O retorno da temporada europeia de clubes: Euroliga e Eurocopa

Lucas PachecoOutubro 4, 20256min0

O retorno da temporada europeia de clubes: Euroliga e Eurocopa

Lucas PachecoOutubro 4, 20256min0
Está de volta a temporada europeia de clubes com a Eurocopa e Euroliga a entrar em cena e Lucas Pacheco faz a antevisão completa

O novo ciclo do basquete feminino europeu, da temporada 2025-26, está prestes a começar. Após a temporada de seleções e um merecido descanso, os clubes começam a se preparar para a nova temporada. Novos elencos, novos técnicos e as mesmas tradicionais competições. Enquanto as competições nacionais e as ligas regionais não começam, o calendário continental clubes já está montado. A Eurocopa abriga o segundo escalão do continente. As 48 equipes foram divididas em 12 grupos, com jogos de ida e volta contra os outros três de cada grupo; avançam para os playoffs as duas primeiras colocadas de cada grupo, mais os três melhores terceiros, mais as quatro primeiras eliminadas da Euroliga (que passam de uma competição para a outra). Em formato eliminatório, com um mando de quadra para cada duelante, chega-se à grande campeã.

A campeã da temporada 2024-25 foi uma dessas equipes que “desceu” de competição: o francês Villeneuve d’Ascq acabou eliminado na fase de grupos inicial da Euroliga e juntou-se nos mata-mata da Eurocopa. Apesar da oscilação do mercado do basquete feminino durante as temporadas, o Villeneuve manteve um elenco bom, cujo investimento superava os de suas concorrentes da Eurocopa, e faturou o título.

Não basta ter o rótulo de ‘equipe de Euroliga’, é preciso jogar bem para ganhar. O Villeneuve suou para derrotar a cinderela da temporada na grande final; o inusitado e surpreendente espanhol Baxi Ferrol destronou favoritos em sua caminhada e, por pouco, sem estrelas e sem grife, não levou o caneco. Tanto o formato do torneio, quanto sua dispersão geográfica, possibilitam histórias como a do Ferrol (A cinderela na Eurocup).

Será uma maratona de basquete, com início na próxima quarta-feira (08/10), cujo final nem sequer vislumbramos – agendada para 09/04/26. O mercado europeu é caracterizado pela ampla movimentação (uma jogadora destaca-se e logo é contratada por uma equipe maior) e apenas no decorrer da temporada teremos noção real do poderio de cada equipe.

Por falar do Villeneuve, a equipe francesa terá uma chance antecipada de se apresentar: o calendário europeu (sem contar as qualificatórias) inicia-se com a disputa do troféu da Supercopa, jogo que opõe os atuais campeões da Eurocopa (Villeneuve) e da Euroliga (USK Praga), nesta semana (01/10). Jogo único, na França, com elencos novos e ainda tirando graxa do corpo após as férias – qualquer resultado pode acontecer.

Na Supercopa teremos a chance de vislumbrar como o atual campeão entrará na Euroliga em busca do bi (tri, sem ser consecutivo). Ainda está fresco na memória o feito de Praga na semi-final da edição passada, a vitória sobre o invicto Fenerbahçe. Mais do que o próprio elenco, que deve sofrer muitas mudanças, resta a curiosidade sobre a continuidade da técnica Natalia Hejkova, principal peça das campeãs (Natalia Hejkova no Olimpo do basquete com mais uma Euroliga). Ela havia anunciado sua aposentadoria – a sucessão de uma lenda nunca é tranquila – e sua presença seria essencial para um reformulado elenco manter suas aspirações ao topo da Europa.

