3 pontos do SR 2020 R5: afinal há vida no rugby australiano (e nos Blues)!

Francisco IsaacFevereiro 29, 20206min0

3 pontos do SR 2020 R5: afinal há vida no rugby australiano (e nos Blues)!

Francisco IsaacFevereiro 29, 20206min0
Rebels e Waratahs deram um pontapé nas suas supostas crises e voltaram a dar chama ao rugby australiano à passagem desta 5a jornada do Super Rugby 2020. Os destaques e muito mais analisados pelo Fair Play

E todos os participantes do Super Rugby 2020 têm uma derrota pelo menos no seu registo individual da temporada, com os Stormers a serem completamente dominados por uns Blues de excelência e que impuseram assim a primeira derrota à formação treinada por John Dobson.

Os três principais destaques desta 5ª jornada da competição analisados aqui.

REBELS PÕEM FIM A UM RECORDE NEGATIVO NA NOVA ZELÂNDIA

Ao fim de seis anos uma equipa australiana conseguiu arrancar uma vitória de Dunedin, pondo fim a um dos registos supra-negativos das franquias australianas em jogos em solo neozelandês, com os Rebels a arrancarem a conquista por 28-22.

Depois de penar e até perder frente aos Sunwolves em jornadas anteriores, a franquia de Melbourne mostrou que ainda tem alguns truques na “manga” com Andrew Kellaway a registar uma espectacular exibição com dois ensaios e mais de 150 metros percorridos, mostrando um brilhantismo peculiar no flanco direito do emblema australiano que aproveitou os erros em excesso dos Highlanders na defesa, apesar das tentativas de Aaron Smith (continua a ser um dos melhores formações do Mundo e num momento de constante reveses da formação de Otago tem tentado estar por cima dos acontecimentos) em mudar a situação geral.

Os Rebels não foram sólidos ou equilibrados durante todo o tempo de jogo, mas foram sem dúvida alguma mais eficientes com a oval em seu poder, expandindo um fantástico poder de aceleração na recepção da oval que impressionou tudo e todos em especial os seus adversários que não esperavam por uma mentalidade tão “agressiva” da formação australiana. Foi uma exibição soberba a nível colectivo onde Louwrens e Toomua foram capazes de conferir a estabilidade necessária para que conseguissem controlar o jogo durante a maior parte do tempo, bloqueando as tentativas dos Highlanders saírem do seu meio-campo, onde Mitch Hunt tem culpas acrescidas por nunca ter assumido o papel de manobrador de jogo, criando alguma confusão com Josh Ioanes no que concerne ao assumir o jogo.

Os Highlanders estão a realizar um dos piores arranques de temporada da sua história e Aaron Mauger continua perdido entre más opções técnicas e uma estratégia débil e frágil, que agora foi aproveitada pelos supostamente “fracos” Rebels.

LIONS EM ROTAÇÃO BAIXA SÃO VERGADOS PELOS TAHS

Depois de quatro primeiras jornadas completamente arrasados pelos seus adversários, os Waratahs conseguiram a primeira vitória na competição com uma vitória por 29-17 na recepção aos Lions, que ainda não encontraram o seu melhor rugby e continuam a tropeçar nas suas indecisões a nível da execução do plano de jogo onde os 16 erros de handling acabaram por ser uma fatalidade no final dos 80 minutos.

Os ‘tahs fizeram 19 pontos nos primeiros 20 minutos de jogo, um elemento que foi decisivo com destaque especial para o abertura Will Harrison, merecendo novamente a designação de MVP com 100 metros conquistados, 2 ensaios, 7 defesas batidos, sendo pormenores suficientes para delicerarem a defesa contrária que abriu espaço para se irem criando boas oportunidades de ensaio. O bloco de avançados foi impressionante tanto pela forma como se entregaram na conquista de metros ou na eficácia nas fases-estáticas, destacando-se Lachlan Swinton (já tínhamos avisado que o “gigante” 3ª linha vai ser tanto uma referência nesta franquia de Nova Gales do Sul e nos Wallabies), Jack Dempsey, Gus Bell e, claro, Michael Hooper imperando um domínio constante sob os Lions.

