As 6 Estrelas (veteranas) do Super Rugby 2019 a ter em atenção
Já lançámos o “Manual do Super Rugby 2019” com os pormenores sobre o que há de novo nesta edição, assim como podem participar na Fantasy que a Rugby Magazine disponibilizou para participarem, e agora vamos a dois artigos só sobre as “Estrelas” que vão marcar esta edição: os “veteranos” e os “novatos”.
Da Nova Zelândia ao Japão, da África do Sul à Austrália, qual é a lenda mais lendária e/ou a melhor!
MA’A NONU (BLUES)
36 anos nas pernas, mas parece que Nonu não envelheceu um único dia desde os 28 anos de idade. Porquê os 28? Desde essa idade que o centro neozelandês dominou a sua posição tanto nas competições “internas” no Hemisfério Sul como a nível internacional, rivalizando directamente com Brian O’Driscoll, Stirling Mortlock, e pouco mais.
Entre 2010 e 2019, Nonu ajudou a ganhar dois mundiais pelos All Blacks, para além de uma série de Rugby Championships, ficando só a faltar o levantar do título do Super Rugby durante a sua passagem quer pelos Hurricanes, Highlanders e Blues.
Para os que desconhecem essa passagem em 2012 e 2014 pela franquia de Auckland, Nonu realizou cerca de 25 jogos tendo sido autor de 4 ensaios, mostrando-se como uma das forças mais temíveis no centro do ataque ou defesa.
Dominador no contacto, Nonu ainda detém todos os atributos que elevaram-no a um expoente máximo em 2011 e 2015, com uma leitura táctica genial para além de conseguir “dobrar” a bola oval de uma forma única e tão especial que fazem-no de um dos melhores centros dos últimos 30 anos.
É uma aposta segura dos Blues e será um dos nomes fortes do Super Rugby, caso não sofra lesões algo bem pouco usual no centro ex-All Black (será que volta à selecção caso Crotty, Goodhue e SBW se lesionem durante a época?).
QUADE COOPER (REBELS)
Foram 12 meses (e mais algumas semanas) longe dos campos do Super Rugby para Quade Cooper, o abertura que em 2018 foi colocado de lado por Brad Thorn nos Queensland Reds e forçado a esperar por uma nova época. Com o fim da ligação contratual à formação dos Koalas, o fantasista nº10 teve a possibilidade de escolher o seu novo clube e os Melbourne Rebels acabaram por ser a opção.
Com 30 anos nas “pernas” e a caminho dos 31, Quade Cooper tem o sonho de chegar ao Mundial de Rugby 2019, munindo os Wallabies de uma boa opção para a posição de abertura algo que tem sido um flagelo quer pela pouca eficiência táctica de Bernard Foley ou pelas más decisões tomadas por Matt Toomua (que também está de regresso ao Super Rugby).
Cooper é um 10 “louco”, um génio que vê movimentações e possibilidades de ataque várias, algumas em que só ele mesmo vê… o risco é uma palavra obrigatória na sua forma de jogar, na tomada de decisão, elevando o jogo para outra “altitude”, por vezes num ritmo frenético, imparável e assustador.
Contudo, este mesmo ritmo e toada mais anárquica do jogo é um dos pormenores mais negativos quando o 10 começa a tomar as piores decisões possíveis, levando a sua equipa para uma desordem total e carregada de problemas profundos, como aconteceu com os Reds em 2017.
Os Rebels apresentam-se como uma das melhores equipas australianas no Super Rugby 2019 e ter Quade Cooper a pegar na bola na posição de nº10 pode representar pontos e vitórias, se o próprio não começar a inventar estratégias e soluções de jogo a “quente”.
DUANE VERMEULEN (BULLS)
Regresso do nº8 ao rugby sul-africano ao fim de 4 anos de serviço ao RC Toulon, agora não para os Stormers (quase 100 jogos só pela franquia da Cidade do Cabo) mas sim para os Bulls de Pretória que se reforçaram bastante bem durante o defeso. Vermeulen fará 33 anos em Julho próximo e o voltar à casa foi um objectivo claro de um dos maiores hiters dos Springboks dos últimos 5 anos.
Os 117 kilos espalhados pelo 1,93 metros de altura fazem-no de um alvo de difícil paragem, obrigando uma placagem de excelentes proporções ou da combinação de dois ou mais placadores para colocarem um fim na sua corrida.
Assume-se como uma peça inteligente na saída do ruck, sempre pronto para fazer um e outro pique, castigando quem está do outro lado, em que abre boas possibilidades de ataque das equipas pelo qual passou. Pode não ser um elemento muito participativo no jogo aberto, mas não se pode tirar os olhos de Vermeulen que se conquista um centímetro de espaço torna-se como um rolo compressor… em patins!
Não é um marcador de ensaios de elevada categoria (8 ensaios em 109 jogos no Super Rugby), mas garante sempre um boa plataforma na defesa, não falha nas formações-ordenadas ou alinhamentos, é um “agressor” nos piques ou saídas no contacto e outros pormenores que tornam-no um dos nomes mais fortes dos Bulls para 2019.
