O “Breakdown” do CN1: Guimarães foge para a manutenção!

Francisco IsaacFevereiro 27, 20198min0
O jogo de aflitos do CN1 terminou com uma vitória do Guimarães RUFC que garantiu praticamente a manutenção no campeonato! A análise à vitória vimaranense e muito mais neste artigo!

O Fair Play fará um acompanhamento semanal ao Campeonato Nacional 1, divisão onde habitam CRAV, Guimarães RUFC, RC Santarém, Caldas RC, RC Lousã, CR São Miguel, SL Benfica Rugby, Rugby Vila da Moita, RC Montemor e CR Évora. A liga já está em funcionamento mas só agora é que conseguimos fazer um acompanhamento sustentado ao CN1.

Os melhores momentos, ensaios, equipas e factos desta divisão!

GUIMARÃES ESTÁ (PRATICAMENTE) COM A MANUTENÇÃO GARANTIDA

Num só jogo decidia-se praticamente quem ficava no Campeonato Nacional 1 e quem se precipitava para a descida de divisão, apesar de ainda faltarem três rondas e de ser possível haver um volte-face… pouco provável perante o calendário que o clube da Margem Sul tem de enfrentar (CR Évora, SL Benfica e RC Santarém).

Em termos do que se passou no recinto dos moitenses, o Guimarães foi sempre uma equipa de contra-ataque, colocando sérias dificuldades ao RV Moita no breakdown o que impossibilitou melhores saídas para o ataque da equipa da casa. Mesmo com Pedro Silva em grande forma no que toca ao ditar as regras do jogo e a conferir profundidade e engenho ao ataque, as imprecisões técnicas no passe ou num apoio mal concebido ao portador da bola acabaram por ser críticas e prejudiciais para as ambições do Moita.

O Guimarães não sendo uma equipa muito segura no controlo e gestão da posse de bola, é das que melhor defende no espaço curto e altamente adaptável à estratégia ofensiva de quem está do outro lado, segurando o resultado por diversas vezes quando o Moita aproximava-se da linha de ensaio.

Ter Bruno da Silva a comandar a equipa a partir da posição de nº9 é sem dúvida alguma uma garantia de estabilidade, já que o formação está constantemente a impor ritmo e intensidade aos seus colegas, em especial ao bloco de avançados vimaranense, assegurando um índice de trabalho que no final traga boas notícias.

O contra-ataque do Guimarães acabou por ser letal em três ocasiões, que em poucas fases construíram o suficiente para chegar à área de adversário contrária e garantir uma vantagem bem confortável no marcador até aos 50 minutos de jogo. Pedro Silva ainda tentou puxar pelo pontapé (e um ensaio) mas de pouco valeram esses pormenores no final das contas.

O facto do Moita ter “roubado” (3 ensaios contra 1) o ponto de bónus ao Guimarães ainda pode dar alguma esperança, mas com um calendário difícil de dar a volta, o relegado do CN1 já está (praticamente) encontrado.

DÉRBI DO ALENTEJO AO RITMO MOUFLON

Estão imparáveis os comandados de João Baptista em 2019, com mais uma vitória agora na casa do CR Évora por 31-19. Resultado justo para os mouflons que se mostraram “agressivos” na conquista da linha-de-vantagem onde se viu sempre uma equipa veloz e apostada em tirar os eborenses fora da sua zona de conforto.

Verdade que Miguel Avó perdeu Manuel Murteira quando o resultado estava numa igualdade a 7 e a saída do defesa pode ter criado algumas dificuldades na saída ao jogo ao pé e na criação de oportunidades a partir do três-de-trás.

Mesmo com José Luís Cabral em boa forma (o centro aproxima-se do seu melhor no momento mais importante da temporada), os eborenses estiveram mais “apagados” que o costume e criaram menos dificuldades para o Montemor, que por sua vez conseguiu mostrar-se mais inteligente na leitura do jogo ofensivo e defensivo.

As ausências de José Roque, Manuel Nunes (os dois ao serviço dos sub-20 de Portugal) e José Leal da Costa não foram de alguma forma sentidas, com Felipe Braz, Luís dos Santos e Rodrigo Costa Pereira a produzirem excelentes exibições, provando que é o Montemor a equipa com mais profundidade no plantel e isso foi demontrado durante quase todo o encontro.

