2023 para o rugby português: os feitos e objectivos dos 7s

Francisco IsaacDezembro 12, 20236min0

2023 para o rugby português: os feitos e objectivos dos 7s

Francisco IsaacDezembro 12, 20236min0
Francisco Isaac analisa os objectivos dos 7s e se foram alcançados nesta temporada tanto nos "Lobos" como "Lobas"

Depois do feminino e formação, olhamos agora para a temporada dos 7s nacionais, tanto o feminino como masculino, percebendo se ambos atingiram os resultados pretendidos, entre outros pormenores de uma temporada “curta” mas que teve direito a bastante emoção e de várias vitórias, com os objectivos dos 7s a terem sido largamente alcançados.

FEMININO

O objectivo central da selecção nacional de 7s feminina passava pela manutenção no circuito da Rugby Europe, o qual foi atingido com boas prestações tanto na 1ª etapa no Algarve como em Hamburgo. As “Lobas” dos 7s somaram 6 pontos no total da tabela, fechando a sua participação no 10º lugar, relegando a Roménia para o Trophy, enquanto a Suécia encerrou em 11º. No apuramento para os Jogos Olímpicos, as “Lobas” terminaram em 8º, acima de Turquia, Noruega, Roménia e Suécia. Mas vamos a resultados.

No Algarve 7s Portugal somou duas vitórias (Itália e Suécia) e três derrotas (Reino Unido, França e Itália), terminando com um saldo de 60 pontos marcados (10 ensaios) e 131 sofridos (21 ensaios). Em Hamburgo, as “Lobas” começaram a perder frente à Irlanda (05-32) e Polónia (19-36), resgatando uma vitória frente à Itália no último jogo da fase-de-grupos (17-10). Seguiu-se uma vitória ante a Roménia (27-00) e novo desaire frente à Itália (19-28), aquela que foi a principal rival da temporada. Em termos de ensaios/pontos marcados e sofridos, a última etapa viu sérias melhorias com um 87-106 (15/18), demonstrando que com mais jogos e oportunidades, a curva de crescimento é extremamente positiva.

Em relação aos Jogos Europeus, as comandadas de João Moura até realizariam uma excelente fase-de-grupos com duas vitórias frente a Alemanha (19-17) e Turquia (36-05), sucumbindo só contra a Polónia (26-00). Na fase-a-eliminar os encontros não correram de feição para as “Lobas” que sofreram três desaires. Primeiro nos quartos-de-final frente à Bélgica (05-22) e depois no 5º/8º lugar ante Alemanha (07-22) e Itália (07-34). A prova aconteceu entre as duas etapas do Women’s 7s Championship Series 2023.

No total, Portugal terminou a época com um saldo negativo de 142 pontos, numa época em que marcaram 32 ensaios e sofreram 51. Não é possível fazer uma comparação com 2022 porque nessa temporada as “Lobas” estavam no Trophy com a Inglaterra, Itália e mais um par de selecções, tendo até tido uma temporada de boa qualidade, mas esperada. Esta época revelou que o sucesso do XV e 7s esteve de mãos dadas, já que várias das internacionais que brilharam no 15 também o fizeram nos 7s. Matilde Goes, Mariana Santos, Maria Costa e Adelina Costa foram algumas das melhores atletas de Portugal na temporada, participando em quase todos os jogos, tendo um impacto importante na forma como a selecção nacional garantiu certas vitórias.

As “Lobas” jogaram um jogo bem trabalhado na defesa, com uma reacção rápida à perda de bola, com as principais falhas defensivas a ficarem atribuídas a distrações, falta de intensidade ou comunicação parca, tudo áreas que podem ser reforçadas na próxima temporada. O ataque foi mexido e dinâmico, com vários ensaios a serem concebidos, numa prova clara que este conjunto de atletas está fadada para brilhar neste aspecto, sendo só necessário apurar a transmissão de bola.