Passada a Supercopa, Praga iniciará sua campanha na Euroliga no próximo dia 08, com sonhos de finalizar a edição, no dia 19/04/26. A organizadora dos torneios (Fiba) manteve o regulamento inaugurado na temporada passada, com as 16 participantes divididas em 4 grupos. USK Praga está no grupo A, junto do espanhol Spar Girona (retorna à Euroliga), do francês Tango Bourges (atingiu o Final Six com uma equipe nivelada, sem grande estrela) e do polonês VBW Gdynia. Como ao fim da primeira fase de grupos, o lanterna de cada grupo será eliminado (e “rebaixado” para a Eurocopa), Gdynia surge como o menos cotado para avançar à segunda fase de grupos, quando os grupos A e B se unirão, tal qual C e D.

A bem da verdade, já pudemos ver o Bourges em ação, pois as francesas precisaram superar o lituano Kibirkstis no qualificatório. Após uma inesperada derrota por 11 pontos no jogo 1, o Bourges tratou de mostrar seu favoritismo e devolveu a derrota com ampla margem (30 pontos), assegurando a vaga na fase regular da Euroliga. Outra equipe que passou pelas qualificatórias, porém sem qualquer dificuldade, foi o turco Galatasaray (venceu duas vezes o Sepsi, da Romênia). A potência turca deve receber mais reforços para a temporada, adições fundamentais para avançar no duro grupo B: o húngaro Sopron retorna à principal competição europeia (Jelena Brooks merece os principais holofotes), assim como o tradicional clube francês Flammes Carolo. Fecha o grupo o renovado e tradicional clube italiano Beretta Famila Schio, outra equipe com pretensão de retornar ao Final Six, desta vez sob o comando de Victor Lapeña.

Esperemos um perde-e-ganha no equilibrado grupo B. Já no grupo C temos as duas francas favoritas à final da última edição, e que caíram nas semi-finais. Fenerbahçe e Valencia novamente entram na competição com favoritismo e devem assegurar vaga sem dificuldade no grupo C. Independente da cara que terão, são dois dos maiores investimentos do continente, capazes de contratar qualquer jogadora. A última vaga ficaria, assim, em disputa entre o húngaro DTVK Miskolc e o grego Olympiacos. Apesar das húngaras virem das qualificatórias (onde superaram o polonês Lublin), são favoritas perante um clube grego que decepcionou na última temporada.

O segundo investimento da liga recai sobre o novo rico Mersin, equipe que atingiu certa estabilidade na metade da temporada passada e chegou à final. Se a direção mantiver uma base, sem trocar de técnico a cada derrota, as chances de ir longe são altas. Desconhecemos as muitas contratações, mas sabemos que será um elenco forte. As turcas precisarão desse reforços, pois caíram em um forte grupo D.

O francês Basket Landes pratica um basquete cadenciado (e chato) mas conta com o ginásio sempre lotado e barulhento. O italiano Umana Reyer Veneza precisou de dois triunfos (sobre o Estrela Vermelha da Sérvia) para avançar das qualificatórias, diferente do Casademont Zaragoza, que por muito pouco não foi surpreendentemente eliminado pelo tcheco Zabiny Brno. Amplamente favorito, o desfalque espanhol na fase de grupos traria prejuízos também à organização do torneio, que antecipou e fixou Zaragoza como sede do Final Six.

Zaragoza sofreu uma derrota por 21 pontos no jogo de ida; precisando reverter o placar, as espanholas conseguiram a vitória com margem mínima para se classificar ao grupo D – vitória por 23 pontos em casa e saldo +2. Sem a atuação brilhante da armadora Marionna Ortiz (eixo e cérebro do time), dona de 26 pontos e 9 assistências, o Zaragoza não estaria mais na Euroliga.

Com um formato mais dinâmico, testado na temporada passada, a Euroliga espera manter o alto nível e a competitividade acirrada. O Fenerbahçe não completou o tri consecutivo e tentará desfazer a má impressão voltando a reerguer o troféu. Pela frente, seus principais concorrentes devem ser seu adversário doméstico (Mersin), bem como o USK Praga e o Valencia.

A história começa a ser escrita na próxima semana.


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