O campeonato perdido de Pecco Bagnaia

Diogo SoaresJunho 26, 20253min0

O campeonato perdido de Pecco Bagnaia

Diogo SoaresJunho 26, 20253min0
Terá Pecco Bagania já perdido esta temporada do MotoGP? Diogo Soares avalia a situação do corredor neste artigo para o Fair Play

Nove rondas já foram cumpridas e a décima está a começar e, apesar de ainda não haver um campeão, parece por demais evidente que já há um derrotado: Francesco Pecco Bagnaia. Escrevi para o Fair Play há um par de meses a dizer que a dream team da Ducati só se aplicava a um membro da dupla, no caso, Marc Márquez. E confirma-se cada vez mais.

Desta feita, foi no Grande Prémio de Itália, casa de Bagnaia, vencedor das últimas três edições, passou pelo inferno, apesar de ter chegado a liderar a prova principal. Posto isto, parece-me difícil acreditar que um piloto que tem tido dificuldades exacerbadas, nem sequer consegue ganhar em casa, que naturalmente daria um boost mental ao piloto de Turim para enfrentar o que esse segue na temporada.

Mas não pensemos por isso que o campeonato de Marc está ganho. Está muito bem encaminhado, mas em nenhuma situação podemos dar garantias a 100%. Não nos podemos esquecer que Aléx Márquez ainda sonha com o topo e, ao contrário de muitas pessoas, não me parece que facilite assim tanto nas lutas contra o irmão. Simplesmente não tem a mesma capacidade.

Voltemos a Bagnaia. No ano passado, as queixas sobre a dificuldade em controlar a frente nas travagens começaram a surgir, tendo se acentuado nesta época. Lembremo-nos que o bicampeão do mundo é, potencialmente, o piloto que mais se ‘pendura’ ao travão dianteiro da Brembo em toda a grelha. E atenção, não é uma crítica à empresa de travões italiana, até porque ninguém faz melhor travões que eles. Simplesmente, Pecco não se adaptou aos novos travões que a empresa de Bérgamo trouxe para o campeonato nas últimas duas temporadas.

Depois dos testes de Aragão, há pouco mais de duas semanas, o italiano disse que o novo travão (355mm) trazia-lhe mais confiança, o que deixou no ar que estaria lado a lado com Marc Márquez nas disputas pela vitória.

Na qualificação, as 59 milésimas que ficaram em défice para o companheiro de equipa perspetivavam uma grande batalha, o mau arranque de Márquez deu ainda mais expectativas aos tiffosi, mas cada chegada à curva 1, a mais exigente do mais campeonato para o travão dianteiro, a moto abanava de uma forma brutal, dificultando a inserção na mesma. Ora, isto acontecer uma vez, é mau, acontecer duas, três, quatro vezes ou praticamente em todas as voltas de uma sprint é terrível, aliás, imaginem o quão mau é se multiplicarmos esse problema por 20 e poucas voltas de uma corrida de domingo, piorando quando essas abanadelas acontecem durante lutas ‘corpo a corpo’.

Ainda assim, é provável que Bagnaia esteja a incorrer numa cadeia de erros ao não adaptar o seu estilo de pilotagem à GP25. Ou seja, no fundo, admitir que este não é o seu ano e terá de se reinventar, o que é sempre positivo aprender novas coisas, ou baixa o capacete continua a trabalhar com o que tem e faz o contrário do que acabei de referir e obriga a maquinaria a adaptar-se a si, o que é profundamente mais difícil.

Independentemente do que o piloto escolher fazer, precisa de ter na cabeça que este não é o seu ano e, com 28 anos, ainda tem alguns anos de pico de forma, podendo, por isso ganhar muitos mais campeonatos. Precisa, apenas, de ter a cabeça no sítio.


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