No geral foi uma época extremamente bem conseguida, com os objectivos todos alcançados e que demonstrou categoria de uma selecção que ainda procura ganhar mais nome, desenvolver mais atletas e, quem sabe, no futuro ter pelo menos metade de uma equipa dedicada só a esta variante.

MASCULINO

Nos masculinos o objectivo de apurar para a Challenger World Rugby Series ficou garantido, com Portugal a terminar no top-5 do Men’s 7s Championship Series 2023, sendo uma clara melhoria em comparação com o que aconteceu na temporada passada.

No Algarve, Portugal derrotou facilmente a Lituânia (29-00) e Chéquia (49-05), ficando a poucos centímetros de somar uma 3ª vitória consecutiva na fase-de-grupos, com a Espanha a sair a ganhar (17-19). Nos quartos-de-final concedeu um desaire frente à Irlanda por 00-29, mas recuperou na luta pelo 5º com duas vitórias finais, ante a Alemanha (21-19) e Espanha (17-12). 143 pontos e 24 ensaios marcados, 84 pontos e 14 ensaios sofridos, com Manuel Marta, José Paiva dos Santos, Diogo Sarmento e João Rosa a serem quatro dos melhores, especialmente o primeiro que foi preponderante nesta 1ª etapa.

Com 12 pontos no “bolso”, Portugal seguiu viagem para a Polónia para os Jogos Europeus com positivismo, que se veio a comprovar dentro de campo com uma campanha memorável. A selecção treinada por Frederico Sousa derrotando a Lituânia (38-12) e Roménia (45-07), só tropeçando frente ao todo-poderoso Reino Unido (05-31). Com algumas lesões a surgirem, os “Lobos” dos 7s entraram no 2º dia ligados à corrente, demolindo a Geórgia por 31-05, o que lhes ofereceu possibilidade de chegar ao top-3. Porém, o cansaço jogou contra a selecção nacional concedendo duas derrotas nos últimos jogos: Irlanda (00-24) e Espanha (00-42).

Em Hamburgo, e já com várias baixas no plantel – Manuel Marta foi a mais sentida de todas – Portugal tinha tudo para ganhar o seu grupo, e até começou com o pé direito derrotando a Itália (33-21) e Roménia (26-05), mas acabou por ser surpreendido pela Geórgia (12-19), o qual fez soar as sirenes. Nos quartos-de-final da Cup perderiam às mãos da Irlanda (12-19), ficando relegados para a disputa entre o 5º/8º que não correu da melhor forma. Vitória sob a Bélgica por 28-10, mas depois uma derrota preocupante contra a selecção da casa por 12-26, fechando a época no 6º lugar da 2ª etapa e 5º na geral. Em comparação com o Algarve 7s, a diferença entre pontos/ensaios marcados/sofridos piorou ligeiramente, o que explica a classificação final, com um 123/19 e 100/16.

No total, Portugal fechou a época com 43 ensaios marcados e 30 sofridos. Foi em Vila Real de Santo António que a equipa portuguesa esteve em melhor nível, com um rugby não só de alto dinamismo e energético, como agressivo, dominante e de boa fisicalidade, valendo-lhes uma vitória memorável contra a Espanha, selecção que está nas World Series. A lesão de algumas peças importantes e a queda anímica acabou por resultar numa 2ª etapa mais silenciosa, mas que não comprometeu o apuramento para as Challenger Series.

Manuel Fati foi um dos melhores da temporada a par de José Paiva dos Santos e Manuel Marta, com o polivalente avançado do CDUL a ter sido uma super revelação durante toda a temporada dos 7s. Uma palavra ainda para Duarte Moreira, que aos 36 anos continua a ser um jogador importante no que toca à liderança e exemplo.

Objectivos mínimos cumpridos, boa prestação no pré-olímpico e um saldo positivo de vitórias/derrotas numa temporada em que foi melhor preparada.


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