Portugal falha Mundial de Andebol 2023

Ana CarvalhoAbril 13, 20238min0

Portugal falha Mundial de Andebol 2023

Ana CarvalhoAbril 13, 20238min0
Muita entrega e emoção, mas Portugal falha Mundial de Andebol 2023, com a selecção nacional feminina a ser derrotada pela Roménia como explica Ana Carvalho

A seleção nacional de andebol feminino defrontou no play off de acesso ao Mundial de 2023 a congénere Romena, e não deixou uma boa imagem internacional. Se na segunda mão em casa, o resultado foi até equilibrado, no primeiro jogo na casa do adversário, Portugal mostrou-se muito longe de se debater com as grandes seleções europeias. Após estes dois jogos, Portugal despede-se assim da época 2022/2023, começando já a pensar no futuro.

No jogo fora, realizado no dia 8 de Abril pelas 15h portuguesas, a seleção nacional apresentou-se muito abaixo do nível Romeno, nunca tendo conseguido entrar em jogo. O resultado final assim o comprova, com a Roménia a vencer por 35-20 (19-12 ao intervalo), selando a eliminatória e o apuramento para o mundial que se realiza no final deste ano. Mesmo sabendo-se que a tarefa era muito difícil, dadas as diferenças de experiência e de nível praticado pelas jogadoras portuguesas quando comparado com o nível em que se encontram a jogar as jogadoras romenas, esperava-se uma melhor prestação, especialmente no jogo fora.

Já no artigo anterior tínhamos referido que algumas jogadoras portuguesas apenas há poucos anos começaram a aparecer em campeonatos internacionais, e mesmo essas não estão a jogar ao nível da Liga dos Campeões tal como a maioria das jogadoras romenas. As restantes que jogam a nível nacional, na sua maioria são totalmente amadoras, tendo o andebol quase como um hobby e não conseguindo trabalhar todas as valências necessárias para um dia sonharmos em competir de igual para igual com estas seleções. Sabemos que enquanto não houver mais investimento neste sector não poderemos quase pedir mais das atletas. Mas há aspetos que podemos sempre estar melhores e apresentar melhores decisões.

Na primeira mão, várias foram as jogadoras que estiveram alguns pontos abaixo do que se pedia, tal como Maria Unjanque e Sandra Santiago. A ponta esquerda Carolina Monteiro que viajou com a comitiva para a Roménia lesionou-se exatamente antes da partida, o que expôs o problema maior da convocatória feita pelo selecionador José António Silva: convocar apenas uma jogadora pera este posto específico. Carmen Figueiredo que foi também convocada como ponta esquerda, não o é na realidade e isso ficou bem patente em ambos os jogos realizados. Apesar de ter estado em campo os 120 minutos da eliminatória e de ter tentado fazer a melhor prestação possível, para um atleta tão jovem (apenas 17 anos) estar tanto tempo em jogo numa posição que não lhe é natural, poderá causar frustração a uma atleta que queremos que seja uma das futuras primeiras linhas da seleção nacional. Quem esteve em evidência no primeiro jogo foram as guardas-redes Isabel Góis e Jéssica Ferreira, tendo ambas feito ambas prestações, o que com o número de golos tão elevado por parte da seleção romena pode parecer estranho, mas apenas nos diz que o resultado poderia ter sido bem pior.

Patrícia Lima foi a MVP do primeiro jogo com 5 golos na conta pessoal. Muitas vezes acaba por desacelerar o jogo, ou mesmo parar alguma possível transição, tal como aconteceu exageradamente no jogo da segunda mão, mas neste primeiro jogo foi a atleta portuguesa mais lúcida e com melhores tomadas de decisão.
A segunda mão deste play off realizou-se em Paredes no dia 12 de Abril e o pavilhão vestiu-se a rigor para ver a seleção nacional feminina. Apesar do resultado trazido do primeiro jogo, o publico foi apoiar a equipa das quinas, mas também ver alguns dos ídolos da modalidade como são as jogadoras romenas, a lateral esquerda Cristina Neagu ou a guarda-rede Yulia Dumanska.