Os Waratahs mereceram conquistar os 4 pontos, respirando fundo depois de terem passado por um período atípico para uma das equipas de maior sucesso da Austrália. Já nos Lions o não conseguir marcar ensaios nas várias oportunidades que usufruíram foi espelho da instabilidade que se vive no elenco que tem à cabeça Elton Jantjies, com nem o abertura/capitão a encontrar rumo durante os 80 minutos, ficando só bem na retina o asa Marnus Schoeman e o ponta Tyrone Green (para além das 3 quebras-de-linha, foi a forma como se batia no contacto e encontrava espaços para fugir, com quase 130 metros percorridos durante o jogo) em mais uma exibição insípida do emblema de Joanesburgo.

EXIBIÇÃO IRREPREENSÍVEL DOS BLUES EM NEWLANDS

Há 10 anos que os Auckland Blues não arrancavam no mítico Newlads Stadium dos DHL Stormers e, depois de uma das melhores exibições da franquia neozelandesa no Super Rugby, voltaram a conquistar uma vitória que lhes permite dar um salto na classificação, para além da dose extra de confiança para as próximas jornadas. A formação treinada por Leon McDonald imperou em quase todos os aspectos do jogo, seja no aproveitamento de oportunidades quando entraram dentro dos 22 metros do adversário, no domínio efectivo da posse de bola com uns impressionantes 67% nesse aspecto na excelência na placagem e atitude defensiva onde apenas erraram 7 placagens de um total de 75, mostrando uma postura séria e com um foco total que nunca foi perturbado mesmo quando os Stormers fizeram dois ensaios no espaço de 12 minutos.

Otere Black e Stephen Perofeta criaram um espectacular combo ofensivo que abriu constantes “feridas” na defesa da franquia sul-africana, num total de 14 quebras-de-linha com Joe Marchant (prestação a todos os níveis perfeita do internacional inglês, somando dois ensaios e mais um par de dados de qualidade), Mark Talea (o ponta tirou da frente 8 potenciais placadores, sendo um elemento essencial para o 3º ensaio da formação kiwi) e TJ Faiane a serem uns penetradores de jogo de elevado nível.

Contudo, este vibrante jogo do ataque dos Blues foi beneficiada pela forma como os Stormers se apresentaram na defesa, sem vontade ou com a capacidade de aplicar uma placagem dominante ou pelo menos que parasse o adversário no local de recepção da oval, ficando Damian Willemse (5 falhas placagens e uma exibição cinzenta, fracassando em todos os capítulos especialmente no dar velocidade à estratégia de jogo da formação da Cidade do Cabo), Pieter-Steph du Toit e Herschel Jantjies mal na fotografia neste aspecto.

Sem uma defesa confiante, um ataque veloz e um mindset completamente errado, os Stormers foram feitos reféns durante quase todo o jogo pelos Blues, que mostraram o que podem fazer quando estão ao seu melhor.

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Stephen Perofeta (Blues) – 18 pontos (100% eficácia, 3 conversões e 4 penalidades);
Melhor Placador: Dylan Richardson (Sharks) – 22 placagens (98% eficácia) e 2 turnovers;
Melhor Marcador de Ensaios: Jacobus van Wyk (Hurricanes) – 3 ensaios;
Melhor Marcador de Pontos: Stephen Perofeta (Blues) – 18 pontos (100% eficácia, 3 conversões e 4 penalidades);
O Rei das Quebras-de-Linha: Vince Aso (Hurricanes) – 6 e 7 defesas batidos;
O MVP do Fair Play: Andrew Kellaway (Rebels) – é um ponta que uma vez por outra realiza exibições sensacionais e contra os Highlanders foi o “abre-latas” necessário;


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