SCHALK BRITS (BULLS)
Entre 2009 e 2019 o que aconteceu no Planeta da Oval? Os All Blacks foram campeões mundiais por duas ocasiões, Bryan Habana igualou Jonah Lomu como o melhor marcador de ensaios de sempre em Mundiais, Richie McCaw deixou de jogar, os Exeter Chiefs vieram da 3ª divisão para conquistarem o campeonato em 2017 e… Schalk Brits saiu da África do Sul para agora regressar a casa.
O talonador sul-africano actuou no Super Rugby entre 2005 e 2009, ao serviço dos Cats e Stormers, para depois sair rumo a Inglaterra, mais concretamente para jogar ao serviço dos Saracens. Foi campeão inglês em três ocasiões, levantou o título de Campeão Europeu, somou mais de duas centenas de encontros pela formação londrina (no qual fez 37 ensaios!) e assumiu-se como um dos maiores líderes da Premiership.
Depois de tantos anos no “exílio” decidiu regressar ao seu país de origem, para não só jogar ao serviço dos Bulls mas também para trabalhar na equipa técnica dos Springboks, não descurando a possibilidade de voltar a vestir a camisola dos boks.
E merece? Sem dúvida alguma! Brits é um talonador moderno aparecendo bem no jogo aberto, sempre pronto para se envolver nos dinamismos atacantes das equipas por onde passou, rápido a aparecer no espaço, excelente a tomar decisões e extremamente complicado de ser placado à primeira.
Com a retirada de Adriaan Strauss dos Bulls, a chegada de Brits vai preencher um vazio na equipa de Pretória sendo um dos melhores reforços do Super Rugby 2019 tanto pela excelência a comandar o pack como no momento de sair a atacar, surgindo sempre pronto para mais um sprint… e ensaio!
RENE RANGER (SUNWOLVES)
Uma lenda dos Blues de Auckland, Rene Ranger está de regresso ao Super Rugby depois de 1 ano ao serviço do Stade Rochellais, do Top14. Ranger é um dos centros/pontas mais inventivos do Hemisfério Sul, abrindo bem a defesa para depois soltar um offload estupendo ao nível de Sonny Bill Williams, mas sem a mesma ciência ou eficiência.
Depois de anos de serviço aos Blues, o internacional neozelandês por 6 ocasiões assinou contrato com os nipónicos dos Sunwolves e vai dar outra dimensão aos lobos do Super Rugby
E o que o 3/4 pode adicionar esta equipa que não sabe se em 2020 estará no Super Rugby? Antes de mais, agressividade na portagem de bola, altamente intenso no contacto onde opta por fazer o tal offload ou criar uma linha de corrida que abra possibilidades de ensaios iminentes… ou seja, é um perigo à solta com a oval nas mãos, desde que não tenha de se assumir como movimentador de jogo.
Placador de boa qualidade (não é excepcional até porque tem problemas num dos ombros), imiscuí-se de participar nas acções do breakdown, sendo sempre aquela opção de defesa menos comprometida no contacto curto e sim na leitura do jogo ao largo.
Na soma de todos os factores vai conferir aos Sunwolves uma “garra” no ataque, um elemento hábil (mas não soberbo) na defesa e um jogador altamente experiente no Super Rugby que poderá atingir a marca de 100 jogos em 2019, desde que não se lesione ou seja afastado por outra razão.
ADAM ASHLEY COOPER (WARATAHS)
Joga à ponta, centro, defesa e também a abertura, é rápido e versátil, tem um pé afinado para depois se lançar na perseguição à oval, sempre propenso a fazer ensaios numa aceleração impiedosa e que deixa os adversários pelo caminho… este é o cartão de visita de Adam Ashley Cooper, um Wallaby lendário com mais de 30 ensaios feitos a nível internacional.
Depois de vários anos em França ao serviço do Bordeaux-Bègles (12 ensaios em 37 jogos) e outros dois pelos Kobe Steelers, Ashley-Cooper volta à Austrália para jogar pelos Waratahs, franquia pela qual o ponta levantou o Super Rugby em 2014.
É um regresso a casa que pode fazer danos significativos aos seus adversários, uma vez que vai compor com Israel Folau e Curtis Rona um três-de-trás altamente intenso e explosivo, voltado para aproveitar os espaços entre defesas para saírem em sprint para a área de ensaio.
Com 139 jogos no Super Rugby (procura chegar perto do top-10 dos jogadores com mais jogos na competição) e 27 ensaios feitos, Ashley-Cooper tem tudo para ser um dos líderes da equipa dos ‘tahs que olha para 2019 com a possibilidade de chegar mais longe na competição, ultrapassando assim os dois últimos anos de resultados mais “pobres”.
Ao jeito de Nonu e Brits, o regresso do ponta pode ser visto como uma intenção clara de ganhar um lugar para o próximo Mundial de Rugby, algo a que Michael Cheika não dirá que não até pela multiplicidade de opções que Cooper oferece à equipa.