O futuro da selecção nacional de andebol: as referências para 2023
Os feitos recentes da selecção nacional de andebol têm sido notáveis, com históricas participações no Europeu, Mundial e Jogos Olímpicos. Quem segue a modalidade sabe que o professor Paulo Pereira tem mantido um grupo estável de seleccionados ao qual podemos chamar o seu grupo de confiança. Existem pequenas alterações, pontuais, fruto de lesões e momentos de forma, mas existe também um grande núcleo duro de jogadores que é sempre seleccionável.
O grupo, seja com uns ou com outros, é bastante forte. Todos eles são verdadeiramente amigos uns dos outros e essa tem sido uma das nossas forças, dentro e fora do campo. Em Janeiro de 2022, irá realizar-se o próximo Europeu de andebol, numa organização conjunta entre Eslováquia e Hungria e que irá decorrer entre 13 e 30 de Janeiro.
Portugal está inserido no grupo B com as suas congéneres da Islândia, Países Baixos (ou Holanda, como preferirem) e a anfitriã Hungria. Podemos dizer que é um grupo equilibrado, sem nenhum “tubarão”, mas onde qualquer uma das equipas pode ganhar a outra.
Como ainda é cedo para estarmos com previsões, venho-vos falar daqueles que eu acho que terão de ser os pilares de futuro desta selecção, para este Europeu e para o Mundial de 2023.
Olhando para a última convocatória dos Jogos Olímpicos, verificamos que a média de idade dos 15 seleccionados era de 29,06 anos, contando com os “jovens” Humberto Gomes, de 43 anos, e Gilberto Duarte, de 30 anos (chamado de urgência para substituir Alexandre Cavalcanti). Não temos uma selecção idosa, por assim dizer; a média de idades não é o nosso problema, mas existem algumas posições onde o crescimento dos atletas convocados será fundamental para o sucesso de Portugal, pois o “nosso” jogo começa a ficar muito “lido” pelos adversários (entre eles a super-Dinamarca, campeã Mundial de andebol), tal como se observou nos Jogos Olímpicos.
Baliza
Com o infortúnio de Alfredo Quintana, Gustavo Capdeville foi chamado para um papel de maior responsabilidade na nossa seleção. Se juntarmos a este facto a idade de Humberto, podemos, com certeza, afirmar que o seu papel no seio da selecção nacional vai aumentar ainda mais nos próximos tempos. Companheiro de clube do 3º guarda-redes da selecção espanhola, Sergey Hernández, Gustavo tem tido tempo de jogo amiúde numa rotação que parece privilegiar o espanhol nos jogos de maior responsabilidade. Com a qualificação do Benfica para a fase de grupos da European League, estes jogos de maior grau de dificuldade serão importantíssimos para o crescimento de Gustavo.
Manuel Gaspar do Sporting é outra das fortes hipóteses, ele que foi de reserva para os Jogos Olímpicos e parece ter cimentado o seu lugar no Sporting (pelo menos enquanto Skok ainda não está em plenas condições físicas).
Lateral Direita
Com a exclusão de Gilberto Duarte na convocatória inicial para os Jogos Olímpicos, Paulo Pereira virou uma página na lateral direita da equipa das quinas. Foram anos e anos de Gilberto na selecção, sendo um dos representantes máximos do nosso andebol lá fora.
Cavalcanti tem crescido no Nantes e André Gomes experiencia pela primeira vez uma aventura longe de casa, na exigente liga alemã. Estes dois jovens de 24 e 22 anos, respectivamente, terão um papel fundamental no rendimento futuro (a curto prazo) da nossa selecção! André Gomes terá que ganhar consistência para juntar à sua explosividade e Cavalcanti terá de somar minutos atrás de minutos nas exigentes ligas francesa e europeia, o que lhe dará uma enorme bagagem para juntar ao seu talento.
Podemos também falar de Martim Costa, embora não saibamos como regressará da lesão e de Salvador Salvador, embora este seja ainda demasiado novo e precise primeiro de cimentar o seu lugar no Sporting (o que parece estar a acontecer).
Revista Olímpica# O que ainda pode acontecer em Tóquio? https://t.co/Tk5AfBfeGk
— Fair Play (@FairPlaypt) August 2, 2021
Pivô
Existem Iturriza, Salina e Alexis Borges, mas o professor não abdica de 4 pivôs, e Frade tem sido esse quarto homem. Sem a presença física em termos defensivos dos outros 3 elementos, Frade tem evoluído nesse aspecto. O pivô do Barcelona necessita de mais minutos e maior confiança para ganhar o seu espaço também na selecção de andebol. Se Iturriza e Alexis têm apenas 31 e 29 anos, respectivamente, sem grande histórico de lesões graves, já Daymaro Salina vai com 33, e todos os anos tem a sua paragem de recuperação. Salina tem, inclusivé, enganado tudo e todos, continuando a jogar ao mais alto nível no campeonato, competições europeias e selecção nacional.
Este ano, como o FC Porto tem menos 1 pivô do que o habitual (mesmo tendo Valdés para ajudar defensivamente), é esperado uma sobrecarga maior em Daymaro, pelo que o crescimento de Luis Frade se afigura essencial para o futuro da selecção. É uma posição carenciada e onde não temos grandes alternativas de qualidade (pelo menos deste nível físico e técnico) no campeonato nacional.
Podemos falar também de Miguel Martins, que emigrou para o Pick Szeged da Hungria, embora o Miguel já fosse um excelente jogador no Porto e na selecção, o futuro papel de Belone Moreira, agora cada vez mais central no Benfica, do crescimento do central André José, que deverá dar mais um salto qualitativo agora que se mudou para o Sporting, de Francisco Tavares, que pode ser o substituto de Areia ou Portela a breve prazo e até de Francisco Costa, jovem de 16 anos que começa a ganhar o seu espaço na lateral direita do Sporting.
Mas venham de lá esses jogos que o andebol português, a nível de clubes, até tem estado muito bem na europa!
Mais uma análise a como estão a correr estes Jogos Olímpicos aos nossos #HeroisDoMar.
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— Tiago (@tigas68) July 27, 2021