Os all-stars que não serão all-stars

João PortugalJaneiro 23, 20207min0

Os all-stars que não serão all-stars

João PortugalJaneiro 23, 20207min0
Os all-stars da NBA estão quase escolhidos e há nomes que mereciam lá estar e não estarão! Descobre alguns desses aqui e diz-nos se concordas com as escolhas!

Antes que o título suscite alguma dúvida, este artigo serve para enaltecer as boas épocas de 10 jogadores (foi feita uma tentativa de seguir critérios de igualdade entre posições e conferências) que claramente não são All-Stars, não porque não sejam bons, mas porque existem muitos craques na NBA.

Os chamados roleplayers de qualidade, até porque estarão alguns selecionados neste texto, mostram qualidade e dão às suas equipas exatamente aquilo que elas precisam, seja ao nível defensivo, de lançamento exterior, de playmaking, na luta nas tabelas. Os critérios de seleção usados são, principalmente, a capacidade de tirar um rendimento muito positivo do campo, portanto, jogadores que nos minutos que estão em court, mesmo que sejam 20-25, contribuem para que a sua equipa durante esse período seja constantemente melhor que a adversária, estão em vantagem.

Sem mais demoras, vamos tentar dividir dois “cincos”, um para cada conferência, porque eu sou antiquado, para além de que existem muito mais roleplayers do que estrelas. Não há conferências órfãs de supporting cast.

Front-court Oeste

Ivica Zubac – Penso que ninguém considera que o croata mereça ser All-Star, contudo a produção do big dos Clippers, oferecido pelos Lakers no ano passado, nos 17 min que joga por partida são de realçar. Consegue 20% de todos os ressaltos, lança a 59%, faz poucas faltas e tem poucas perdas de bola, e está, inclusivé, no top10 da NBA em Win Shares por 48 min, uma das métricas mais utilizadas para atribuir o contributo de cada jogador para o sucesso da equipa. Neste campo está à frente de Lebron James.

E para jogarem ao seu lado, um big que ao quinto ano na liga conseguiu assumir a titularidade na sua equipa, Richaun Holmes, dos Sacramento Kings e por um rookie, que cada vez mais pessoas questionam como é que foi possível ter havido 20 jogadores escolhidos antes de si, falo de Brandon Clarke, dos Memphis Grizzlies.

Richaun Holmes está a contribuir muito em Sacramento (Foto: Yahoo Sports)

O caso de Clarke é extremamente simples, está no top8 da NBA nas seguintes categorias: FG% – 63%, o que, obviamente o faz estar no mesmo top nos lançamentos de 2pt; TrueShooting% com 68%; eFG% com 66% e é ainda top5 em OffRtg com 128,8, ou seja, os Grizzlies marcam 128,8 pontos por 100 posses de bola com ele em court, avassalador.

Richaun Holmes, a meu ver, foi um dos jogadores do “The Process” dos Philadelphia 76ers que nunca poderia continuar na equipa depois do contrato de rookie. Não é bom o suficiente para ter um salário ao nível de um dos titulares, nem perto disso, mas também não é mau para que não suscite interesse de outras equipas que lhe queiram oferecer muito mais dólares que os 76ers poderiam. Foi mesmo isso que aconteceu e a isto chama-se “Revisionist History”, porque se ele hoje ganhasse 2 ou 3 milhões de dólares por ano para jogar 10-15 minutos por jogo em Philly, eu estaria estado “calado”. Já agora, os 5 milhões por ano que os Kings lhe pagam continuam a ser um enorme “steal”.

Back-court Oeste

Este primeiro nome é muito fácil, até porque o Oeste está tão recheado de talento que não há grande risco de Shai Gilgeous-Alexander vir a ser All-Star já no mês que vem, contudo certamente lá chegará rapidamente. A troca que o trouxe para OKC pode vir a dar um ou mais anéis de campeão a Paul George, mas os Thunder têm que ficar contentes com o retorno que tiveram. Estes 20 pontos por jogo com 6 ressaltos e 4 assistências são o princípio de um longo estrelato… e que honra é começar esta viagem ao lado de um dos três melhores bases da história, Chris Paul.