Mais intensos, mais “animados” (ou seja, predispostos a arriscar mais com a bola em sua posse) e “agressivos” na placagem, o Montemor acabou por ficar por cima na 2ª parte impondo sérias dificuldades ao Évora, que não conseguiu impor o seu domínio nos avançados como em outros jogos. O jogo ao pé dos primeiros 40 minutos acabou por ser um exemplo de como as duas equipas se encaixaram bem e procuraram outras soluções para chegar à área de validação contrária.

A estratégia do RC Montemor acabou por surtir em sucesso e João Baptista explicou como preparam o encontro,

Desde daquela derrota na Lousã que o Montemor voltou ao seu melhor. Como explicas este crescendo de forma?

A equipa na primeira volta do campeonato cometeu muitos erros que foram sendo trabalhados no treino de maneira a não voltarem a acontecer. Outros, foram erros de gestão da minha parte e que influenciou um pouco os resultados, mas houve experiências que fizeram sentido realizar. Houve ainda algumas lesões que nos afetaram mas que tentámos conviver e solucionar da melhor maneira! Por último, equipa jovem que tem o seu percurso natural para crescer.

Vitória frente ao CR Évora lança-vos para em alta para uma recta final de confrontos diretos. Por onde passou a vossa vitória no passado sábado?

Todas as vitórias são importantes. Tivemos que trabalhar, respeitando sempre o adversário e sabendo bem quais as nossas capacidades e a qualidade que temos. Têm sido jogos muito bem conseguidos, onde temos gerido alguns jogadores que estão a recuperar e também com algumas ausências de jogadores que têm defendido as cores do nosso país (não entendo como isto pode acontecer), mas tal como refiro, o nosso plantel apresenta muita qualidade, independentemente de tudo.

LOUSÃ NÃO DESARMA E VOLTA A DOMINAR BULLDOGUES

Não foi uma visita nada fácil do São Miguel à casa do RC Lousã, com os ainda 1ºs classificados do CN1 a somarem o ponto de bónus em virtude dos 45-07 registados no final dos 80 minutos. A maior fisicalidade lousanense e as algumas facilidades concedidas pela defesa do São Miguel ofereceram uma larga vantagem inicial à equipa da casa, que tem feito bom uso dos quase 10 jogadores estrangeiros que existem no plantel.

Esdale Litz, Vance Elliot (o talonador é seriamente um jogador acima da média e que merecia estar noutro patamar), Pierre Ebah e Smilko Debrenliev foram uns “abre-latas” da defesa dos lisboetas, registando boas arrancadas e quebras-de-linha, que aconteceram principalmente na primeira metade do jogo, altura em que a Lousã esteve mais activa no encontro.

O São Miguel permitiu que a Lousã fizesse um uso aceitável da oval e apesar de ter tido 10 minutos de controlo de bola, não conseguiram fazer mais do que um ensaio (curiosamente, de maul dinâmico, mostrando que o bloco de avançados tem feito uma evolução bem notável nesta temporada), sendo notório alguns problemas em termos de conservação da bola no ataque ou no definir de marcações na defesa.

A estratégia de jogo da Lousã foi por assim dizer simples e eficaz, ficando na retina a qualidade do seu XV inicial que procura fazer mossa nos últimos jogos desta fase-regular para preparar da melhor forma possível a fase final. Já os “bulldogues” voltaram a mostrar bons pormenores em certos períodos do jogo, mas faltou consistência e mais dureza na placagem em certos momentos para obter outro resultado.

CALDAS SURPREENDIDO E BENFICA DE GALA

Ensaio na bola de jogo deu uma vitória emocionante ao RC Santarém que impediu ao Caldas RC de ficar com o 5º lugar nesta 15ª jornada. Uma exibição personalizada dos escalabitanos valeu-lhes 4 pontos, num jogo em que a vitória adequava-se a qualquer uma das equipas. O Caldas chegou a ter algum domínio do jogo, mas faltou mais acerto em alguns momentos cruciais do encontro.

Já o SL Benfica realizou uma exibição de pompa e circunstância, com 10 ensaios contra zero do CRAV. Matt Ritani e Francisco Bessa fizeram dois ensaios cada(o nº8 dizimou a avançada arucense com sucessivas boas saídas da formação-ordenada) e Frederico Melim, o 2ª/3ª linha, aproveitou para converter duas vezes aos postes após saída por lesão de Tiago Fernandes.

CLASSIFICAÇÃO

Foto: FPR

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