O jogo em solo português foi bastante mais equilibrado, o que é visível no resultado final (24-28 favorável à seleção romena), mas em muitos momentos foi bastante mal jogado. Demasiadas falhas técnicas de parte a parte, a Roménia foi displicente por saber que tinha a eliminatória ganha e que o jogo contava apenas para calendário, Portugal por vezes pareceu não saber qual o plano de jogo a seguir e as atletas pareceram perdidas dentro de campo, especialmente quando a tática do 7X6 foi utilizada.

O melhor momento da seleção nacional foram os primeiros 15 minutos da segunda parte, onde houve dinamismo no jogo nacional, a defesa tornou-se mais coesa e mais forte, as trocas defensivas foram feitas mais eficazmente (algo que não aconteceu nem no jogo na Roménia, nem na primeira parte, onde os princípios da defesa pareciam mais de defesa individual do que de tática coletiva), ganharam-se mais bolas, acelerou-se o jogo e as transições apareceram. Com as transições apareceram os golos rápidos que entusiasmaram inclusive o publico, que acima de tudo quer ver um espetáculo entusiasmante com bons momentos de andebol. Mihaela Minciuna e Joana Resende forma as principais motoras desta fase de jogo, ladeadas por Sandra Santiago que acabou por ser a MVP e melhor marcadora da equipa portuguesa (6 golos em 7 tentativas).

Após time out do selecionar da equipa nacional, Minciuna acabou por ser substituída pela central Patrícia Lima, o que fez novamente desacelerar o ritmo de jogo e tornar o jogo menos interessante. No entanto, a distância no resultado não se avolumou mais, tendo terminado com 4 golos de diferença, bem mais positivo que aquilo que aconteceu no primeiro jogo. Termina aqui a temporada da seleção nacional A, voltando-se agora a equipa técnica nacional para o futuro, continuar o trabalho feito até aqui, e mudando o foco imediatamente para as várias competições dos escalões jovens que o próximo verão nos traz.

Final Four da Taça FAP realiza-se este fim de semana na cidade da Maia

As atletas, essas, regressam aos seus clubes sendo que a nível nacional se joga já este fim de semana (15/16 de Abril) a final a quatro da nova competição criada este ano, a Taça FAP. Esta foi uma competição que contou apenas com as equipas da primeira divisão, e que deveria ter terminado no último fim de semana de Janeiro, segundo planeamento inicial da temporada. Por razões diversas, foi necessário adiar a realização desta final four e acabou por cair no fim de semana imediatamente a seguir a este apuramento da seleção nacional.

Crítica seja feita a esta situação: se queremos valorizar o andebol feminino nacional, e se a própria federação cria uma competição nova que poderá ela própria ser questionável devido aos constrangimentos já existentes nos calendários nacionais, então pelo menos tente que seja realizada nas melhores condições possíveis. Colocar a final four de uma competição onde as equipas presentes seriam à partida as melhores equipas nacionais, logo com probabilidade de terem atletas na seleção nacional A, dois dias depois de terminar o estágio dessa mesma seleção não parece ser a melhor estratégia para que os clubes olhem para a competição com total seriedade e que o próprio publico valorize o andebol feminino.

As equipas participantes nesta final four serão o ADA São Pedro do Sul que defrontará no dia 15/04 pelas 15h a equipa insular do Madeira SAD (com Patrícia Rodrigues na seleção nacional A), e a equipa do SL Benfica (com Adriana Lage, Mihalea Minciuna e Maria Unjanque ao serviço da seleção nacional nas últimas duas semanas) que defrontará na mesma data pelas 17h30 a equipa de Aveiro, o Alavarium Love Tiles.
Dado o decorrer da época e dos últimos resultados para o campeonato, é espectável que SLBenfica consiga vencer sem qualquer problema o seu adversário, que se encontra numa fase ainda mais instável do que já havia começado a época. Na outra meia final, o jogo será claramente mais equilibrado, podendo pender para qualquer um dos emblemas, tal como aconteceu no último embate entre ADA São Pedro do Sul e Madeira Sad para o campeonato, onde a equipa insular teve de suar muito para vencer os três pontos.

Meias-finais e finais serão jogadas no pavilhão municipal da Maia, sendo que no dia 16 o jogo será realizado pelas 17h. Os jogos serão transmitidos pela plataforma da Federação de Andebol de Portugal, a Andebol Tv.


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