Autumn Nations Cup 2020 Finais – Os Jogadores em Destaque

Fair PlayDezembro 8, 20208min0

Autumn Nations Cup 2020 Finais – Os Jogadores em Destaque

Fair PlayDezembro 8, 20208min0
Ponto final na competição europeia com um fim-de-semana de finais rico em grandes exibições! Os nossos destaques das finais da Autumn Nations Cup

As finais da Autumn Nations Cup reservaram dois jogos de grande emoção, com os lelos da Geórgia a não conseguirem superar o virtuosismo ofensivo dos Flying Fijians, enquanto França e Inglaterra foram “forçados” a ir a um prolongamento que conferiu todas as doses de dramatismo possível, a um jogo que já por si era dramático! A Helena Amorim e o Francisco Isaac escolheram os seus melhores jogadores da última dose de jogos da Autumn Nations Cup, analisando também os factores decisivos de cada embate do dia reservado às finais.

AS FIJI DANÇAM E A GEÓRGIA TRABALHA

Depois de três semanas praticamente enclausurados, e que forçou o cancelamento dos jogos frente à Itália, Escócia e França, as Ilhas Fiji tiveram o clearance necessário para poder comparecer em campo e disputar o 7º/8º lugar com a Geórgia. Num elenco recheado de estrelas, a selecção fijiana entrou em campo praticamente na frente do resultado, graças ao perfume técnico e, claro, ao impacto de um dos seus retornados em 2020… Nemani Nadolo. O ponta foi o elemento mais vistoso das Fiji com três ensaios, 10 offloads, 2 passes, 7 carries, 4 defesas batidos, 3 clean breaks e 61 metros feitos, recheando as suas arrancadas de pormenores técnicos que só ajudaram às Fiji ganhar ainda contornos mais dinâmicos e poderosos, numa exibição estrondosa da sua linha de 3/4’s, onde Josua Tuisova e Sami Radradra foram também dos melhores paladinos da frente atacante desta selecção das Ilhas do Pacifíco.

Mesmo após a entrada retumbante das Fiji, a Geórgia foi capaz de se reorganizar e lutar pelo resultado a partir daquela plataforma onde lhes é reconhecida larga qualidade: a formação ordenada. Sem esquecer o maul de onde também tiraram largo proveito, os Lelos impuseram aquela fisicalidade e trabalho de “pernas” que força um esforço adicional de quem está a sofrer com a força destes 8 georgianos, e foi desta maneira que a Geórgia lutou até ao fim pela vitória. De entre os melhores em campo para a selecção do leste europeu, a principal referência do jogo coube ao asa, Beka Saginadze, com dois ensaios, 14 placagens (somente 1 falhada) e 1 turnover.

Apesar do esforço colectivo da Geórgia o resultado terminou em 38-24 a favorecer as Ilhas Fiji, que deixaram assim um sabor agridoce aos adeptos, pois sentiu-se falta dos fantásticos fijianos durante toda a competição.

GALESES MELHORES MAS ITÁLIA COM GARBISI ASSUSTA

O País de Gales levou a melhor frente à Itália por 38-18, com destaque para as colisões e para todo o trabalho da terceira linha principalmente para o Man of the match Taulupe Faletau, o nº8 que fechou o encontro com mais de 100 metros conquistados, 4 quebras-de-linha e uma série de offloads que deram outra magnitide a um ataque “tímido” da selecção agora comandada por Wayne Pivac.

A selecção da casa ganhou com justiça, mas é verdade que a Itália foi um adversário de enorme bravura e qualidade, seja pelos pontapés e visão de jogo de Paolo Garbisi (este jovem de 20 anos deu um autêntico espectáculo através do jogo ao pé) ou pela velocidade e técnica excêntrica do estreante Monty Ioane.

Nota ainda para as grandes prestações de Justin Tipuric e George North, com ambos a marcarem ensaios e a darem outra consistência a um País de Gales que procura um novo rumo.

EARLS MARCA, STOCKDALE MONTA E RYAN ROUBA

Para a decisão do terceiro classificado, a Irlanda não se deixou impressionar pelas boas exibições escocesas e apesar de estar a apresentar um rugby muito desconexo, acabou por levar de vencida a selecção do “cardo” por 31-16. Jaco Van Der Walt estreou-se a abertura pela Escócia depois de perfazer 36 meses de residência em virtude de jogar no Edinburgh e foi uma agradável surpresa nestes palcos internacionais, com 11 pontos da sua responsabilidade. Um ou dois erros mas uma boa leitura geral do jogo e bons pormenores técnicos.

