3 Destaques da 6ª semana dos British and Irish Lions 2021

Francisco IsaacAgosto 1, 20218min0

3 Destaques da 6ª semana dos British and Irish Lions 2021

Francisco IsaacAgosto 1, 20218min0
Os Lions caíram e as Series estão empatadas, lançando a emoção ao seu expoente máximo. Os destaques e notícias da 6ª semana dos BIL no tour

Está tudo empatado nas series entre British and Irish Lions e Springboks, em virtude da vitória dos campeões do Mundo por 27-09, oferecendo assim um 3º jogo decisivo no próximo fim-de-semana! Depois de uma semana muito “quente”, contamos a principal notícia, revelamos a nossa análise ao jogo e deixamos um alerta importante.

A NOTÍCIA DE ABERTURA: AS SERIES 2021 PODEM MUDAR O RUGBY?

Durante 5 dias consecutivos, a arbitragem de Nic Berry foi o centro das atenções, com um ataque cerrado por parte de vários membros afectos ao rugby sul-africano, que culminou com um vídeo de uma hora de críticas da autoria de Rassie Erasmus, contaminando por completo as series entre Springboks e British and Irish Lions. Nesse vídeo de sessenta minutos, o director de rugby da selecção sul-africana, lançou críticas, fomentou dúvidas de honestidade e ainda cativou suspeitas de que o juiz de jogo australiano desrespeitou Siya Kolisi por razões não explicadas, ficando no ar uma acusação de racismo, o que só ajudou a criar um sentimento de revolta total ficando bem vincada neste 2º encontro.

O vídeo de Rassie Erasmus foi completamente diferente do que tem sido hábito por parte de treinadores/seleccionadores, optando por publicá-lo nas redes sociais de forma a chegar a mais pessoas do que invés manter tudo “em casa”, ou seja, só mostrar e discutir com a World Rugby, distorcendo sequências de jogo para encaixarem na narrativa desejada. A pressão realizada por parte da equipa técnica dos Springboks prejudica/prejudicou claramente o trabalho do quarteto de árbitros designado para esta série de três jogos, com Ben O’Keefe a ter revelado alguns problemas em tomar acções mais pesadas para com acções graves por parte de jogadores das duas equipas, a começar pelo derrube que Conor Murray foi vítima após Cheslin Kolbe ter surripiado o seu adversário do ar, com o irlandês a cair de cabeça, o que poderia forçar um cartão vermelho de acordo com o framework disciplinar.

Erasmus, no vídeo em causa, disse que se demitia do cargo caso a federação sul-africana sofresse algum tipo de repressão por parte da World Rugby, sem deixar de dizer que a África do Sul é tratada de forma injusta pelas forças dirigentes da modalidade, naquilo que terá de ser visto como um discurso de “nós contra o Mundo”, algo problemático para o futuro do rugby.

O 2º encontro já terminou, Ben O’Keefe realizou um encontro mais pacífico que Nic Berry, mas notou-se uma predisposição para não puxar do apito em certos momentos do encontro, que acabaram por ditar o resultado final, para além de ter deixado o jogo ser paralisado constantemente pela hoste sul-africana (os jogadores estiveram duas horas no relvado).

A ANÁLISE AO JOGO: BOKS GANHAM O BRAÇO DE FERRO… NO FERRO

Duas partes “iguais” na forma de se jogar, mas que terminaram com resultados diferentes e que acabaram por mostrar algumas falhas ou problemas dentro da táctica idealizada por Warren Gatland para este segundo encontro das series. A entrada de Conor Murray e Chris Harris no XV invocava um pedido por optarem pelo jogo ao pé do que invés de tentarem jogar ou fazerem a oval circular, pois foi neste ponto (para além das fases-estáticas) que os Lions tiraram maiores dividendos no 1º test match, criando sucessivas dificuldades de captação de bola nos seus adversários no qual era seguido por um extraordinário trabalho no breakdown por parte dos seus principais “jacklers”, Maro Itoje, Courtney Lawes, Jack Conan ou Robbie Henshaw.

Se durante os primeiros 30/35 minutos esta estratégia correu bem, nos 5 minutos finais da 1ª parte e nos 40′ da segunda-parte foi o exacto oposto, muito graças à resposta à altura por parte de Handré Pollard e Willie Le Roux nos pontapés altos, que foram na direcção de uns nervosos Anthony Watson (2 erros no ar), Duhan Van der Merwe (3 erros) e Stuart Hogg (2 erros), que nunca conseguiram receber a bola em condições, tornando toda a contrarresposta dos turistas num engasgar completo que alimentou animicamente e tacticamente os Springboks.

