3 Destaques da 6ª ronda do The Rugby Championship 2021
Está fechado, o The Rugby Championship 2021 acabou com os Springboks a derrotar os All Blacks e impedir que os seus arquirrivais terminassem a competição só com vitórias, num dos jogos mais emotivos dos últimos anos, enquanto os Wallabies atingiram um registo nunca antes alcançado. Fica a saber os nossos destaques desta jornada da maior competição de selecções do Hemisfério Sul.
O JOGADOR EM ALTA – ANDREW KELLAWAY (WALLABIES)
Hattrick para Andrew Kellaway para fechar uma época no The Rugby Championship sensacional, com 7 ensaios em 6 jogos, somando ainda o título de jogador com mais quebras-de-linha (9), defesas batidos (21) e em 4º lugar na conquista de metros (Samu Kerevi acabou por fechar em 1º lugar com 560), impondo-se como uma peça de alta qualidade neste conjunto dos Wallabies, que terminaram em 2º lugar nesta super competição das principais selecções do Hemisfério Sul.
Na quarta vitória consecutiva da Austrália, uma sequência nunca antes atingida desde que a Argentina passou a integrar a SANZAAR e o The Rugby Championship, o ponta de 25 anos conseguiu aproveitar quase sempre para abrir caminho e furar a linha de defesa dos Pumas, surgindo com elegância e velocidade no apoio ao ataque, onde a combinação com Reece Hodge, Quade Cooper e, principalmente, Samu Kerevi, gerou movimentações ofensivas soberbas e carregadas de magia à la Wallabies, como se mostram pelos dados finais de 620 metros de conquista, 10 quebras-de-linha, 22 defesas batidos, 5 offloads e 5 ensaios.
Andrew Kellaway, como Marika Koroibete, oferece outra linha de ataque, capacidade de explorar com minúcia e eficácia o jogo ao pé, não ficando agarrado à ponta o que permite aos Wallabies procurar opções diferentes no jogo ao largo ou mesmo a seguir a uma fase-estática, aproximando-se do sistema de ataque dos All Blacks neste ponto, e isto só é possível quando há pontas deste nível e inteligência.
Em suma, melhor marcador, penetrador e aproveitador do The Rugby Championship 2021, esse é Andrew Kellaway, a nova coqueluche da Austrália.
Andrew Kellaway is loving life in the green and gold ?
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— Stan Sport (@StanSportAU) October 2, 2021
O COLECTIVO QUE DESILUDIU – ALL BLACKS
Estar a dominar e a ganhar ao intervalo por 20-14 para perder total controlo durante boa parte da 2ª parte, estando depois a 20 segundos de mais uma vitória que fugiu graças a novo erro táctico e de gestão da posse de bola, impondo várias questões à equipa técnica liderada por Ian Foster. Sim, os All Blacks são campeões do The Rugby Championship 2021, foram a equipa que mais ensaios marcou e a que menos sofreu, tendo realizado as melhores exibições durante a competição. Porém, e depois de uma vitória bem suada contra os Springboks na semana passada, a forma como tudo termina vai deixar um amargo muito complicado de gerir para os adeptos neozelandeses, que voltaram a viver com a consequência de não existir um plano de jogo minimamente sério quando são bem pressionados no jogo ao pé, como se viu durante todos os segundos 40 minutos, altura em que Frans Steyn, Elton Jantjies, Handré Pollard e Faf de Klerk mudaram ligeiramente a maneira como e onde colocavam os pontapés, com isto a submeter uma pressão extra nos All Blacks, mal gerida em diferentes momentos.
Veja-se o pontapé de David Havili aos 50 minutos, que deu espaço e tempo a Frans Steyn de apostar num 50/22’s, sendo aí o princípio do ensaio de Makazole Mapimpi e a primeira reviravolta no marcador. O centro podia ter saído a jogar pois tinha espaço no jogo exterior (Beauden Barrett, Jordie Barrett, Rieko Ioane e Sevu Reece), podendo até ficado numa posição de excelência a nível de situação superioridade ofensiva, só que a falta de leitura e a pressa em chutar a oval acabou por criar mais problemas à sua própria equipa que ao bloco contrário.