No que concerne à Irlanda houve um par destaques que vão para além de Keith Ears (regresso com dois ensaios, mostrando que é um dos melhores finishers do rugby europeu), como James Ryan ou Jacob Stockdale, o segunda-linha e defesa respectivamente. O primeiro foi responsável por dois roubos nos ares e ainda mais dois no breakdown, somando-se as 14 placagens (nenhuma falhada!), enquanto o nº15 galvanizou o ataque da Irlanda quando pareciam adormecidos, sempre com o pé no acelerador e os olhos postos nos erros de defesa da Escócia, que se deram especialmente na pressão ao pontapé.

INGLESES GANHARAM NO SUFOCO DEPOIS DE ESFORÇO HERÓICO DE DULIN E LES BLEUS

A Inglaterra entrou em campo com um 23 que ostentava um total de 813 internacionalizações, enquanto a França uns meros 103 mas que na realidade de pouco fez a diferença essa “vantagem” da Rosa no jogo! Como todos sabem, o acordo entre a Federação Francesa de Rugby com os clubes do TOP14 e PROD2 (LNR) decidia que os jogadores durante esta janela internacional de Novembro-Dezembro só podiam fazer um total de três jogos e que realizados esses encontros teriam de regressar aos emblemas que detêm o seu contrato, obrigando a Fabien Galthié a efectuar as tais mudanças desde o encontro ante a Itália.

Isto forçou a convocar 95% de jogadores que nem cinco jogos tinham realizado pelos Les Bleus, apesar de vários dos nomes terem uma vasta experiência dentro do campeonato francês, seja Brice Dulin (30 anos e 31 idas à selecção da França), Jonathan Danty (28 anos e 6 internacionalizações), Uini Atonio (o pilar ostenta 30 anos e 34 jogos pelos Les Bleus) ou Sebastian Bézy (29 anos de idade mas só um punhado de Test Match). A grande parte dos atletas que jogaram frente à Inglaterra em Twickenham apresentava uma média de idades de 23 anos, enquanto os detentores do troféu das Seis Nações 2020 impunham um 23 altamente experiente e com uma média de idades a rondar os 26/27 anos.

É altura de irmos até ao jogo e ao empate que se estendeu até à 2ª parte do prolongamento… A defesa drancesa voltou a estar muito afinada, tudo trabalho do “feiticeiro” Shaun Edwards (que falta faz País de Gales, não é?) e com tempo, poderá voltar a ser uma equipa que disputa os primeiros lugares nas competições internacionais incluído o Mundial de Rugby 2020. O asa Anthony Jeloch foi o placador do dia, com 19 placagens efectivas, 2 turnovers e uma série de embates dominantes, um dos quais parou Kyle Sinckler no sítio para depois virar a oval a favor dos Les Bleus.

Brice Dulin foi a estrela mais brilhante do conjunto francês, muito por “culpa” da sua alta capacidade em captar os pontapés do ar, conquistando 16 dos 17 das bolas que vieram pelos pés dos jogadores da Inglaterra, com o defesa a nunca virar a cara à luta e a ser uma das personificações da coragem francesa! A dupla de formação/abertura foi bastante competente embora algo distante de Dupont/Ntamack, como esperado, mas fica a nota que Baptiste Couilloud e Matthieu Jalibert deram boas indicações e podem ser soluções em momentos de necessidade. Por fim, Gabien Villière, o ponta esquerdo, esteve em todo o lado a toda a hora e foi muito dinâmico durante os 80 minutos.

A Inglaterra podia ter feito mais pontos tivesse Owen Farrell acertado os 50% de pontapés que falhou durante os 95 minutos de jogo, não espelhando no resultado o domínio na 2ª parte do tempo regulamentar. Billy Vunipola, Elliot Daly e Jonny May foram as principais unidades no ataque, com os três a realizarem quase 300 metros de conquista – destaque para o terceira-linha centro tanto na disposição física como no ganhar da linha-de-vantagem sempre que ia ao contacto – e Maro Itoje foi o grande foco na defesa, com quatro turnovers, 12 placagens (Tom Curry com 14 e Billy Vunipola com 17 foram os únicos a superar o 2ª linha, sem que tivesse a mesma taxa de eficácia) e dois alinhamentos roubados, tendo sido estes quatro os principais homens-chave da vitória inglesa na Autumn Nations Cup.


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