3 Destaques da 6ª ronda do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMarço 27, 20216min0

3 Destaques da 6ª ronda do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMarço 27, 20216min0
Reds e Brumbies mantêm se donos e senhores do Super Rugby AU e explicamos o que se passou por terras australianas nesta 6ª jornada da competição

A 6ª jornada do Super Rugby AU 2021 manteve o domínio dos Queensland Reds e Brumbies na competição, destroçando por completo os seus adversários, neste caso NSW Waratahs e Western Force, estando cada vez mais isolados no topo da classificação. As razões para esta diferença de qualidade e quem foram os melhores jogadores desta fim-de-semana contados neste artigo de análise.

O DESTAQUE: BRUMBIES DOMINAM…E DOMINAM

Um recital de tremendo domínio a todos os níveis por parte dos Brumbies, em especifico na primeira parte, altura em que chegaram a ostentar mais de 65% de posse de bola e 70% do território, quase como acampando dentro do meio-campo da Western Force, com estes a sentirem elevadas dificuldades na gestão da oval ou de conseguirem até respirar, sofrendo uma pressão total e constante por parte dos campeões em título do Super Rugby AU.

Depois de uma semana de paragem, após terem consentido uma derrota no último frente aos Reds, os homens de Dan McKellar não tinham outra hipótese que não mostrar o porquê de serem considerados o alvo a abater da competição, impondo uma fluidez de jogo contínua e soberba, de rápidos desenvolvimentos e decisões, em que se viu uma total harmonia entre a bola na mão ou na aposta do jogo ao pé, com enfoque para Noah Lolesio e Tom Banks nesse departamento, ganhando constantes fases e metros pelo uso efectivo do bloco de avançados. Repare-se que dos 129 transportes de bola realizados pelos Brumbies, só 8 terminaram em erros próprios, com estes números a demonstrarem o quão eficaz foi o ataque dos Brumbies, obtendo logo na primeira-parte uma vantagem de 28 pontos a zero, que até poderiam ter sido mais caso dois dos mauls dinâmicos tivessem chegado a bom porto.

Não tendo nenhum dos jogadores obtido números estratosféricos – e só com um total de 300 metros conquistados -, a exibição colectiva da franquia de Canberra foi sensacional a todos os níveis, com uma maturidade esperada daquele que é, supostamente, o melhor 23 do Super Rugby AU.

O “DIAMANTE”: MACKENZIE HANSEN (BRUMBIES)

Nenhum jogador do Super Rugby AU 2021, até ao momento, participou tanto num jogo em termos de ir ao contacto como Mackenzie Hansen, com o ponta a enfrentar a defesa da Force por 17 ocasiões, somando um total de 70 metros, 4 quebras-de-linha, 2 assistências, 8 defesas-batidos, 6 tackle-busts e 4 offloads. É, no mínimo, surpreendente como o nº11 foi o jogador mais interveniente no encontro, assumindo um papel importante na construção de fases-rápidas com nota máxima para as incursões realizadas após o alinhamento (saltador para o 9 ou 2, com Hansen a surgir no espaço) ou formação-ordenada, o que proporcionou uma profundidade no ataque impactante, quase sempre bem aproveitada e explorada pelos seus pares das linhas atrasadas, como Andy Muirhead e Len Ikitau.

Novamente, não coleccionou assim tantos metros com a bola em seu poder, mas a qualidade como explorou os espaços ou penetrou a linha de defesa e abriu um mundo de opções para a sua equipa manter o pé no acelerador e de continuar a onda de domínio durante a maior parte do encontro. Ter um jogador que à ponta faça a diferença durante todas as suas intervenções atacantes directas é um bem fundamental para garantir uma qualidade alta do rugby contínuo, e Mackenzie Hansen assumiu esse trabalho durante o primeiro jogo da 2ª volta do Super Rugby AU 2021.

Nota para a exibição de Filipo Daugunu, aquele que vem sendo um dos melhores jogadores a jogar na Austrália nos últimos dois anos, que foi o jogador com maior diferencial no ataque da semana… excelente a marcar ensaios, mas ainda melhor a galvanizar o ataque, “comer” metros e a desmontar os placadores adversários.

O “DIABRETE”: DEFESA DOS WARATAHS NEGA QUALQUER HIPÓTESE DE RECUPERAÇÃO

É uma repetição de semanas anteriores, já que os Waratahs voltam a receber o diabrete da jornada, e novamente foi pela atitude e técnica na placagem/defesa, oferecendo um caminho demasiado fácil para o ensaio aos Reds, naquele que é considerado o duelo mais histórico do rugby australiano. Os impressionantes 7 ensaios sofridos são somente ultrapassados pelo número exagerado de 20 quebras-de-linha sofridas, um número recorde da jovem história do Super Rugby AU, e isto revela uma defesa completamente afundada em problemas complicados, denotando-se uma permeabilidade preocupante em que o número de placagens falhadas anda ao redor de uma média de 35 por jogo, ou de uma percentagem de eficácia na ordem dos 78%, sendo extremamente baixa para uma franquia do nível e patamar dos Waratahs.

Veja-se que Carlo Tizzano somou 20 placagens efectivas, falhando umas 5 extra, o mesmo número para Harry Johnson-Holmes, seguindo-se Will Harrison e outros cinco jogadores com 3, entre outros, e isto ajuda a provar que o problema é mesmo geral, agudizando-se principalmente no pós-fase-estática, onde se sente um incremento no nervosismo que é progressivamente ampliado pelo pânico de parar o adversário o mais rápido possível, abrindo falhas em certos sectores. A ausência de estregas de jogo experientes, quer nos avançados , com Hooper e Simmonds por exemo, ou 3/4’s, caso de Bernard Foley ou Rob Horne, destabilizaram por completo a confiança em ter a bola em seu poder como em manter uma certa paciência e calma na hora de defender como um bloco, de suprimir as dificuldades pelo maior atrevimento de quem está do outro lado do campo e de manter um equilíbrio necessário para garantir a melhor execução da estratégia de equipa.

Demasiados erros a defender, excessiva desatenção e desconcentração perante a maior predisposição ofensiva adversária, falta de categoria no saber como lidar com equipas especialistas no handling (caso dos Reds) e uma gaguez contínua que veio para ficar naquela que é uma das franquias de maior sucesso do Super Rugby geral do século XXI.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Alex Mafi (Reds) – 15 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Reds – 46
Melhor marcador de ensaios (jogador): Alex Mafi (Reds) – 3 ensaios
Melhor placador: Carlo Tizzano (Waraths) – 20 (mais 5 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Filipo Daugunu (Reds) – 137 metros conquistados, 3 quebras-de-linha, 11 defesas batidos, 5 tackle-busts e 1 ensaio


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