Os sul-africanos apalparam terreno durante a primeira hora do encontro na expectativa de os Lions trazerem algo de diferente, especialmente na circulação de bola e no risco de assumir construir sequências de ataque de rugby expansivo, para aproveitar a maior lentidão de algumas unidades do Springboks, mas quando notaram que a estratégia do encontro anterior estava em completa prática (senão até mais exagerada, pois os pontapés quase que duplicaram), entraram no ritmo e optaram por fazer exactamente o mesmo, esperando por ter uma resposta mais agressiva ou física na contrarreação ao seu pontapé táctico, seja por criar pressão ao potencial saltador, placando-o de modo que o conseguissem virar e garantir um turnover ou forçar um erro e conquistar uma formação-ordenada.

O trabalho de Willie Le Roux, Makazole Mapimpi, Cheslin Kolbe (melhor no jogo sem bola do que com ela nas suas mãos), Jasper Wiese ou Franco Mostert (exibição de excelência do 2ª linha) foi decisivo para que o domínio dos Lions da 1ª parte “morresse” logo ao início da 2ª metade do encontro, iniciando-se assim uma operação estratégica demolidora que passou de um resultado de 06-09 para 27-09.

Nas fases-estáticas, os Lions até começaram bem melhor, com dois roubos nos alinhamentos, mauls a avançar, destruindo, pelo caminho, os dos seus adversários e com uma formação-ordenada contrária ganha, só que por volta dos 28 minutos tudo mudou, quando Maro Itoje decidiu num alinhamento a 5 metros optar por uma bola no último saltador, perdendo-a no ar e dar uma espécie de bitola motivacional aos Springboks, tendo sido um momento decisivo na luta pelo domínio dos avançados.

Warren Gatland apostou no jogo ao pé ao quadrado, quis uma equipa mais de contrarresposta e de contra-ataque sem bola, na procura de forçar erros no ar ou chão dos campeões do Mundo, mas no fim terminou com um resultado completamente vexatório e que vai impor mudanças drásticas na estratégia para o 3º encontro.

O ALERTA: QUEM VAI ACABAR CITADO?

Vai ser uma semana muito dura para alguns jogadores quer dos Springboks ou Lions, já que poderão ficar de fora devido a questões disciplinares, isto devido a agressões decorridas durante o 2º encontro entre estas duas selecções. Quem podem ser esses nomes? Cheslin Kolbe, Faf de Klerk, Maro Itoje, Stuart Hogg ou Damian de Allende. Kolbe recebeu um amarelo numa situação de jogo que em jogos anteriores resultaram em cartões vermelhos e suspensões mínimas de dois encontros, isto de acordo com o framework aplicado nessas situações. Faf de Klerk com duas entradas de ombro sem intenção de placar, também pode ser “vítima” desta comissão disciplinar, enquanto Maro Itoje e Damian de Allende envolveram-se numa disputa grave, com o 2ª linha a colocar o joelho no pescoço/peito do sul-africano, respondendo este com uma salva de punhos cerrados no corpo do atleta dos Lions.

A semana de pré 2º test match desembocou neste tipo de acções, de um incendiar dos espíritos de “guerra” e de uma fisicalidade extremada que resvalou para agressões “baratas” e acções agressivas desmedidas, que podiam ter colocado em risco a carreira de vários dos atletas envolvidos. Rugby é um jogo de contacto agressivo e violento, não significando isto que as agressões e actos de violência gratuita tenham lugar na modalidade, assim como o exaltar de uma resposta desproporcional.

OS STATS QUE NOS INTERESSAM

Maior marcador de pontos: Handré Pollard – 22 pontos
Maior marcador de ensaios: Makazole Mapimpi (África do Sul) e Lukhanyo Am (África do Sul) – 1 ensaio;
Jogador com melhor dados no(s) jogo(s): Siya Kolisi (África do Sul) – 22 metros, 2 turnovers, 13 placagens (2 falhadas) e 2 defesas batidos
Lesão preocupante: Pieter Steph du Toit (África do Sul) – suspeitas de uma rotura muscular na virilha (3 a 6 semanas);
Jogador que surpreendeu: Lood de Jager (África do Sul) – entrou do banco de suplentes e fez a diferença em todos os parâmetros de jogo


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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