3 Destaques da 7ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacAbril 12, 20216min0

3 Destaques da 7ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacAbril 12, 20216min0
Golden Point foi o detalhe desta 7ª jornada do Super Rugby Aotearoa 2021 e Francisco Isaac explica se foi justo ou não a entrada desta factor nos jogos

Golden Point entrou em funções na 7ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021, salvando dos Crusaders de um empate inesperado em Wellington, e elevando aos Chiefs à 3ª vitória da temporada, sonhando agora com uma possível final nesta temporada. Os destaques da antepenúltima jornada da competição neozelandesa de franquias.

O DESTAQUE: GOLDEN POINT

Dois jogos e dois golden points, e, curiosamente, ambos foram ganhos pela formação visitante que deixou um sabor amargo aos adeptos dos Highlanders e Hurricanes, com estes últimos a poderem reclamar da falta de sorte (ou azar). No Highlanders-Chiefs o encontro foi decidido por um pontapé de mais de 50 metros de Damian McKenzie, colocando o fantástico defesa novamente como decisor pela 3ª vitória consecutiva da sua equipa esta temporada, isto depois de terem estado sempre na frente do resultado, com estes 4 pontos a não serem uma injustiça total, apesar da estrondosa reação dos Highlanders. O mesmo não se pode dizer do que se passou entre Hurricanes e Crusaders, pois a equipa da casa esteve a ganhar durante 40 minutos naquilo que começava a parecer a segunda derrota dos campeões do Super Rugby Aotearoa 2020, prometendo uma reviravolta na classificação nas próximas semanas.

Contudo, e como tem sido regra nestes Crusaders de Scott Robertson, quando há espaço para recuperar de uma desvantagem e desferir um golpe frio e letal, são a equipa idílica para tornar essa combinação de factores em realidade, como se viu por aquele drop final de David Havili que apareceu quase do nada. Depois de 80 minutos extremamente emotivos, em que Julian Savea voltou a marcar ensaios e Willl Jordan rubricou uma daquelas exibições extraordinárias, ficando ainda a nota das 25 placagens de Codie Taylor sem falhar nenhuma, um empate a 27 pontos era um cenário justo e que recompensava a prestação inesperada dos Hurricanes.

A introdução do Golden Point veio no sentido de colocar uma espécie de ponto de final nos empates, um resultado que parecia não agradar a nenhum dos lados na teoria, sendo que na prática acabava por ser mais justo para o esforço realizado pelas ambas equipas. Os Hurricanes podiam ter tirado pontos aos Crusaders, permitindo aos Blues sonhar com um possível 1º lugar nesta fase-regular, mas agora vêem-se em último lugar quando até podiam ter se aproximado do segundo.

O “DIAMANTE”: WILL JORDAN (CRUSADERS)

Ao fim de alguns jogos, finalmente Will Jordan apareceu no seu total esplendor máximo com uma quantidade estonteante de metros conquistados (quase 170), abrindo espaços, linhas-de-ataque e oportunidades para os Crusaders chegarem à tão desejada área-de-validação, tendo o defesa feito duas assistências para os primeiros ensaios. A leitura rápida dos comportamentos defensivos dos Hurricanes foi sentida desde o arranque do encontro, criando dificuldades de posicionamento de Jordie Barrett e Ngani Laumape, com estes dois a terem de reforçar e redobrar a atenção em cada nova intervenção do nº15 dos saders, com ainda Jordan a criar problemas através do jogo ao pé, detalhe em que esteve alguns furos acima de Richie Mo’unga.

A instabilidade na movimentação da oval em certos momentos do encontro, acabou por impor algumas restrições ao nº15 que teve de optar por uma postura mais cirúrgica, corrigindo as falhas colectivas com bons pormenores na gestão e conservação da bola, sem se deixar intimidar pela fisicalidade agressiva do três-de-trás dos seus rivais de Wellington. A qualidade do três-de-trás dos Crusaders fez-se sentir e foi um elemento decisivo para conquistarem uma vitória que chegou pelos pés de David Havili.

Metros, metros e metros que suscitaram oportunidades ofensivas espectaculares, pulsando um ritmo transcendente e que acabou por se transformar em ensaios aos detentores do título do Super Rugby Aotearoa, esperando-se que mantenha este virtuosismo de agora em diante,

O “DIABRETE”: O STANDARD DA ARBITRAGEM NEOZELANDESA

Se no 1º ensaio dos Crusaders é discutível se houve passe para a frente ou não por parte de Will Jordan, já no segundo e terceiro não há grande espaço para debate, uma vez que é nítida a linha da bola entre o transmissor e o receptor, com Paul Williams e o TMO a ficarem mal vistos na fotografia, mesmo depois de terem consultado o replay e que acabou por dar uma “ajuda” neste encontro do Super Rugby Aotearoa. Não é a primeira vez que este juiz de jogo comete um erro crasso em jogos deste nível, tendo já sido repetidamente criticado quer pelo mau posicionamento que apresente em certos lances ou a incapacidade para segurar jogos mais intensos e “agressivos”, perdendo rapidamente o controlo, seguindo-se um somar de erros controversos uma e outra vez.

A Nova Zelândia é inegavelmente um dos centros principais de produção de atletas, técnicos e dirigentes de alto nível no rugby mundial, exportando vários dos seus talentos para os seus parceiros do Hemisfério Sul ou os do Norte, impondo-se como o produto prime que tudo e todos querem adquirir. Porém, no que toca ao desenvolvimento de árbitros competentes e com capacidade para liderar jogos do princípio ao fim (ou na maior parte do tempo), a federação neozelandesa tem revelado uma total inaptidão para tal, lançando juízes de jogo pouco preparados para encontros onde se denote um tom emocional superior, carecendo de uma atitude mental estável e equilibrada que possa ajudar aos jogadores perceber que estão em bons mãos ou, pelo menos, que serão guiados no sentido de um jogo positivo e imparcial.

Glen Jackson, que se retirou em 2020 sem ter tido a oportunidade de ir a último Campeonato do Mundo quando o merecia, foi o último árbitro de qualidade produzido pela superpotência da oval, lançando assim uma sombra de dúvida sobre a competência da Federação Neozelandesa de Rugby ter ou não maturidade suficiente ou o financiamento certo alocado para o elemento que faz o jogo acontecer. Árbitros pouco preparados ou que cometem os mesmos erros ao fim de três temporadas podem significar um retrocesso para quem joga e treina, submetendo o rugby local a uma estagnação na qualidade de jogo e a um subir de um factor indesejado no desporto mundial, que é o sentimento de injustiça, um elemento já bem presente no discurso de alguns atletas e técnicos, sem falar de quem assiste aos jogos na bancada.

Ver minuto 1:17 ou 5:13

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Damian McKenzie (Chiefs) – 16 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Crusaders – 30 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): George Bridge (Crusaders) – 2
Melhor placador: Codie Taylor (Crusaders) – 25 placagens
Maior diferencial no ataque (jogador): Will Jordan (Crusaders) – 167 metros conquistados, 3 quebras-de-linha, 3 defesas batidos e 2 assistências


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS