3 Destaques da 1ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021
Aí está a primeira jornada do Super Rugby Aotearoa 2021 e os candidatos parecem ser os mesmos, já que Crusaders e Blues somaram pontos na visita aos campos dos Highlanders e Hurricanes, com dois jogos pomposos e de altos momentos.
Tudo o que se passou nesta análise da 1ª ronda da competição neozelandesa.
O DESTAQUE: OS 3/4’S DOS BLUES DERAM O CLIQUE!
Depois de um emotivo Highlanders-Crusaders, o 2º encontro da 1ª ronda do Super Rugby Aotearoa prometia uma dose ainda maior de emotividade e crispação, já que Hurricanes e Blues tinham contas a ajustar da época passada. A jogar em casa, os ‘canes de Jason Holland tinham de sobreviver a uma linha de 3/4’s poderosa no contacto e com capacidade de inventar espaços e brechas, aproveitando-as bem pelas mãos (e pernas) de Caleb Clarke, Rieko Ioane, Mark Telea e Stephen Perofeta, algo que se viria a passar, em particular, na segunda metade do encontro.
A “receita” de 2020 de Leon MacDonald voltou a surtir efeitos nos termos em que o combo criado entre Otere Black e Stephen Perofeta (falhou todo o Aotearoa 2020 por lesão) foi a chave-mestra para desbloquear a primeira vaga defensiva dos Hurricanes, sendo capazes de conseguir ganhar as costas do adversário e sair em rompante em direcção da área de ensaio em diversos momentos, apesar de só terem terminado com quatro ensaios na contabilidade final.
Contudo, a dinamismo excêntrico da capacidade ofensiva dos Blues contornou o jogo com um ritmo alto, algo que os Hurricanes tiveram claras dificuldades para acompanhar quando era mais necessário, especialmente nos últimos 20 minutos, altura em que a franquia de Auckland foi capaz de aguentar e resistir à fadiga, procurando manter os processos de ataque com a mesma excelência e efectividade, caindo aqui o destaque em Otere Black, Rieko Ioane (soberba exibição a centro, com quase 100 metros conquistados, 1 ensaio, 2 quebras-de-de-linha e 5 tackle busts) e Stephen Perofeta, os três responsáveis também pela mobilidade da linha de 3/4’s dos Blues.
Pode ter faltado maior acerto quando tinham de fazer o último passe ou de optar por ir ao alinhamento (os Hurricanes fecharam bem o maul dinâmico), mas é impossível não aplaudir a exibição dos 3/4’s dos Blues no jogo de “estreia” no Super Rugby Aotearoa 2021, nunca esquecendo o imenso trabalho “pesado” realizado pelo pack de avançados, em particular o de Akira Ioane, Dalton Papali’i e Patrick Tuipolotu.
"What a beautiful kick" @BluesRugbyTeam take the lead in Wellington.
?: @skysportnz pic.twitter.com/qz4oyj36SP
— Super Rugby (@SuperRugbyNZ) February 27, 2021
O “DIAMANTE”: JONA NAREKI
Que entrada em 2021 de Jona Nareki no Super Rugby Aotearoa 21′, com sidesteps alucinantes, um capricho impressionante no offload e um virtuosismo elétrico que em certos momentos parecia abrir a porta da área de ensaio dos Crusaders, mas que não foi suficiente no final de contas. O ponta completou 95 metros, 1 assistência, 2 quebras-de-linha, 5 defesas batidos, 3 tackle busts, foram estes os números do nº11 neste primeiro jogo da temporada 2021, com estes números a não serem suficientes para realmente contar o seu impacto na linha de 3/4’s dos Highlanders, capacitando o elenco de Otago de uma vertente mais ameaçadora quando a oval chega aos corredores ou quando se aplica uma manobra que vai acabar por incidir na participação do três-de-trás noutros pontos do tabuleiro de jogo, como se viu no segundo ensaio, marcado pelo estreante Conor Garden-Bachop.
Nesse ensaio, os Highlanders aplicaram uma rápida combinação após o alinhamento, com Mitch Hunt a abrir um “corredor” que foi espectacularemente bem explorado por Nareki, ganhando metros e metros até ficar numa posição de superioridade numérica, o que possibilitou fazer um simples passe para as mãos de Garden-Bachop… ensaio incisivo e limpo, rápido e carregado de pormenores e detalhes, que ajudam a perceber o planeamento desta franquia agora treinada por Tony Brown.
Regressando ao trabalho de Jona Nareki, é importante observar que a movimentação ágil e o bom combinar com Solomon Alaimalo (não fez uma excelente exibição a atacar, mas acabou por “salvar” os landers de um ensaio com uma intercepção bem captada) que alinhou como defesa, cobrindo bem os espaços na defesa quando necessário, sem expôr as “suas” costas, apesar das várias tentativas de Richie Mo’unga em ganhar vantagem posicional através de pontapés. Bem a defender, soberbo a atacar e de classe na execução do plano de jogou no arriscar, somando assim argumentos para manter a titularidade nos Highlanders.
? An absolute beauty from the @Highlanders!
A humdinger of a second half coming up.
?️: @skysportnz #HIGvCRU #SkySuperRugbyAotearoa pic.twitter.com/vmkMYrYPZg
— Super Rugby (@SuperRugbyNZ) February 26, 2021
O “DIABRETE”: O PAR DE MÉDIOS NO OLHO DO FURACÃO
Difícil conseguir manter a mesma raça, virtuosismo e intensidade quando não há TJ Perenara como formação, um problema que os Hurricanes terão de sobreviver e debelar (rapidamente) para serem candidatos ao título do Super Rugby Aotearoa e do Super Rugby Trans-Tasman 2021. Se em 2020 já foi complicado fazer a transição da saída de Beauden Barrett para os Blues, ainda será mais complexo e delicado resolver a saída do carismático nº9 dos All Blacks que está agora no Japão, forçando a Jason Holland a procurar um par de médios de boa combinação e que garanta lucidez, transparência e franca boa execução no planeamento de jogo, algo não visto na recepção aos Blues.
O treinador dos Hurricanes apostou em Jonathan Taumateine e Jackson Garden-Bachop como o combo 9-10, sem que na realidade resultasse com equilíbrio esta parceria, pois nem o primeiro nem o segundo foram capazes de aplicar a faísca atacante dos de Wellington quando mais precisavam, ficando a equipa refém dos individualismos de Ardie Savea (sempre a combater e difícil de parar no contacto), Wes Goosen, Jordie Barrett ou Ngani Laumape, com isto a nunca ser suficiente no final de contas.
Faltou aquele acerto necessário para garantir uma exibição estável do 9-10 de modo a que a equipa tenha sempre uma plataforma de jogo competente, mantendo o adversário em suspenso, um detalhe que por vezes escapa aos espectadores, e que é necessário para impedir que haja um ascendente emocional potencialmente letal. Foi exactamente o que aconteceu contra os Blues, com estes a sentirem-se sempre confortáveis na defesa do jogo ao largo, abrindo isto caminho para a vitória por 31-16 na casa dos ‘canes.
A reconstrução dos médios de criação dos Hurricanes será longa, mas terá de surtir efeitos, caso queiram ser novamente um dos principais candidatos ao título no Super Rugby, seja o Aotearoa ou as possíveis combinações desta competição que surjam no futuro.
OS STATS DA JORNADA
Melhor marcador de pontos (jogador): Otere Black (Blues) – 11
Melhor marcador de pontos (equipa): Blues – 31
Melhor marcador de ensaios (jogador): Asafo Aumua (Hurricanes) – 2
Melhor placador: Tom Christie – 15 placagens (mais 2 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Jona Nareki (Highlanders) e Sevu Reece (Crusaders) – 2 quebras-de-linha, 5 defesas batidos, 1 assistência
Mais metros conquistados (equipa): Highlanders – 417 metros
Dat kick though ?
?️: @skysportnz #HIGvCRU #SkySuperRugbyAotearoa pic.twitter.com/NR9CAc3QDe
— Super Rugby (@SuperRugbyNZ) February 26, 2021