3 Destaques da 3ª ronda do The Rugby Championship 2021

Francisco IsaacSetembro 12, 20217min0

3 Destaques da 3ª ronda do The Rugby Championship 2021

Francisco IsaacSetembro 12, 20217min0
Quade Cooper teve um retorno heróico aos Wallabies e pode ter ajudado aos All Blacks em se aproximarem do título do The Rugby Championship 2021

Os All Blacks são a única selecção invicta à passagem da 3ª ronda do The Rugby Championship 2021, depois da África do Sul ter sido derrotada no último minuto do encontro pelos Wallabies, graças a um pontapé certeiro de Quade Cooper, como explicamos neste três destaques.

O JOGADOR EM ALTA – QUADE COOPER (WALLABIES)

Ao fim de quase 5 anos, um mundial de rugby e vários jogos de alta importância para os Wallabies, Quade Cooper retornou às convocatórias, assumiu a titularidade na camisola 10 e realizou uma exibição que terminou de uma forma heroica, com um pontapé decisivo que impôs uma derrota aos Springboks. 23 pontos somados, todos através de um pontapé refinado e sempre certeiro, uma voz calma e astuta na saída das fases-estáticas, onde a experiência, inteligência e calma (sim, é minimamente estranho associar este adjectivo a Quade Cooper) garantiram uma linha de 3/4’s mais estável, apesar de ainda terem surgido alguns erros, com esses a serem mais pela via das individualidades, seja pelo isolar de Samu Kerevi ou a falta de capacidade de Tom Banks de recuperar a oval no ar em condições.

Num jogo de alta importância, a Austrália sabia que os adversários desta semana seriam tão ou mais eficientes no aproveitamento de erros, tendo conseguido garantir um jogo equilibrado e compacto, sem exporem em demasia os seus corredores laterais ou tentar ir à procura dos offloads e situações de ataque de maior risco, forçando isto um esforço tremendo de Tate McDermot/Nic White e Quade Cooper, pois o combo entre o 9-10 teria de ser praticamente perfeito nos momentos em que não avançavam no ataque ou de maior pressão do blitz dos Springboks. Outro abertura poderia ter caído na tentação de chutar em excesso de forma a expulsar a pressão e tentar aplicá-la nos jogadores da África do Sul, o que seria um erro como se tem visto tanto nos jogos dos Pumas ou British and Irish Lions, mas Quade Cooper optou por segurar a posse de bola, trabalhar com eloquência e, só quando sentia possibilidade de vantagem em termos numéricos, é que aplicava um pontapé bem medido.

Ao fim de 5 anos longe dos Wallabies, Quade Cooper provou que a idade não define se um jogador tem condições ou não para ser decisivo ao nível internacional, e aquela decisão final de ser ele a chutar a penalidade decisiva (Reece Hodge já vinha na direcção do local de pontapé mas Cooper não recuou na sua decisão) demonstra o quão importante é e pode ser para o futuro próximo dos Wallabies, seja dentro de campo ou como mestre dos mais novos, e vamos ver se pode ser ainda mais decisivo do The Rugby Championship.

O COLECTIVO QUE DESILUDIU – ARGENTINA

Os Pumas perderam por 39 pontos a zero frente aos All Blacks e, por mais que possamos dizer que o mérito é total da parte dos homens de negro, a verdade é que a Argentina em 80 minutos só por duas vezes entrou dentro dos 22 metros, pecando a todos os níveis, especialmente no saber como aplicar a agressividade e fisicalidade ou no ter capacidade de fazer construção de fases sem perder noção do plano de jogo e de como executá-lo minimamente bem.

A Nova Zelândia podia mesmo ter conseguido um resultado mais volumoso, com o árbitro a ter de ir ao TMO por 5 ocasiões para perceber se a oval tocou ou não na linha da área de validação, aproveitando os All Blacks uma passividade monumental por parte da defesa da Argentina que, apesar das boas placagens desferidas, não conseguia implementar um sistema defensivo coerente ou harmonioso acabando por sofrer um recuo constante e mentalmente destrutivo, e as 19 penalidades e 5 ensaios sofridos são uma demonstração clara de como a defesa ruiu quando pressionado.

Já o ataque acabou engolido por três motivos: falta de bola no decorrer total do jogo, com as recuperações após pontapés não serem seguras o que obrigava aliviar logo a oval para longe; fases-estáticas não foram boas plataformas de controlo da posse de bola, motivando soluços ofensivos e decisões precipitadas na abordagem à defesa da Nova Zelândia; e pouca expressão das principais unidades de construção ou avanço territorial, com Nicolas Sanchez, Gonzalo Bertranou, Santiago Cordero, Pablo Matera ou Marcus Kremer a estarem praticamente omissos do encontro.

A exibição foi estrondosa por parte dos All Blacks, disso não há dúvidas, contudo esperava-se bem mais de uma Argentina que gosta deste tipo de encontros e que terminou completamente amassada e dominada a todos níveis, incluído nas placagens dominantes, onde até começou mal pois Pablo Matera foi completamente nivelado por Nepo Laulala logo ao início do encontro desta 3ª ronda do The Rugby Championship.

ALERTA – ALL BLACKS PRECISAM DE ALGO MAIS NA FO

Quatro penalidades consentidas na formação-ordenada pode ser um problema quando chegar o jogo frente aos Springboks, com isso a evidenciar-se a partir da segunda-parte, altura em que a frescura do 5 da frente já não é a mesma e que a 3ª linha neozelandesa parece mais focada e vocacionada no recuperar rapidamente a oval ou sair no apoio ágil à primeira fase de construção de jogo. Enquanto os Springboks dominaram quase totalmente no encontro frente aos Wallabies nesse aspecto dos 8 contra 8 (à excepção da última formação-ordenada que gerou a penalidade vitoriosa de Quade Cooper), os comandados de Ian Foster sentiram algumas dificuldades para serem eles a ditar as regras nessa fase-estática, acabando mesmo por sofrerem as tais quatro penalidades que, não fosse o resultado já estar acima da fasquia dos 30 pontos, teria sido mais preocupante no momento.

Joe Moody retornou aos 23 convocados, Asafo Aumua ganhou a titularidade (Codie Taylor ficou de fora por opção, assim como Ardie Savea) ao lado de Karl Tu’inukuafe e Nepo Laulala, enquanto na 2ª linha Broadie Retallick fez parelha com Scott Barrett, sentindo-se as ausências de Danes Coles, Samuel Whitelock (não retorna mais para este The Rugby Championship, ao contrário de Richie Mo’unga) e Ofa Tu’ungafasi, isto especialmente quando o jogo chega ao seu momento de maior desgaste físico.

Ainda faltam duas semanas para o início dos jogos decisivos do The Rugby Championship frente aos Springboks, mas o staff técnico dos All Blacks tem de tentar neutralizar ou, pelo menos, encontrar forma de atenuar os possíveis desajustes que advêm da formação-ordenada, pois caso percam terreno nesse ponto podem estar a comprometer parte ou totalmente o encontro.

OS NÚMEROS DA JORNADA

Jogador com mais pontos: Quade Cooper (Wallabies) – 23 pontos
Jogador com mais ensaios: Malcolm Marx (Springboks) e Luke Jacobson (All Blacks) – 2 ensaios
Equipa com mais pontos: All Blacks – 39 pontos
Equipa com mais ensaios: All Blacks – 5 ensaios
Jogador com mais placagens: Gonzalo Bertranou (Pumas) – 24 (2 falhadas)
Equipa com mais placagens: Pumas – 199 efectivas (229 tentativas)


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