Os alinhamentos foram instáveis, a falta presença em redor dos rucks criou problemas, existiu falta de vontade em querer ir ao contacto de maneira mais agressiva e dura (só Ardie Savea, Ofa Tu’ungafasi, Nepo Laulala e Jordie Barrett procuraram ter essa atitude) sendo estes alguns pormenores notados nos segundos 40 minutos, depois de uma primeira parte em que souberam lutar contra a maior fisicalidade dos Springboks (ou pelo menos mais expressiva), e isto deverá levar a Ian Foster a analisar bem os próximos passos a dar.
Por fim, o ensaio de Damian De Allende nasce de outro erro gritante de David Havili, pois o centro opta por fazer um passe desnecessário numa situação em que tinham perdido a vantagem em jogar rápido…
LUKHANYO AM THAT IS RIDICULOUS?#RugbyChampionship #RSAvNZL pic.twitter.com/bB50tj5cSz
— Ultimate Rugby (@ultimaterugby) October 2, 2021
ALERTA – CLONEM FRANS STEYN
Tem um só jogador o potencial e a capacidade de mudar o decurso de um encontro? Sim, casos Beauden Barrett, Finn Russell, Siya Kolisi, Richie Mo’unga, Jordan Larmour ou Frans Steyn, como se bem pôde ver na vitória dos Springboks ante os All Blacks no último encontro do The Rugby Championship 2021. O polivalente 3/4’s entrou ao intervalo para substituir Willie Le Roux, necessitando de criar algo de diferente, especialmente na resposta aos pontapés da Nova Zelândia ou mesmo na criação de uma sequência de ataque distinta, numa tentativa de mexer com o jogo e garantir não só o domínio territorial ou de posse de bola, como também o mental e táctico.
A verdade é que mal Steyn começou a ter participação no jogo, tudo se alterou, pois os Boks passaram a ter alguém com capacidade de colocar a oval ao pé em zonas mais complicadas de gerir para os All Blacks, forçando tanto um recuar exponencial aos seus adversários como criiar uma desconexão entre unidades de contra-ataque, com isto a impôr outra resposta no jogo ao pé que acabou por ser sempre deficitária em prol dos homens de Ian Foster.
Dos vários pontapés esboçados por François Steyn, um deles alterou o encontro por completo: o dos 50/22’s. David Havili pontapeou a bola para dentro do meio-campo dos Springboks, com Steyn a recebe-la e rapidamente a devolvê-la, optando por testar a lei dos 50/22’s (ou seja, a equipa que está a atacar se chutar a oval no meio-campo para os 22’s adversários e ela tocar na relva antes de sair, a posse mantém-se de quem estava a atacar) e a conseguir garantir um alinhamento, alinhamento esse que acabaria por desaguar no ensaio de Makazole Mapimpi aos 52. A influência foi directa e durante todo o restante do encontro, sempre que o experiente 3/4’s recebia oportunidade para interagir no jogo, a Nova Zelândia ficava numa situação penosa e sem inteligência táctica para arranjar soluções, acalmar a intensidade e fazer valer da sua velocidade de passe no ataque.
Frans Steyn e Elton Jantjies entraram e mudaram por completo o destino dos Springboks neste encontro de encerramento do The Rugby Championship 2021, mostrando que a estratégia dos campeões do Mundo é a melhor para anular os All Blacks, quando jogada no máximo do seu esplendor.
OS NÚMEROS DA JORNADA
Jogador com mais pontos: Andrew Kellaway (Wallabies) – 15 pontos
Jogador com mais ensaios: Andrew Kellaway (Wallabies) – 3 ensaios
Equipa com mais pontos: Wallabies – 32 pontos
Equipa com mais ensaios: Wallabies – 5 ensaios
Jogador com mais placagens: Michael Hooper (Wallabies) -13 (1 falhada)
Equipa com mais placagens: Pumas – 124 efectivas em 146 tentativas
Frans Steyn feels like a bit of a cheat code for these new kicking laws.
Great 50:22 here to set the platform for the Springboks' 2nd try#RSAvNZL #TRC2021 pic.twitter.com/VhTx3LArC2
— EK Rugby Analysis (@ek_rugby) October 2, 2021