March Madness: O caminho glorioso para a Final 4
San Antonio, Texas – a caminhada acaba aqui. Estamos cada vez mais perto do One Shinning Moment, dos confetis a ser lançados no meio da arena, das lágrimas de tristeza por alguns estarem a jogar o seu último jogo universitário mas sobretudo dos sorrisos de quem passou por cinco rondas para poder cortar as redes dos cestos com os bonés de campeões. E que caminhada tem sido esta, o verdadeiro “March Madness”.
Villanova (1) – Kansas (1) no East/Midwest e Loyola Chicago (11) – Michigan (3) no South/West sobreviveram a todas as batalhas e têm os olhos postos no objectivo final, o título. Algo que para alguns seria inédito, para outros uma repetição mas para todos o culminar de um trabalho que a universidade tem vindo a desenvolver desde o recrutamento de atletas que se inicia bem antes do jogo começar.
Mas vamos dar uns passos atrás e ver o que de melhor se passou nestas últimas semanas e todas as histórias que foram criadas pelo caminho.
É impossível não começar por referir a maior “upset” da história, onde pela primeira vez na competição desde que foi criada em 1939 um (1) em Virginia foi eliminado na Ronda de 64 pela UMBC (16). A Universidade de Maryland e Baltimore fica assim na história por ser a primeira a conseguir tal feito e assim nasceu também uma lenda dos nossos dias, o gestor da conta de Twitter da faculdade que se tornou uma “Internet Sensation” com os seus comentários na rede social.
Nesta Round of 64 existiram outros elementos, apesar de menor magnitude, que criaram imensa sensação e tornaram o torneio indescritivel desde a eliminação de (4) Arizona frente (13) Buffalo onde ficaram em evidência os problemas internos de Shaun Miller, o inicio da ascensão de Loyola Chicago (que falarei mais tarde em pormenor) mas também vários jogos que foram resolvidos no último minuto com relevância para as vitórias de (11) Syracuse e (6) Houston e as dificuldades de (3) Michigan State e (4) Gonzaga em avançar frente a equipas de menor calibre. Pelo caminho ficaram vários jogadores que no próximo Verão irão apertar a mão de Adam Silver no draft da NBA como DeAndre Ayton, Trae Young, Michael Porter Jr, Alonzo Trier, etc.
Na Round of 32 aguardava-nos a verdadeira loucura e até agora os maiores ratings de sempre a nível televisivo desta competição tais foram as surpresas, os thrillers e as histórias que iriam nascer destes matchups apesar de ser tão cedo no torneio.
(7) Nevada passou a ser uma das equipas a abater, ou pelo menos a controlar, depois de vencerem (2) Cincinnati tendo recuperado de uma desvantagem de 22 pontos para vencerem com um cesto nos últimos segundos. Os Seminoles de (9) Florida State eliminaram a (1) da sua região em Xavier de forma convincente (lembram-se de referir que Xavier era a (1) mais fraca dos últimos anos? Pois…).
Jordan Poole mostrou-se uma das estrelas por (3) Michigan com o seu buzzer beater que eliminaria (6) Houston. (11) Syracuse iria despachar a equipa de Tom Izzo nos Michigan State onde o desconforto das opções do veterano treinador em deixar a futura lottery pick Jarren Jackson Jr de fora na maior parte da segunda parte e ao aproveitar mal as capacidades da outra futura pick em Miles Bridges foram grande tema de conversa entre os especialistas.
(7) Texas A&m exposeram todos os problemas defensivos da (2) North Carolina desvastando-os por 21 pontos de diferença. E para finalizar, os Retrievers de UMBC ainda se aguentaram durante 3/4 do jogo mas no fim, o maior talento e a excelente liderança de Bruce Weber, fez com que (9) Kansas State avançassem com uma vitória, terminando assim a Cinderella Story desta faculdade.
O Sweet Sixteen é claramente marcado pela história da “Estrela do basquetebol universitário com 98 anos”, Sister Jean e os seus lobos de Loyola Chicago.
A freira foi presença em todos os jogos da faculdade e é a figura do torneio com as suas declarações, reacções às vitórias e ao ser uma “imagem de marca” que também esteve presente em 1963, quando Loyola Chicago chegou a Final4 tendo sido a primeira universidade a jogar de inicio com atletas de cor (algo totalmente inconcebível para o basquetebol da altura).
A equipa da Missoury Valley Conference é a maior história deste ano, não só pelo basquetebol atractivo que praticam com excelente colectivo nos dois lados do campo mas sobretudo pelo que está detrás deles e o quanto estão a dar a uma conferência pequena e a uma instituição que apenas esporadicamente marca presença na alta ribalta da NCAA.
Neste mesmo Sweet Sixteen ainda é de referir o matchup entre Jim Boheim e Coach K, dois dos treinadores com maior percentagem de vitórias em todo o desporto onde com um matchup puramente defensivo criaram uma partida totalmente atípica mas ao mesmo tempo das mais seguidas de toda a competição onde a equipa de Duke sairia vencedora.
Chegamos assim ao Elite 8, onde Jay Wright e Villanova continuou a sua tremenda caminhada under the radar vencendo (3) Texas Tech, liderados pelo base Jalen Brunson e a futura lottery pick Mikal Bridges. Os Wolverines de Michigan mostraram toda a sua versatilidade com vários jogadores em destaque como Moritz Wagner e o transfer de uma faculdade de Division III em Duncan Robinson. Loyola Chicago, já com Sister Jean a ser imagem presente (nem que fosse em t-shirts) continuou a sua Cinderella Story batendo Kansas State de forma totalmente incontestável.
No matchup mais esperado em todo o torneio, Duke esteve a um cesto de avançar novamente para a Final 4 quando Grayson Allen lançou e a bola bateu em todas as partes possiveis do cesto acabando por não entrar, levando assim ao prolongamento, onde a ausência de Wendell Carter Jr por faltas e os problemas defensivos de Marvin Bagley Jr foram expostos apesar da defesa zona com o transfer Malik Newman a tomar as rédeas do jogo ofensivo de Kansas decidindo a partida praticamente sozinho para o conjunto de Bill Self.
Alguns dados curiosos sobre o March Madness 2018, até ao momento:
– Desde 2005 nenhuma equipa que tenha vencido no prolongamento do Elite 8 conseguiu ver o torneio. (Será a equipa de Bill Self a primeira?)
– Loyola Chicago apenas conta com 3% de probabilidade de vencer o torneio segundo a estatística BPI.
– Michigan se vencer o torneio, será a primeira equipa de sempre a consegui-lo sem ter de bater uma equipa de ranking (1) até (5).
– Com a última vitória no Elite 8, Villanova é a equipa com mais vitórias de sempre num espaço de 4 anos. O conjunto de Jay Wright obteve a sua vitória número 134.
– Apenas 550 dos 17,3 milhões brackets preenchidos a nível mundial possuem estas quatro equipas na final4.
O Alamadome em San Antonio será a casa para 70,000 pessoas que poderão assistir à Final 4 ao vivo onde todas as histórias se irão encontrar, os sentimentos estarão ao rubro mas onde apenas um sairá campeão. Quem irá levantar o título e suceder a North Carolina?