3 pontos do SR 2019 Ronda 11: é Sevu Reece o próximo passo evolutivo?

Francisco IsaacAbril 27, 20196min0

3 pontos do SR 2019 Ronda 11: é Sevu Reece o próximo passo evolutivo?

Francisco IsaacAbril 27, 20196min0
O incrível estreante Sevu Reece destacou-se novamente e voltou a fazer mais 2 ensaios. Será que vai ao mundial de rugby 2019? A análise à 11ª ronda do Super Rugby!

A EVOLUÇÃO NO RUGBY: DE JULIAN SAVEA PARA SEVU REECE

Há até bem pouco tempo atrás Julian Savea dominava um dos corredores dos All Blacks, conquistando não só fama e boas exibições (quem se esquece daquele jogo frente à França no Mundial de Ruby em 2015?), como também atingia o topo dos melhores marcadores de ensaios da selecção neozelandesa. Contudo, quando chegou a nova “era” dos pontas, rapidamente Savea desapareceu dos radares e das escolhas de Steve Hansen, com o surgimento do fantástico e imparável Rieko Ioane, que em 24 jogos pela Nova Zelândia “só” fez 22 ensaios.

Contudo, falta do outro lado um camisola 14 mais dotado e rápido, ao mesmo tempo veloz mas fisicamente “destruidor” no contacto, fugindo um bocado à simplicidade que Waisake Naholo apresenta, até porque o ponta dos Highlanders está a realizar um Super Rugby 2019 para esquecer. Entre 2018 e 2019 apareceram alguns grandes candidatos que podem merecer já uma vaga no próximo mundial… e são eles: George Bridge, Sevu Reece, Solomon Alaimalo, Wes Goosen e Braydon Ennor.

Quatro nomes e todos eles separados por alguns pormenores, com Bridge e Reece a reunirem neste momento todas as condições e mais algumas para serem chamados por Steve Hansen e pelos selectors dos All Blacks. Bridge é um novo Ben Smith, muito similar em tudo o que o seu “colega” dos Highlanders faz, munido de uma passada elétrica e uma capacidade de posicionamento de excelente virtuosismo, como provam os dois ensaios marcados frente aos Lions, para além dos quase 100 metros e 3 quebras-de-linha. É, numa palavra, letal.

Mas e Sevu Reece? Bem, Reece é uma simples ameaça para qualquer opositor que tente o bloquear sem perceber que quando o ponta (que se só se estreou esta temporada no Super Rugby) emabala é quase impossível de parar num 1º momento. É “agressivo”, parecido com Ngani Laumape em alguns pormenores técnicó-físicos, mas extremamente habilidoso para enganar toda a oposição com um brutal side step e uma visão de rara qualidade para atacar o espaço.

Em mais uma grande exibição, Reece fez mais dois ensaios (o 6º em 5 jogos), conquistou 86 metros (já vão 588), partiu a linha por 4 ocasiões e tirou da frente 10 adversários (Kwagga Smith foi simplesmente “varrido”). Será ele o bolter (convocado inesperado para o Mundial) do RWC 2019 dos All Blacks?

COLISÃO À BOKS: STORMERS VS BULLS OU UM JOGO ENTRE O CAOS E O ERRO

Foi um fim-de-semana de pouco espectáculo mas de altos confrontos físicos no Super Rugby, com o Stormers-Bulls a atingir altas proporções de colisão e dureza que deu aquele sabor especial dos clássicos sul-africanos, com a equipa da Cidade do Cabo a conquistar uma boa vitória no final dos 80 minutos por 24-23

Quase 300 placagens foram esboçadas, pondo fim às quase 20 quebras-de-linha que ambas as equipas realizaram, num encontro fisicamente de luta, esforço e sacrifico, onde Pieter-Steph du Toit e Siya Kolisi foram autênticos “monstros” na defesa, com 30 placagens, 4 turnovers e dois momentos em que salvaram ensaios quando parecia certo que Gellant ou Kotze iam para o ensaio.

