, Francisco Meneres, Manuel Macedo, Francisco Silva, Miguel Máximo, Rodrigo Sampaio, Vasco Durão e Martim Faro.
Destes nomes todos quem pode ser visto como o lobo alfa desta alcateia? Escolhemos três atletas que vão seguramente mostrar a “artilharia” certa para ajudar Portugal a garantir uma classificação.
DOMINGOS CABRAL (AEIS AGRONOMIA)
Um dos jogadores mais dotados da sua geração, o abertura/formação “agrónomo” tem polvilhado as suas exibições com um rugby de veludo, munido de uma panóplia de skills minimamente espectaculares que podem forçar erros da equipa adversária. Veja-se o side-step ou a facilidade como consegue fazer um cobertura plena num kick and chase, usando todas as suas competências físicas para ganhar a frente ao defesa contrário… ágil, velozmente impetuoso e inteligente na saída de bola, será necessário que Domingos Cabral carbure em máxima velocidade para “rasgar” por completo os adversários da Selecção portuguesa.
DIOGO SALGADO (AEIS TÉCNICO)
Um daqueles pontas que não só gosta de bater o pé e fugir ao placador directo, como tem facilidade em dar um encontrão suficiente brusco para incapacitar o adversário que tente defende-lo sem a preparação adequada. Foi um dos melhores jogadores portugueses no Campeonato da Europa de sub-18 2019, marcando as suas exibições com excelentes jogadas, aberturas de jogo estonteantes e um jeito especial para encontrar (ou inventar) espaços por onde passar e atacar a linha de ensaio. É um velocista nato e de grande qualidade que vai animar o público em Gdansk.
JOÃO VIEIRA (CDUL)
O centro/ponta do CDUL tem tido um 2019 em grande, já que marcou presença em três dos quatro torneios possíveis para a sua faixa etária, com presença no Campeonato da Europa de sub-18 (3º lugar), o World Rugby Trophy sub-20 (2º lugar) e o agora Campeonato da Europa de 7’s de sub18. Um dos mais talentosos atletas dos Universitários,, João Vieira foi uma peça essencial para a Selecção Nacional de sub-18 a sua capacidade de acelerar no contacto, de esboçar bons offloads e de oferecer uma continua “alimentação” de jogo às restantes unidades das linhas atrasadas são alguns dos pormenores que se esperam do centro.
OS OBJECTIVOS E PRINCÍPIOS DA PARTICIPAÇÃO COM RUI CARVOEIRA
O Fair Play para rematar para a antevisão completa entrevistou o seleccionador Nacional sub-18, Professor Rui Carvoeira, que finda a sua relação com a Federação Portuguesa de Rugby ao fim de vários anos de ligação e de um serviço emblemático (duas medalhas de bronze no Europeu do escalão, entre outros feitos).
Professor Rui Carvoeira, a participação num torneio de 7’s é significativo para a evolução destes jogadores do escalão sub-18, certo? Quais são as maiores preocupações e trabalho de crescimento que procura nos jogadores?
Os Sevens, o seu treino e a possibilidade de competir, têm um efeito muito relevante no desenvolvimento individual do jogador de rugby. Em minha opinião todos os jogadores deviam em algum momento da época desportiva experimentarem sessões de treino com os princípios e orientações do jogo de Sevens. E o desenvolvimento individual que referi manifesta-se, entre outras, nas seguintes ações:
- Passar e receber bem, com distância e precisão;
- Dominar as técnicas de evasão
- Placar em espaço aberto, participar (com urgência) na organização defensiva coletiva;
- Tomar decisões em função do posicionamento do adversário, dos companheiros, do espaço a preservar, do espaço a criar;
- Melhorar substancialmente (todos) os índices físicos
Estas são as maiores preocupações e os indicadores de performance que procuramos atingir, aliados também ao facto de poderem viver uma competição internacional de sevens e os comportamentos fora de campo que isso implica, a preparação, a recuperação entre jogos, a análise da nossa prestação, a análise dos adversários, a alimentação, a hidratação, a gestão de esforço do 1º dia, a gestão de esforço no 2º dia, será com certeza uma experiência marcante e inesquecível para os que vierem a participar.
Objectivos para este Campeonato da Europa de sub-18? E quais são as maiores virtudes deste elenco?
Os nossos objetivos passam sempre pela nossa performance individual e coletiva, por aferir de forma estão a ser aplicados os aspetos mais evidenciados nos treinos. Por outro lado os Sevens são sempre uma festa, tudo é muito rápido e tudo deve ser aproveitado e vivido intensamente
Em simultâneo teremos um objetivo desportivo, a classificação nos 6 primeiros. Esta classificação pode proporcionar à FPR, através do Comité Olímpico, um apoio no Programa Esperanças Olímpicas, e deste modo teremos também de colocar esse factor nas nossas motivações.
Este grupo é muito jovem e com pouca experiência internacional, dos 14 que estão envolvidos na fase final de preparação só 6 estiveram presentes no europeu de XV e só 2 participaram no europeu de sevens da época passada. No entanto, o compromisso, motivação e qualidade que têm demonstrado na preparação dá-nos a confiança de uma participação muito digna e de muito bom nível nesta competição.
ADVERSÁRIOS, HORÁRIOS E COMO ACOMPANHAR
A Rugby Europe vai passar em directo os dois dias de competição e poderão acompanhar a partir do sábado às 09h00 neste link: RUGBY EUROPE TV.
Para além de Portugal vão participar as selecções de Alemanha, Lituânia, Bélgica, Espanha, Irlanda, Geórgia, Rússia, Luxemburgo (Manuel Gaivão Mascarenhas é o Team Manager desta selecção do Lux), França, Polónia e Roménia (estas três estão no grupo de Portugal). Portugal entra em campo às 10h50 frente à Polónia, depois às 13h13 versus a Roménia, encerrando a fase-de-grupos às 15h58 ante a França. A acção depois regressa no Domingo com os quartos-de-final/meias e finais, que têm hora de início marcada para as 09h00.
Na última participação portuguesa deste torneio, Portugal conquistou o 5º lugar derrotando a Espanha no último jogo em 2017, depois de ter realizado um torneio de nível, ombreando bem contra algumas das principais nações (caso da França ou País de Gales), apresentando na altura um conjunto de qualidade. Agora em Agosto de 2019, estes sub-18 ficam com a honra de fechar a época de 2018/2019 das Selecções Nacionais, podendo ao mesmo tempo não só encerrar como abrir com a “chave de ouro”, esperando-se as características do costume: rasgo, velocidade, génio inexplicável e volatilidade ofensiva!