Para concluir, alguém que também joga com um rapaz que deixará uma marca imensa na história da NBA, Delon Wright, dos Dallas Mavericks. Wright é o oitavo jogador mais utilizado nos Mavs, porém é o segundo melhor nas estatísticas avançadas, logo depois de Luka Doncic. Como é que o consegue? Com uma boa percentagem de lançamentos, poucos turnovers, boa tomada de decisão, bom passe e, acima de tudo, é alguém que está bastante bem adaptado ao role que ocupa, pois já o fez com qualidade e sucesso nos Raptors, quando estava na sombra de Kyle Lowry e Demar DeRozan.

Delon Wright é uma das boas surpresas dos Mavs (Foto: Morning News)

Front-court Este

Aqui começa logo uma aldrabice, porque não há dois postes de origem que merecem bastante esta menção, logo o Este jogará com dois bigs. Mitchell Robinson dos New York Knicks e Daniel Theis dos Boston Celtics.

Há muito mérito de Robinson, noite após noite, sendo que só foi titular por nove vezes, na capacidade que mostra para ser um ativo sempre positivo em court, seja qual for o resultado final, e, obviamente, joga numa equipa longínqua dos playoffs.Tem um potencial defensivo muito para além dos abafos que entram vezes sem conta nos highlights da NBA.

Quanto ao alemão, se a vossa resposta há seis meses atrás para: “Quem vai ser o poste titular dos Boston Celtics em 2019/20?”, foi Daniel Theis, deviam ter usado o vosso dom para ficarem ricos. Não só começa aos poucos a mostrar capacidade para marcar triplos com uma eficácia aceitável (28% é insuficiente), como não compromete a defender e tem qualidades de playmaker, como quase todos os bigs europeus que chegam à liga americana.

Com dois C’s de origem, é necessário equilibrar a equipa com um extremo capacitado para jogar tanto a 3 como a 4, SF ou PF, facto que na Flórida é conhecido como: “Qualquer jogador dos Orlando Magic”, sendo que aquele que desempenha melhor a função e merece que o franchise aposte muitas fichas no seu desenvolvimento como estrela: Jonathan Isaac.

A jogar ao lado de Nic Vucevic e Aaron Gordon, Isaac está habituado a mostrar rendimento com pouca bola e é a milhas o melhor defensor dos Magic, que têm a 5ª melhor defesa da liga.

Back-court Este

Aqui serei mais tradicional, escolhendo um armador e um puro SG…nem por isso…as duas escolhas para backcourt dos No-Stars são Fred VanVleet dos campeões Toronto Raptors e Devonte’ Graham que pegou nas rédeas dos Charlotte Hornets, após a saída de Kemba Walker, como se a equipa já fosse sua. Penso que este par de jogadores encabeçaria qualquer votação de: “Quais são os jogadores mais improváveis a vir a ter médias perto de 20 pontos e 8 assistências, em 2019/2020?”

Fred VanVleet é uma estrela na equipa canadiana (Foto: Sportsnet Canada)

O volume de triplos e a eficácia com que Graham os marca também é notável, é que o rapaz passou de lançar menos de 3 por jogo para quase 10, e aumentou a % de acerto em 10 pontos percentuais, de 28% para 38%. A transformação de VanVleet foi menos radical, porque continua a ter um jogador de classe mundial ao seu lado, em Kyle Lowry, que mesmo com ambos a partilharem muito tempo em court, nunca deixará de ser o principal ball handler dos Raptors. Ainda assim são 7 triplos tentados por jogo com 39% de acerto, muito bom.

 

Que outros não All-Stars estão na vossa equipa e foram omitidos neste texto? Deixem o vosso comentário no nosso Facebook ou Instagram.


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