O reerguer dos Cavaliers

Rui MesquitaDezembro 10, 20176min0
Os Cleveland Cavaliers começaram a época da pior maneira (5-7) mas deram a volta por cima e já são segundos no Este. O que levou a esta transformação?

A equipa de LeBron James é segunda no Este com 19 vitórias e 8 derrotas. Apesar de terem começado muito mal a época, os Cavaliers deram a volta por cima. Recuperaram com uma série de 13 vitórias que apenas terminou com a derrota em Indiana contra os Pacers. Ontem os Cavaliers regressaram às vitórias com uma boa exibição sobre os 76ers sem Kevin Love nem Tristan Thompson.

O início turbulento

Cleveland perdeu Irving neste verão. Perder um all-star é SEMPRE complicado e o substituto direto na troca (Isaiah Thomas) chegou lesionado e ainda não jogou. Sem o seu base titular e com LeBron a assumir totalmente a construção, os Cavaliers tiveram dificuldade nesse aspeto. Para além desta mudança gritante de processos, o banco dos Cavs não se mostrou capaz de responder. Sem LeBron a comandar a equipa, o banco não correspondia. Derrick Rose não pegou bem na segunda unidade e isso trouxe problemas.

Mas o base não foi o único problema da equipa. LeBron não arrancou a todo o gás, bem como Wade e Love. Apesar disso, a percentagem de acerto da equipa não foi o maior problema nesta fase menos conseguida (48.1% FG% e 35.1% 3P%). Os Cavaliers conseguiam marcar com regularidade, mas o basquete jogado não era o melhor. E defensivamente a equipa parecia perdida. Mesmo com adições importantes como Crowder ou Wade, a equipa de Cleveland apresentou um defensive rating de 113.1 nos seus 12 primeiros jogos. Uma prestação defensiva deplorável para um candidato ao título.

A estatística mais impressionante deste início atribulado é, em 4 das 7 derrotas, os Cavaliers terem perdido por mais de 15 pontos. Foram jogos pouco disputados e com um único sentido. Mesmo sem Isaiah Thomas, LeBron e companhia tinham obrigação de fazer melhor.

Outro fator que salta à vista é a falta de esforço. Depois de começar a época com uma vitória (102-99) contra os rivais de Boston, Cleveland desistiu de múltiplos jogos. Ganharam apenas 49.1% dos ressaltos nesses 12 jogos. Algo incompreensível para uma das equipas com um dos frontcourts mais fortes da NBA (James – Love – Thompson).

Tyronn Lue foi muito contestado no início conturbado dos Cavs (Foto: Basketball Insiders)

O ponto de viragem

Depois de uma vitória com os Mavericks os Cavaliers viajaram até Nova Iorque. Defrontavam os Knicks no Madison Square Garden e o ambiente era de cortar à faca. A má fase de Cleveland trazia comentários e LeBron James largou uma bomba. Os comentários sobre Frank Ntilikina (rookie dos Knicks) caíram mal no adversário e motivaram respostas azedas de Kanter e Porzingis. Os Cavaliers estiveram mesmo a perder por 23 pontos, mas explodiram no quarto período. Uma exibição de gala de LeBron (23 pontos 12 assistências e 9 ressaltos) e de Kyle Korver (21 pontos) levaram à vitória. LeBron mostrou a sua frieza ao sentenciar o jogo com um triplo (do lado esquerdo, claro).

Mas mais do que a produção ofensiva e do que a boa construção demonstrada, esteve a defesa. No último período os Cavaliers demonstraram que conseguem defender e LeBron provou que é um excelente defensor. Anulou quase por completo Porzingis e foi crucial nas ajudas defensivas.

Depois de um jogo como esse os Cavaliers motivaram-se. As engrenagens alinharam-se e a equipa começou a acreditar em si própria. Passou a querer vencer e a querer ser a melhor equipa da liga. E querer é o primeiro passo para o conseguir.

O melhor jogador do mundo carrega os Cavaliers às suas costas (Foto: The Undefeated)

A streak e o presente

Esse jogo em NY foi o segundo de uma série de 13 vitórias (igualando o recorde da equipa) dos Cavaliers. Algo impensável aquando das 7 derrotas em 12 jogos. E os motivos para tal mudança são claros:

  • Os ressaltos. Kevin Love é um dos melhores rebounders da liga e começou a mostrar isso. A equipa passou de 40.8 ressaltos por jogo para 43.4. A maior diferença é mesmo defensivamente, permitindo cada vez menos segundas oportunidades ao adversário.
  • Dwyane Wade. O base tem 35 anos e está longe dos seus melhores tempos, mas tem sido importante nesta fase da equipa. Liderando a segunda unidade Wade tem 11.5 pontos por jogo e 3.9 assistências por jogo. A parceria com LeBron funciona como sempre e animicamente pode ser o que o King precisa para se manter ganhador e motivado.
  • Toda a segunda unidade. O banco dos Cavs passou de 0.6 de +/- para 5.4. Mais de 4 pontos de diferença desde o início da série de vitórias. Wade, Korver, Frye e Krowder têm contribuído de forma excelente para este reerguer. Principalmente em jogos sem habituais titulares, como ontem diante dos 76ers.
  • Defense Defense Defense! Os Cavaliers passaram de (nos primeiros 12 jogos) 113.1 pontos concedidos (por 100 posses) para 103.0 nos últimos 15 jogos. Uma diferença abismal que ajudou a ganhar 13 jogos consecutivos e passar de um registo de 5-7 para 19-8 num ápice.
  • Melhores decisões de Tyronn Lue. O treinador dos Cavs ajustou as diferentes unidades (com Wade a liderar a segunda) e isso melhorou automaticamente a equipa.
  • LeBron James. O número 23 é o melhor jogador do mundo. O mais completo, o mais decisivo, o melhor preparado. A sua capacidade de liderança mantém os Cavaliers em sentido, mesmo quando ele não está em campo. A sua construção é a base da ofensiva da equipa (leva 8.7 assistências por jogo). E claro, 28.3 pontos por jogo levam qualquer equipa para a frente.
Wade teve um início fraco mas é, agora, crucial a liderar a segunda unidade (Foto: Cavs Nation)

O resto da época

A derrota em Indiana quebrou a série de vitórias, mas os apontamentos foram os mesmos. A época é longa e para Cleveland tudo se resumirá aos playoffs e a uma nova luta nas finais. Mas o futuro parece tranquilo para os vice-campeões. LeBron está a jogar o seu melhor basquetebol e só isso carrega a equipa para a frente. Tudo isto antes do regresso de Isaiah Thomas que irá, seguramente, melhorar a equipa.


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