Final do Mundial de Rugby Feminino: A magia do rugby pelas Black ferns

Helena AmorimNovembro 13, 20225min0

Final do Mundial de Rugby Feminino: A magia do rugby pelas Black ferns

Helena AmorimNovembro 13, 20225min0
A Nova Zelândia levantou o título de campeãs do Mundo de rugby após uma das finais mais emotivas de sempre como conta Helena Amorim

O Mundial de rugby feminino de 2021, disputado em 2022, foi ganho pelas Black Ferns em mais um belíssimo jogo de rugby, frente à única finalista, capaz de dar uma resposta à altura da equipa de Portia Woodman e companhia: as Red Roses.

A final disputada no Eden Park com arbitragem de Hollie Davidson, teve uma plateia de 40 mil pessoas ao vivo, num hino ao rugby e em particular ao rugby feminino!

Nas palavras de Ruby Tui, este Mundial foi a confirmação de que há pessoas a irem aos estádios ver rugby feminino, há festa à volta dos jogos e à bilhetes a serem vendidos, por isso, “lets keep this party going”! E o que é factual é que todo o ambiente à volta, toda a alegria das jogadoras e de todos os intervenientes do jogo, atrai muito um espectador que se vê às vezes cansado de tantas penalidades, tantos momentos mortos, tanto pontapé pró alto (dito táctico mas às vezes é um verdadeiro abuso) do jogo masculino.

Ruby Tui, talvez a nova embaixadora do rugby feminino, pela sua postura extremamente emocionada e emocionante assim como intensa, selou e engrandeceu o momento, quando no final do jogo começa a cantar ao microfone a música “Come together as one: Tūtira mai ngā iwi” e os 40 mil adeptos cantando de volta: “all of us, all of us: tātou tātou e!”

As duas equipas finalistas, foram sempre de uma entrega total, exibindo um alto nível de compreensão e execução do jogo e tendo ambas a noção e humildade de reconhecer no adversário, muita competência e muito poder (ver as palavras finais no pós jogo de Ruby Tui e Sarah Hunter, esta última, a capitã de 37 anos que teve nesta final, nada mais nada menos que a sua 140ª internacionalização).

A selecção Inglesa chegou à final com 30 jogos seguidos a ganhar e apresentou uma equipa com 1123 internacionalizações frente às 409 da Nova Zelândia. No embate directo, a actual detentora do troféu, ganhara 18 vezes contra 11 da Inglaterra.

A selecção comandada por Sam Middleton, é uma equipa demolidora nos rolling mauls e nos lineouts drives, muito baseada no poder das avançadas mas a saber abrir o jogo a todo o campo quando necessário, com pontas como Abby Dow a finalizarem muito trabalho das duas centros. Já Wayne Smith moldou as Black Ferns para um movimento rápido das linhas atrasadas, rico em offloads e quebras da linha de vantagem. Há no entanto, um aspecto em comum nestas duas equipas: uma técnica e uma entrega abnegadas!

As Red Roses tiveram duas contingências que poderão ter sido responsáveis pela derrota: a uma hora do início da final a habitual média de formação Leanne Infante foi afastada por lesão (com a entrada de Lucy Packer) e a expulsão de Lydia Thompsom, a ponta direito, que obrigou o seu lado a fazer uma hora de jogo com 14 jogadoras.

Uma ponta como Lydia ser expulsa, obrigou a um recondicionamento e um mindset defensivo, com uma desestruturação que é logo “cheirada” e aproveitada em pleno pelas Black Ferns. Mesmo assim, as Inglesas marcaram nesse período de tempo, mas é no entanto, muito tempo sem uma jogadora, com muito cansaço e esforço acumulados.

Foram marcados onze ensaios com um bis de Leti-L’Iga e um hat-trick de Amy Cokayne. A talonadora Amy Cokayne é talvez a melhor na posição, actualmente: belíssima coordenação com a saltadora e os elevadores, faz uma primeira linha muito sólida com as duas pilares, faz boa cobertura da linha de 5 m para a lateral, uma excelente intensidade nos rucks e mauls com boa velocidade e boas placagens; acima de tudo, tem uma noção do timing perfeito de, na parte detrás de um maul dinâmico, decidir quando deixar o movimento e fazer toque de meta.

Alguma ironia neste jogo: o primeiro ensaio das Inglesas foi em jogo aberto, com as linhas atrasadas bem esticadas no campo e Ellie Kildunne a finalizar na ponta direita e praticamente nos últimos instantes do jogo, as Black Ferns contestam um alinhamento de introdução Inglesa e ganham a posse da bola! Como diria Fernando Pessa: E esta hem?!

Sem dúvida um jogo à altura de uma final de um Mundial com um resultado final de 34-31, que dita na perfeição o equilíbrio entre estas duas grandes equipas! No jogo de atribuição do terceiro classificado, arbitrado por Sara Cox, a equipa Canadiana esteve “ausente”, talvez pelo cansaço, talvez pela supremacia Francesa ou um misto das duas e o resultado final quedou-se num 0-36.

Foi um jogo de um sentido, com dois ensaios na primeira e três na segunda parte com bis de Marine Menager e uma performance para Player of the Match da formação Pauline Bourdon.

Aos onze minutos de jogo já havia um toque de meta pela portentosa segunda linha Madoussou Fall (24 anos, 1.87m), e com alguma naturalidade, os ensaios foram-se sucedendo. Apresar da muralha vermelha defensiva, houve sempre muito apoio e muita exploração dos espaços e uma melhor disposição técnica e tática por parte das Francesas.

As três posições cimeiras ficaram assim bem entregues e agora…

2025 e o Mundial na Inglaterra, parecem longe demais!


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