O futuro da selecção nacional de andebol: as referências para 2023

Tiago BotelhoOutubro 8, 20215min0

O futuro da selecção nacional de andebol: as referências para 2023

Tiago BotelhoOutubro 8, 20215min0
Tiago Botelho avança com aqueles que podem vir a ser os futuros pilares da selecção portuguesa de andebol com os olhos já apontados para 2023

Os feitos recentes da selecção nacional de andebol têm sido notáveis, com históricas participações no Europeu, Mundial e Jogos Olímpicos. Quem segue a modalidade sabe que o professor Paulo Pereira tem mantido um grupo estável de seleccionados ao qual podemos chamar o seu grupo de confiança. Existem pequenas alterações, pontuais, fruto de lesões e momentos de forma, mas existe também um grande núcleo duro de jogadores que é sempre seleccionável.

O grupo, seja com uns ou com outros, é bastante forte. Todos eles são verdadeiramente amigos uns dos outros e essa tem sido uma das nossas forças, dentro e fora do campo. Em Janeiro de 2022, irá realizar-se o próximo Europeu de andebol, numa organização conjunta entre Eslováquia e Hungria e que irá decorrer entre 13 e 30 de Janeiro.

Portugal está inserido no grupo B com as suas congéneres da Islândia, Países Baixos (ou Holanda, como preferirem) e a anfitriã Hungria. Podemos dizer que é um grupo equilibrado, sem nenhum “tubarão”, mas onde qualquer uma das equipas pode ganhar a outra.

Como ainda é cedo para estarmos com previsões, venho-vos falar daqueles que eu acho que terão de ser os pilares de futuro desta selecção, para este Europeu e para o Mundial de 2023.

Olhando para a última convocatória dos Jogos Olímpicos, verificamos que a média de idade dos 15 seleccionados era de 29,06 anos, contando com os “jovens” Humberto Gomes, de 43 anos, e Gilberto Duarte, de 30 anos (chamado de urgência para substituir Alexandre Cavalcanti). Não temos uma selecção idosa, por assim dizer; a média de idades não é o nosso problema, mas existem algumas posições onde o crescimento dos atletas convocados será fundamental para o sucesso de Portugal, pois o “nosso” jogo começa a ficar muito “lido” pelos adversários (entre eles a super-Dinamarca, campeã Mundial de andebol), tal como se observou nos Jogos Olímpicos.

Baliza

Com o infortúnio de Alfredo Quintana, Gustavo Capdeville foi chamado para um papel de maior responsabilidade na nossa seleção. Se juntarmos a este facto a idade de Humberto, podemos, com certeza, afirmar que o seu papel no seio da selecção nacional vai aumentar ainda mais nos próximos tempos. Companheiro de clube do 3º guarda-redes da selecção espanhola, Sergey Hernández, Gustavo tem tido tempo de jogo amiúde numa rotação que parece privilegiar o espanhol nos jogos de maior responsabilidade. Com a qualificação do Benfica para a fase de grupos da European League, estes jogos de maior grau de dificuldade serão importantíssimos para o crescimento de Gustavo.
Manuel Gaspar do Sporting é outra das fortes hipóteses, ele que foi de reserva para os Jogos Olímpicos e parece ter cimentado o seu lugar no Sporting (pelo menos enquanto Skok ainda não está em plenas condições físicas).

Lateral Direita

Com a exclusão de Gilberto Duarte na convocatória inicial para os Jogos Olímpicos, Paulo Pereira virou uma página na lateral direita da equipa das quinas. Foram anos e anos de Gilberto na selecção, sendo um dos representantes máximos do nosso andebol lá fora.

Cavalcanti tem crescido no Nantes e André Gomes experiencia pela primeira vez uma aventura longe de casa, na exigente liga alemã. Estes dois jovens de 24 e 22 anos, respectivamente, terão um papel fundamental no rendimento futuro (a curto prazo) da nossa selecção! André Gomes terá que ganhar consistência para juntar à sua explosividade e Cavalcanti terá de somar minutos atrás de minutos nas exigentes ligas francesa e europeia, o que lhe dará uma enorme bagagem para juntar ao seu talento.

Podemos também falar de Martim Costa, embora não saibamos como regressará da lesão e de Salvador Salvador, embora este seja ainda demasiado novo e precise primeiro de cimentar o seu lugar no Sporting (o que parece estar a acontecer).

Pivô

Existem Iturriza, Salina e Alexis Borges, mas o professor não abdica de 4 pivôs, e Frade tem sido esse quarto homem. Sem a presença física em termos defensivos dos outros 3 elementos, Frade tem evoluído nesse aspecto. O pivô do Barcelona necessita de mais minutos e maior confiança para ganhar o seu espaço também na selecção de andebol. Se Iturriza e Alexis têm apenas 31 e 29 anos, respectivamente, sem grande histórico de lesões graves, já Daymaro Salina vai com 33, e todos os anos tem a sua paragem de recuperação. Salina tem, inclusivé, enganado tudo e todos, continuando a jogar ao mais alto nível no campeonato, competições europeias e selecção nacional.

Este ano, como o FC Porto tem menos 1 pivô do que o habitual (mesmo tendo Valdés para ajudar defensivamente), é esperado uma sobrecarga maior em Daymaro, pelo que o crescimento de Luis Frade se afigura essencial para o futuro da selecção. É uma posição carenciada e onde não temos grandes alternativas de qualidade (pelo menos deste nível físico e técnico) no campeonato nacional.

Podemos falar também de Miguel Martins, que emigrou para o Pick Szeged da Hungria, embora o Miguel já fosse um excelente jogador no Porto e na selecção, o futuro papel de Belone Moreira, agora cada vez mais central no Benfica, do crescimento do central André José, que deverá dar mais um salto qualitativo agora que se mudou para o Sporting, de Francisco Tavares, que pode ser o substituto de Areia ou Portela a breve prazo e até de Francisco Costa, jovem de 16 anos que começa a ganhar o seu espaço na lateral direita do Sporting.

Mas venham de lá esses jogos que o andebol português, a nível de clubes, até tem estado muito bem na europa!


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