Do lado dos Bulls, Pollard “fartou-se” de ter que ir ao contacto, com 13 entradas, mais uma que Gellant e Odendaal, explicando talvez aí a pouca viabilidade técnica e de ensaios da franquia de Pretoria.

Sempre que Pollard ou Gellant agarravam na oval para dar velocidade ao jogo ou iniciar uma movimentação de jogo mais ao largo, a defesa dos Stormers era rápida a suprimir essas intenções, silenciando constantemente o virtuosismo técnico de Pollard ou fisicalidade explosiva de Gellant, tirando expressão ofensiva aos Bulls, que se viram forçados a apostar nos pontapés aos postes para construir uma base para nivelar o resultado durante os primeiros 60 minutos.

Ou seja, os Stormers fizeram bem a primeira aproximação, esboçaram uma boa cortina defensiva que bloquearam perfurações dos Bulls, para além de uma pressão alta e altamente agressiva, mas cometeram demasiadas ilegalidades na disputa no ruck ou na abordagem do placador… e os Bulls foram demasiado previsíveis no ataque, apesar da paciência demonstrada no trabalho físico.

Um bom clássico sul-africano para animar uma 11ª ronda”pouco” espectacular.

STATEMENT EM WELLINGTON: HURRICANES DESTROEM A CONFIANÇA CHIEFIANA

Jordie Barrett voltou a aparecer (será que vai a tempo de conquistar um lugar no XV dos All Blacks?), Beauden Barrett deu um recital, Ardie Savea foi destrutivo e TJ Perenara liderou com alta capacidade, num dos melhores jogos dos Hurricanes desta temporada, que culminou num 47-19 ante os “desolados” Chiefs.

Era um dos encontros mais aguardados da 11ª ronda do Super Rugby e acabou por ter alguns momentos de grande nível, como o 2º ensaio de Jordie Barrett… o multidisciplinar 3/4’s agarrou a oval do ar e simplesmente desatou a correr… slalomhandoff, ataque ao espaço e finta de passe… ensaio. Simples, fácil, espectacular e entusiasmante dando uma dimensão superior aos Hurricanes, quando nem estavam a controlar a posse da oval.

Os Chiefs foram pouco expressivos com a bola nas mãos, com Marty McKenzie a precisar de outra ajuda que nunca chegou (nem com a entrada de Stephen Donald melhoraram), ficando Solomon Alaimalo longe de ter mais poder de incisão nos últimos 22 metros, apesar dos 100 metros conquistados e 3 quebras-de-linha somadas, a maioria realizadas dentro do seu próprio território. Sem Damian McKenzie perdem aceleração, poder de rasgo e aquela fantasia que tira os adversários da sua zona de conforto.

Com Beauden Barrett a dar uma lição na posição de 10, Jordie Barrett a “desancar” na conquista de metros, Ardie Savea a imperar no breakdown (4 turnovers demonstram o impacto do asa na abordagem de defesa e reacção ao placador) os Hurricanes foram se agigantando e mostraram, novamente, o seu melhor rugby em 2019.

Conseguirão fazer uma recta final de época imaculada?

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Handré Pollard (Bulls) – 13 pontos (2 conversões e 3 penalidades 90% eficácia)
Melhor Placador: Marnus Schoeman (Lions) – 20 placagens (100% eficácia) e 1 turnover;
Melhor Marcador de Ensaios: Sevu Reece e George Bridge (Crusaders), Jordie Barrett (Hurricanes), Tevita Li (Highlanders),
Melhor Marcador de Pontos: Josh Ioane (Highlanders) – 15 pontos (1 ensaio e 5 conversões);
O Rei das Quebras-de-Linha: Sevu Reece (Crusaders) – 5 (10 defesas batidos);
O Jogador-Segredo: Asafo Aumua (Hurricanes) – 1 assistência, 17 placagens, 2 turnovers e 1 defesa batido;
Lesionado preocupante: Ryan Crotty (Crusaders) – concussão;
Melhor Ensaio: George Bridge (Crusaders) vs Lions: turnover e saem a jogar dos 22 metros… mas Ardie Savea (Hurricanes) também marcou um igual!


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS