3 Destaques da Final do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMaio 8, 20216min0

3 Destaques da Final do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMaio 8, 20216min0
Temos novo campeão na Austrália com os Reds a superarem os Brumbies num final de jogo emocionante do Super Rugby AU! Fica a saber o que se passou

Os Reds imperam agora na Austrália depois de 5 loucos minutos finais em que a franquia de Queensland foi capaz de conquistar a vitória e chegar ao título do Super Rugby AU 2021, como explicamos neste artigo de análise desta super competição.

O DESTAQUE: REDS

De uma equipa desmoralizada e completamente sem rumo em 2016 (lutava para não ser uma das piores franquias do Super Rugby) para campeões do Super Rugby AU em 2021, da ausência de liderança e grandes referências para um elenco que tem servido de inspiração para parte da estrutura actual dos Wallabies, este foi o caminho trilhado pelos Queensland Reds, os novos detentores do troféu e a formação com mais vitórias nesta temporada (menos uma derrota que os Crusaders). Brad Thorn entrou nesta franquia australiana em 2018 e pediu largos poderes para iniciar a sua pequena-grande revolução, que acabou por atingir algumas das principais referências como Quade Cooper ou Jono Lance, argumentado que para encontrarem um rumo mais auspicioso e de luta pelos lugares cimeiros da maior competição de franquias do Hemisfério Sul teriam de fazer decisões difíceis, a começar pela saída de “lendas” e acreditar na nata de atletas da região de Queensland.

Ao fim de quatro árduas épocas, os Reds dominaram os seus rivais australianos, assumiram o 1º lugar na fase-regular e foram ao fundo do “poço” de modo a retirarem as forças necessárias para operarem uma reviravolta nos últimos momentos da final, depois de terem estado a poucos minutos de perderem essa oportunidade. O acreditar nas suas competências, a irascibilidade, a confiança em cada um dos seus jogadores como aconteceu com Taniela Tupou, que antes de fazer aquele pick and go que desembocou no ensaio de James O’Connor tinha feito uma penalidade evitável, e o domínio na formação-ordenada foi o suficiente para atingirem um objectivo declarado em 2020.

Num encontro de largo sofrimento, em que os Brumbies podiam ter resolvido nos primeiros 15 minutos da segunda-parte, os Reds sustiveram o nervosismo e começaram a procurar o seu ADN actual, com excelentes turnovers conseguidos no breakdown (Fraser McReight começa a ganhar nome neste parâmetro), manobragem da oval com qualidade e de constante avanço sobre a linha-de-vantagem, e aquele sentido de arriscar quando a maioria das equipas apostaria noutro tipo de plataforma de ataque.

São os novos e resolutos campeões do Super Rugby AU e merecem-no pela excelente época rubricada em 2021.

O “DIAMANTE”: JAMES O’CONNOR (REDS)

Há quem goste de dizer que o ensaio da vitória e a ajuda preciosa na conquista do Super Rugby AU 2021 foi uma espécie de redenção de James O’Connor, quando essa acção tinha sido já cumprida em 2020, altura em que voltou e tratou de começar a dar outra dimensão a uma franquia à procura do rumo das vitórias, sendo consecutivamente um dos melhores jogadores quer dos Reds ou do Super Rugby AU, valendo-lhe a convocatória para os Wallabies.

A exibição de O’Connor nesta final tem de se dividir em duas partes, com a primeira a ser de menor fulgor técnico e pouca presença defensiva, onde chegou a dar demasiado espaço aos Brumbies para atacarem pelo seu canal de defesa, naquele período de tempo em que os Reds pareciam estar a serem engolidos pelos seus arquirrivais das duas últimas temporadas. A segunda parte da exibição do médio-de-abertura coincidiu com a subida de rendimento da franquia de Queensland, subindo com mais certeza no terreno e sempre na procura de arriscar linhas-de-ataque diferentes, com o próprio James O’Connor a explorar oportunidades e a querer conquistar metros, iniciando duas das melhores jogadas de todo o encontro.

O ensaio já muito para lá da hora de jogo foi o coroar de uma exibição que poderia ter sido de soberba excelência, caso não tivesse falhado aquele pontapé de penalidade, conseguindo ser ele o responsável por 19 pontos numa final, um registo digno das maiores lendas do rugby australiano e do Hemisfério Sul.

O “DIABRETE”: BRUMBIES E UM PROBLEMA DISCIPLINAR DE GRAVIDADE MÁXIMA

20 penalidades, 10 delas nos últimos 10 minutos, demasiada “guerra” verbal e física desnecessário para com os seus adversários, que só ajudou aos Reds crescerem no encontro, motivando-os a recuperar da desvantagem e a chegar à vitória nesta final do Super Rugby AU. A equipa mais experiente, concentrada e focada das últimas três épocas do rugby australiano acabou por sucumbir a uma presença de espírito negativa e uma vontade de criar problemas em momentos que não eram precisos, expondo assim o flanco quando necessitavam de postular paciência e um cariz moderado e inabalável, com nem Alan Alaalatoa, Tom Banks, Irae Simone ou Nic White conseguiram evitar.

As ausências de Pete Samu e James Slipper (ambos por lesão) colocou alguns problemas no que toca à gestão das emoções e do controlo de jogo, com os atletas mais jovens a caírem numa série de conflitos físicos e mentais que só resultaram numa constante perturbação na construção de fases e processos, retirando-lhes aquela confiança demolidora vista em tantas outras ocasiões. Rob Valentini, o polivalente 3ª linha, Darcy Swain ou Nick Frost conseguiram estar no pior e melhor dos Brumbies, de conquista de metros e excelentes placagens para penalidades escusadas no jogo no chão, de empurrões e desnorte nas fases-estáticas (o último alinhamento que acabou por devolver a bola aos Reds é um erro crasso num momento que decidiu a final), com esta transição comportamental a não ser normal nos Brumbies.

Final perdida, depois de terem estado na frente do resultado durante 70 minutos, mas totalmente justo para os Reds, pois foram a equipa que mais se preocupou em dar “vida” ao jogo, enquanto os Brumbies sucumbiram em penalidades, erros comportamentais e outras questões que não eram esperadas do campeão em título.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): James O’Connor (Reds) – 19 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Reds – 19 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Tom Banks (Brumbies) e James O’Connor (Reds) – 1
Melhor placador: Fraser McReight (Reds) – 16 placagens (0 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Tom Banks (Brumbies) – 50 metros conquistados, 1 ensaio, 2 quebras-de-linha e 3 defesas batidos


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