3 destaques/detalhes da 3ª ronda das Seis Nações 2023

Francisco IsaacFevereiro 26, 20234min0

3 destaques/detalhes da 3ª ronda das Seis Nações 2023

Francisco IsaacFevereiro 26, 20234min0
Só a Irlanda pode sonhar com o Grand Slam, e Francisco Isaac conta-nos como foi mais uma jornada destas Seis Nações 2023

Só a Irlanda pode fazer o Grand Slam, uma vez que a Escócia patinou em terras gaulesas, tendo sido superada pela França num jogo marcado por dois cartões vermelhos e uma intensidade insana, que acabou por fechar em beleza mais uma jornada destas Seis Nações 2023, com estes a serem os nossos  3 destaques da jornada.

O MPV: FREDDIE STEWARD O “REI” DOS CÉUS

Jogo por vezes demasiadamente maçador e caótico, mas esperado, pois tanto o País de Gales (passou por umas últimas duas semanas trágicas, com potenciais greves de jogadores, demissões administrativas e notícias de emagrecimento no investimento nas regiões e franquias) como a Inglaterra atravessam um período de reestruturação, com a Selecção da Rosa a parecer estar mais perto daquilo que realmente procura implementar para o Campeonato do Mundo deste ano.

Com Owen Farrell de volta no papel de construtor de jogo, e uma parelha de centros que oferece alta competência táctica e uma fisicalidade q.b., a Inglaterra forçou os seus rivais galeses a soltar a oval ao pé, esperando que o três-de-trás inglês captasse e criasse situações de perigo, tendo sido Freddie Steward fundamental para que tudo resultasse da melhor forma possível, com o defesa a captar 13 bolas do ar, não realizando qualquer erro, e a conquistar 500 metros ao pé e 95 à mão, para além de uma assistência e duas quebras-de-linha. Segurança total na defesa e recepção de bola, laivos de genialidade na saída ao pé e capacidade de coordenar a equipa, resultando numa das melhores exibições da temporada de um jogo das linhas-atrasadas nestes Seis Nações 2023.

O MOMENTO: RAMOS PARA A INTERCEPÇÃO!

França e Escócia ofereceram um espectáculo agradável aos adeptos que estiveram no Stade de France, num duelo que teve dois cartões vermelhos nos primeiros 40 minutos e um total de sete ensaios, com alguns brindados por centelhas de brilhantismo ou… esperteza, como a intercepção de Thomas Ramos! O defesa foi dos melhores em campo numa tarde em que a França voltou às vitórias depois de consentir uma derrota na ida até Dublin, com mais de 100 metros de conquista e uma mão-cheia de quebras-de-linha ou detalhes técnicos soberbos, que influenciaram positivamente os Les Bleus de Fabien Galthié.

Mas vamos até ao momento do encontro para não perder mais tempo: a Escócia procurava os seus primeiros pontos no jogo, depois de um início de encontro minimamente preocupante, tentando aproveitar o facto de estarem em igualdade numérica, fruto do vermelho de Mohamed Haouas. Finn Russell e Stuart Hogg iam esticando as linhas de ataque e, de repente, surgiu uma boa oportunidade à ponta… Russell pede a oval e atira aquilo que parecia um passe bem medido na direcção de Duhan Van der Merwe, mas a oval nunca chegaria às mãos do ponta.

Thomas Ramos surgiu em máxima velocidade e “roubou” sem dor nem perdão, sprintando de forma imparável até colocar aquele que seria o 3º ensaio da França no encontro, aumentando a vantagem de 12 para 19, que acabaria por ficar em 21. Esta margem acabou por ser preciosa para os ainda campeões das Seis Nações garantirem o ponto-de-bónus ofensivo e, deste modo, ainda estarem na corrida pela revalidação do campeonato!

O AVISO: SITUAÇÃO ACTUAL GALESA DEVE SERVIR DE ALERTA

Pode não ser um tema directamente associado ao que se passou dentro de campo, mas é fulcral falar dele de forma sucinta: o estado das finanças do País de Gales, e a postura da administração que gere os destinos do rugby galês são sinais de necessidade de mudança na modalidade. Os jogadores profissionais e semiprofissionais têm sido vítimas de um abuso constante, com promessas de renovação de contratos e melhorias salariais que nunca chegaram, com a administração a optar por investir numa unidade hoteleira que não é visto como um bem de necessidade máxima ou investimento “salvador” para o futuro do País de Gales.

Não só isto, como as várias denúncias de ambiente de trabalho tóxico ou de assédios sexuais e físicos, que uma certa parte da elite do rugby galês tem tentado esconder, são alguns dos outros sinais de que algo está profundamente errado numa das principais nações da modalidade. Estas Seis Nações 2023 estão a ser desoladoras para os Dragões Vermelhos tanto dentro como fora do relvado, e apesar das melhores intenções de Warren Gatland, dificilmente teremos um País de Gales de qualidade no próximo Campeonato do Mundo.


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