3 Destaques da 5ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacSetembro 19, 20226min0

3 Destaques da 5ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacSetembro 19, 20226min0
All Blacks e Springboks estão no sprint final para ver quem conquista o título do The Rugby Championship 2022, depois de uma emocionante 5ª ronda

Que emocionante quinta jornada do The Rugby Championship 2022, com os All Blacks a resgatarem a vitória na última bola de jogo (após uma boa, mas discutível, decisão de Mathieu Raynal), e os Springboks a marchar triunfamente na visita aos Pumas, apesar de ainda terem sofrido um ligeiro susto, que contamos neste artigo de acompanhamento à maior competição de seleções do Hemisfério Sul.

MVP: SAMISONI TAUKEI’AHO (ALL BLACKS)

Parece estar encontrado o talonador que pode vir a ser decisivo para o futuro da primeira-linha da Nova Zelândia, já que Samisoni Taukei’aho mostrou, novamente, uma qualidade requintada tanto nas introduções no alinhamento (100% de eficácia em dez lançamentos) como no surgir no jogo aberto, e conseguir ser uma “arma” de arremesso de grande poder de perfuração e impacto, com cinco linhas-de-vantagem ganhas, 42 metros de conquista, dois offloads e dois ensaios marcados, impondo uma exibição gloriosa e que acabou por ajudar aos All Blacks garantir uma importante vitória em solo australiano.

Podendo o leitor não estar convencido, a verdade é que basta ver o quanto o pack neozelandês sofreu quando o talonador foi substituído por Dane Coles, que apesar de ter garantido nos alinhamentos, acabou por não oferecer o mesmo ímpeto quer no trabalho na formação-ordenada ou como portador de bola, dois aspectos que Taukei’aho é visivelmente mestre ou, melhor, dotado. O físico impressionante, a alta mobilidade (o choque no contacto é de um domínio puro) e a destreza técnica garantem outra plataforma de jogo para a Nova Zelândia, que tem sofrido na posição 2 tanto pela falta de forma física de Dane Coles (pareceu, nos últimos três anos, mais preocupado em irritar os adversários que mostrar a sua qualidade técnica) ou Codie Taylor (a nível táctico não tem a qualidade de nenhum dos seus mais directos concorrentes), e tem agora em Samisoni Taukei’aho uma solução não só credível, mas que poderá vir a ser de excelência para o presente e futuro.

O MOMENTO: PUMAS ASSUSTAM CAMPEOES DO MUNDO

Poderia estar aqui aquele minuto final do Austrália-Nova Zelândia? Podia, mas assim seria um artigo simplesmente a falar do primeiro encontro da Bledisloe (que fica com os All Blacks, mesmo quer percam em Auckland no próximo fim-de-semana), mas o ensaio de Matías Moroni fica com o destaque do momento da semana por duas razões: por ter colocado a Argentina a três pontos de dar a volta ao resultado, depois de terem ido para o intervalo a perder por 06-22; e pelo movimento colectivo, com a construção sucessiva de fases a ser exímia até ao momento em que Marcus Kremer transmite a oval para as mãos de Moroni, prendendo no processo quatro jogadores da África do Sul, e garantir assim o segundo ensaio da equipa da casa no encontro.

Aos 67 minutos, e após estarem a sentir algumas dificuldades para ultrapassar a resoluta e praticamente intransponível defesa dos Springboks, os Pumas forçaram o primeiro ensaio através de um ensaio de penalidade, mas faltava conseguir pôr em xeque a defesa contrária, nem que fosse momentaneamente… E aí chega os 5 pontos de Moroni, dois minutos depois. Alinhamento perfeito, construção exemplar de duas fases, em que a Argentina ganha sempre a linhas-de-vantagem, e depois o tal passe invertido de Kremer na direção do seu defesa. Há uma sincronia de movimentos e funções, de simplicidade na execução até ao virtuosismo de quem menos se espera, levando ao público a grandes festejos. Só uma super África do Sul é que impediu dos Pumas conseguirem a reviravolta, contudo, o ensaio de Moroni merece toda a atenção disponível, principalmente de quem gosta de rugby.

A FAVA: NÃO, NÃO, MATHIEU RAYNAL TEM RAZÃO

A Austrália, e os adeptos australianos, conseguiram cair na permissão mais básica da hipocrisia, ao exigirem um sumaríssimo a Mathieu Raynal por sentirem que foram vítimas de um roubo escandaloso e orquestrado de modo a que os All Blacks se mantivessem na luta pelo título do The Rugby Championship. Hipocrisia porquê? Porque há um ano atrás, quando Rassie Erasmus viu o seu vídeo de crítica a Nic Berry a sair para o público, a federação australiana de rugby, e o seu largo séquito de fãs, adeptos, comentadores, e ex-jogadores, saíram em defesa do árbitro e quiseram levar à avante um processo contra o Director Técnico dos Springboks. Volvidos um ano e dois meses, e agora são os australianos a cair nesse erro, e tudo por causa de uma opção correctamente tomada por parte do juiz de jogo, Mathieu Raynal, que virou uma penalidade a favor dos Wallabies para os All Blacks, devido a Bernard Foley ter atrasado deliberadamente a reposição da oval.

O árbitro francês não avisou nem uma, nem duas, nem três vezes, pois alertou Foley um total de seis vezes para que o abertura chutasse a bola para fora, com este simplesmente a não seguir as indicações. Para quem diz que foi em exagero ilegítimo por parte de Raynal, então convidamos a rever o encontro na íntegra, e irão notar que em duas situações anteriores já tinha sido Foley advertido nesse sentido, sentindo-se que o n°10 estava a atrasar o jogo com todo o propósito. O rugby australiano tem exigido um mundo de alterações às leis do jogo, de modo a que este fique mais rápido, porém, a sua seleção principal ou as suas principais franquias do Super Rugby têm sido reis e senhores de estratagemas para desacelerar o jogo quando mais lhes convém, naquilo que é uma dupla dose de hipocrisia num só jogo. Uma nota final… vejam nesse tweet o vídeo do momento, em que podem não só ouvir Mathieu Raynal a avisar Foley, como é possível vislumbrar os seus colegas de 3/4’s a gritar para que chute rapidamente.


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