As melhores jogadoras de rugby em 2022: quem foram e o porquê

Helena AmorimNovembro 28, 20226min0

As melhores jogadoras de rugby em 2022: quem foram e o porquê

Helena AmorimNovembro 28, 20226min0
Helena Amorim analisa quem foram as melhores jogadoras de rugby do Mundo em 2022, com olho para surpresas e certezas neste artigo

A 20 de Novembro realizou-se a cerimónia da World Rugby Awards, que celebra aqueles que mais se destacaram no jogo de rugby assim como reconhece a excelência e a dedicação daqueles envolvidos na parte administrativa e de desenvolvimento.

Realizada no término dos jogos internacionais de Outono e após o Mundial Feminino, Mónaco e a Salle des Étoiles foram os locais escolhidos para esta celebração do que de melhor há no rugby. Falemos um pouco do feminino, que fica sempre um pouco esquecido na gaveta….

A Professora Farah Palmer (ex-internacional neo-zelandesa na posição de talonadora) recebeu o prémio Vernon Pugh por serviço de excelência prestado.

Quem foi Vernon Pugh? Vernon Pugh foi um jogador e treinador (em ligas menores), tendo sido como administrador de rugby, o ponto que mais o fez distinguir-se dos demais. Pioneiro em muito aspectos nomeadamente na reforma da própria World Rugby, ajudando a criar o torneio da Heineken Cup, a inclusão da Itália no Seis Nações, a inclusão da China no IRB, ajudando ainda a desenhar o circuito de sevens, veio ajudar a trazer valor à modalidade.

Farah Palmer, três vezes vencedora do Mundial com as Black Ferns (1998-2006), como capitã, tem sido uma líder muito forte no apoio e ajuda ao desenvolvimento do rugby feminino. Foi a primeira mulher no Board of New Zealand Rugby, fazendo parte ainda do New Zealand Maori Rugby Board e do Rugby Hall of Fame.

A jogadora Australiana Charlotte Caslick foi a jogadora do ano em sevens; Wayne Smith foi o treinador do ano pelas Black Ferns e Abby Dow teve direito ao prémio de melhor ensaio do ano, que deve ser revisto amiúde.

A jogadora revelação foi Ruby Tui (there’s no Rugby without Ruby!). Uma já consagrada jogadora de sevens, fez a sua incursão na versão de 15, apenas em Junho deste ano e foi uma peça fundamental no jogo Neo-Zelandês, com 10 entradas de início em 12 jogos realizados e 8 ensaios marcados. No Mundial foi uma vez player of the match e foi sempre um elemento de grande dinâmica no ataque e grande rigor defensivo.

No que diz respeito à melhor jogadora de 15, o prémio recaiu sobre a capitã e média de abertura das Black Ferns, Ruahei Demant. Na lista para o prémio estavam ainda os nomes de Sophie de Goede, Alex Matthews, Laure Sansus e Portia Woodman.

Ruahei é uma advogada de 27 anos que joga pela franquia de Auckland desde 2013 e pela selecção kiwi desde 2017. Neste Mundial foi uma presença calma e inspiradora, uma playmaker segura e inteligente no cumprimento do plano de jogo; foi ela a grande obreira em campo dos desígnios traçados por Smith. Foi duas vezes Player of the match, frente a Gales e Inglaterra. Nos pontos marcados, ficou em 5º lugar da geral (31); 4º lugar nas conversões e runs (9 e 64); 8º lugar nos clean breaks (5) e 1º nos offloads (18).

O prémio foi justíssimo!

Dito isto, convém analisar a concorrência. Das nomeadas, a presença de Portia Woodman parece claramente um exagero, na medida em que apesar de ser talvez consensualmente a melhor jogadora do Mundo, neste Mundial não teve o desempenho consistente e capaz que se lhe é normalmente reconhecido, até porque muitas vezes a bola não lhe chegava às mãos.

Laure Sansus consta mormente pelo facto de ter sido o seu adeus à modalidade devido a lesão e embora seja uma formação de excelência, a sua inclusão nesta lista, talvez fosse mesmo para “parecer bem”.

Sophie de Goede, era talvez a melhor posicionada (dentro da lista de nomeadas) para contestar o prémio a Ruahei: foi player of the match contra a Itália, é uma nº 8 poderosíssima e uma portadora de bola inigualável, tendo feito muito disso mesmo nos jogos pela selecção Canadiana. Em todos os jogos que realizou, foi raro ela não aparecer na folha das estatísticas por algum elemento do jogo em que tenha superado as restantes jogadoras. Mas, sendo uma terceira linha e não estando na final, dificilmente o prémio iria pender para o seu lado.

Alex Matthews foi nomeada e sim, é uma flanqueadora do lado fechado com muito valor, muitos carries, metros e placagens também, mas se ela foi nomeada, muitas outras teriam de o ser, exemplo:

Giada Franco, asa do lado aberto italiana, duas vezes player of the match e essencial no jogo dos três-quartos Italiano;

Marlie Packer, asa destruidora de Inglaterra e também por uma vez player of the match;

Sarah Hirini, a outra asa diabólica da Inglaterra;

Pauline Bourdon, duas vezes player of the match e que tão bem veio substituir a Laure Sansus;

Zoe Aldcroft, segunda linha Inglesa que como Sophie de Goede, apareceu em quase todas as estatísticas possíveis.

Theresa Fitzpatrick, três-quartos centro: também foi gritante a sua ausência dos nomeados. Esta ex-jogadora e medalhada olímpica de sevens (prata no Rio em 2016 e ouro em Tóquio em 2020), foi por duas vezes considerada a player of the match, frente a Gales e à Escócia, conhecido pela “the similing assassin”.

E Emily Scarrat, a assertiva pontapeadora e centro absolutamente destrutivo da Inglaterra?

Além desta exaustiva lista e sem performance para o prémio principal mas com uma merecida referência, ficam ainda Amy Cokayne, talvez a melhor talonadora do Mundo na actualidade, Madoussou Fall, a ex-basquetebolista, segunda linha de França, que apenas falhou duas placagens no torneio , tendo realizado oitenta, uma portadora de bola fortíssima, muito difícil de parar junto da linha de ensaio e ainda Gabrielle Vernier, a primeiro centro Francesa, excelente na defesa e no ataque.

O que quero demonstrar com este exercício, é que a tarefa de elaborar a lista de nomeadas e escolher a melhor era no mínimo, hercúlea!

Nunca se jogou um Mundial com esta intensidade e com este nível técnico, com n jogadoras a demonstrarem a sua elevada capacidade técnica e concentração tática. Os prémios estão bem entregues mas havendo debate, até parece que sabe melhor para quem os ganha!

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS