3 Pontos do SR 2019 Playoff: Jaguares históricos e sem surpresas neozelandesas
HISTÓRIA FEZ-SE EM BUENOS AIRES PARA OS JAGUARES APESAR DA “MONSTRUOSIDADE” DEFENSIVA DE CANE
E aí estão os Jaguares a fazer história com a qualificação para as meias-finais do Super Rugby três edições depois de terem feito a estreia na competição! Depois de nada lhes ter corrido bem em 2016 ou 2017 e de uma grande e significativa melhoria em 2018, é agora em 2019 que a franquia argentina vai ter uma palavra a dizer e agora só está a um jogo de chegar a uma improvável final, se pensássemos como candidato no início de época.
Depois de terem perdido Mario Ledesma para a selecção da Argentina era difícil que Gonzalo Quesada conseguisse continuar o mesmo crescimento, até porque viria-se privado em 2019 de Nicolas Sanchez ou Facundo Isa, dois dos nomes mais sonantes dos Pumas dos últimos cinco anos. Contudo, e contra todas as expectativas, os Jaguares não só foram derrotando várias equipas “impossíveis”, caso da vitória em Wellington frente aos Hurricanes, como mostraram um rugby carregado de confiança, domínio e com um acreditar fenomenal que possibilitou derrotar os Chiefs nos quartos-de-final.
Não foi uma exibição perfeita, um pouco longe disso, mas foi completa com uma defesa colectiva intransponível especialmente nos 22 metros, oferecendo sérias dificuldades aos Chiefs em termos de como “desbloquear” a área de ensaio argentina. Foi um jogo duro, intenso sem grandes momentos de espectáculo, mas teve todos epítetos para ser lembrado como um daqueles encontros disputados até ao sopro final.
Na ausência de Sanchez ou Isa surgiram Desio e Bonilla, numa revitalização da equipa que tem sido liderada por um extraordinário Pablo Matera, talvez um dos melhores 5 jogadores do Super Rugby 2019, que foi responsável por um ensaio marcado e uma assistência na vitória história por 21-16 em Buenos Aires. Até onde podem ir os Jaguares?
THE MO’UNGA & HAVILI SHOW
Depois de uma primeira-parte muito dividida e que abria esperança para os Highlanders conseguirem a improvável conquista de uma vaga nas meias-finais às custas dos Crusaders, lá surgiram os bicampeões do Super Rugby na 2ª parte a demolir, dominar e a demonstrar porque são a melhor equipa do Super Rugby.
A velocidade de jogo imposta por Richie Mo’unga foi delicerante, bem apoiada por Jack Goodhue (será o melhor centro da Nova Zelândia neste momento) ou Dave Havili, com este trio de velocistas-mágicos-perfuradores a abrirem espaços na defesa contrária, sem que Aaron Smith conseguisse levar os seus colegas de equipa a amparar rapidamente estes golpes sofridos.
Mo’unga foi responsável por 23 pontos num jogo (igualando o feito de Dan Carter como o jogador dos Crusaders com mais pontos num jogo a eliminar do Super Rugby) para além de uma assistência, sendo que a avançada comandada por Kieran Read, Matt Todd, Samuel Whitelock e Scott Barrett foi totalmente inteligente e dominadora em termos de conseguir extrair um avanço no terreno sempre natural e pujante, em especial nos segundos 40 minutos.
Os Crusaders foram mestres daquilo que sabem melhor fazer: forçar o erro do adversário (como aconteceu no 2º ensaio), rápido contra-ataque e ainda uma maior rapidez das linhas de ataque a disponibilizarem-se como soluções, velocidade e certeza do que fazer no momento em que vão ao contacto, aceleração… ensaio. Com um bloco de 8 avançados dominadores, um abertura genial e um par de centros que “só” sabem jogar juntos de uma forma extraordinária ficou tudo muito simples para os Crusaders derrotarem os Highlandrs por 38-14 na chegada às meias-finais.
PETER SAMU A AMEAÇA RUIDOSA ENTRE O CAPRICHO DE LEALI’IFANO
Foi talvez o melhor reforço da época por entre todas as equipas do Super Rugby, já que Peter Samu desde que aterrou em Canberra tem sido decisivo em vários parâmetros do jogo: 90% de eficácia na placagem (130 placagens e 18 falhadas), bom “ladrão” no breakdown (não é um David Pocock mas conseguiu 8 turnovers nesta primeira época nos Brumbies), 5 ensaios, 4 assistências para ensaio, 600 metros percorridos com a bola nas mãos, 10 quebras-de-linha (um dos melhores avançados nestes termos), entre outros dados, que demonstram a importância de Samu para a franquia australiana.
Na vitória de 38-13 ante os Sharks, o asa/nº8 marcou dois ensaios, percorreu quase 100 metros no terreno, pelo caminho foi responsável por três quebras-de-linha e seis defesas batidos, para além de ter comandado os seus oito homens da “artilharia pesada” com uma total assertividade que mereceu rasgados elogios por parte de David Pocock no final do encontro.
Não há dúvida que grande parte da “respiração” que os Brumbies têm vem da parte de jogadores como Peter Samu, Thomas Banks, Tevita Kuridrani, Rory Arnold, Sam Carter ou o impressionante Christian Leali’ifano, que depois de recuperar da leucemia não só conseguiu voltar a jogar mas afirmar-se como o 2º melhor médio-de-abertura desta época das franquias australianas.
Os Brumbies não jogam um rugby emocionante, de contínuo ataque de risco e de tentativa de fazer espectáculo a cada nova bola, procuram sim operacionalizar e aproveitar cada metro conquistado como um momento de apostar numa jogada curta ou simples para depois meter a oval em velocidade nas mãos de Banks, Speight ou Samu ou apostar numa entrada em rompante de Kuridrani, Carter, Fainga’a, naquele que é o tipo de jogo mais humilde mas talvez com mais querer das quatro equipas finalistas desta época.
O Jaguares-Brumbies da próxima semana vai ser talvez o jogo mais interessante de ver, pois duas equipas querem mostrar que a improbabilidade do início da época seja completamente ridicularizada, já que ambas as franquias mereceram tudo o que tiveram nesta temporada!
OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA
Melhor Chutador: Richie Mo’unga (Crusaders) e Christian Leali’ifano (Brumbies) – 13 pontos (5 conversões e uma penalidade) e 100% eficácia
Melhor Placador: Sam Cane (Chiefs) – 20 placagens e 2 turnovers
Melhor Marcador de Ensaios: Richie Mo’unga (Crusaders), Salesi Rayasi (Hurricanes), Peter Samu (Brumbies) e Cornal Hendricks (Bulls) – 2 ensaios
Melhor Marcador de Pontos:Richie Mo’unga (Crusaders) – 23 pontos
O Rei das Quebras-de-Linha: Ander Esterhuizen (Sharks), Richie Mo’unga (Crusaders) e Henry Speight (Brumbies) – 3 quebras-de-linha
O Jogador-Segredo: Salesi Rayasi (Hurricanes) – 2 ensaios, 2 quebras-de-linha, 3 defesas batidos, 90 metros conquistados;
Lesionado preocupante: Nada a apontar
Melhor Ensaio: Richie Mo’unga (Crusaders) vs Highlanders: o 2º ensaio dos bicampeões demonstra tudo aquilo que esta equipa é capaz!