Jornada de finais com três portugueses em acção
Segundo dia dos Europeus de Piscina Curta que decorrem em Copenhaga, uma das melhores jornadas de sempre para os portugueses em Europeus de Curta. Diana Durães, João Vital e Gabriel Lopes foram os representantes lusos da parte da tarde
Depois de um primeiro dia bastante positivo para as cores portuguesas (ver resumo aqui), o segundo não foi diferente com três portugueses em acção na sessão da tarde.
João Vital, Diana Durães e Gabriel Lopes foram os representantes lusos em duas finais e uma meia-final, aos quais se juntou Miguel Nascimento com a sua participação nas eliminatórias dos 200 metros livres.
Saiba como correram as provas dos quatro:
João Vital
Depois de um bom arranque no dia de ontem nos 400 metros livres, com novo record pessoal, no dia de hoje o sportinguista nadava a sua melhor prova, os 400 metros estilos.
João Vital tinha o 20º tempo de entrada, com o seu tempo realizado no ano passado, nos mundiais de Windsor de 4:11.80, apenas 6 décimos acima do seu record pessoal. Numa prova com final directa, chegar lá era uma hipótese muito remota, mas aconteceu!
O nadador de 19 anos nadou na terceira e última série, na pista 9, ou seja, com o pior tempo de inscrição da série, o que indicava uma coisa: se Vital se visse à frente dos seus adversários mais próximos era porque, em princípio, a prova estava a correr bem.
Pode não ter sido isso que pensou na passagem aos 100 metros, uma vez que seguia no 10º e último lugar da série, mas o que é facto é que realizou a sua passagem mais rápida da carreira – 57.07 -, depois veio o percurso de costas, aquele que é a sua praia…ou a sua piscina, e o português nadou num fabuloso parcial de 1:02.44, também o melhor de sempre, que o levou até ao 5º lugar da série. Bruços podia ser um segmento complicado para o nadador do Sporting, mas mais uma vez Vital esteve ao seu melhor nível. Parcial de 1:10.78 (primeira vez em 1:10) e ainda ascendeu ao 4º lugar. Para não destoar, também em crawl nadou mais rápido que nunca, perfazendo os últimos 100 metros em 58.94. Apesar disso baixou duas posições classificando-se em 6º na série e em 9º na geral, mas como o terceiro húngaro ficou à sua frente, Vital ficou apurado para a final com novo record pessoal de 4:09.23, menos 2 segundos que o seu anterior máximo.
Vital foi determinadíssimo para a final e abriu mariposa com parcial de 56.83, primeira vez em 56 segundos, seguindo em 5º na final. O percurso de costas foi percorrido com 1 centésimo a mais do que na parte da manhã (1:02.45). Bruços é que foi ligeiramente pior (1:11.19), mas o português conservava o 5º lugar. Em crawl voltou a fazer melhor do que na parte da manhã – 58.70 – mas voltou a perder posições, terminando no 8º lugar da final e a bater novamente o seu record pessoal: 4:09.19 é agora o seu melhor tempo nos 400 metros estilos.
Depois de na época passada ter passado muito tempo sem competir por lesão, Vital voltou e melhor que nunca!
Gabriel Lopes
Entrada em grande na competição do nadador do Louzan Natação. Gabriel iniciou a sua participação em Copenhaga na prova onde é recordista nacional em piscina longa, mas não é (spoiler alert: não era) em piscina curta, ou seja, os 100 costas.
O nadador de 20 anos surgia com o 25º tempo na hierarquia dos 100 costas, com os 52.21 feitos em Windsor no ano passado, o segundo melhor tempo português, apenas superado pelo record nacional de Alexis Santos de 52.03.
Tal como João Vital nos 400 estilos, também Gabriel Lopes ia desafiar as teoria das probabilidades e tentar passar a fase seguinte, que nos 100 costas são as meias finais. A série era a 4ª de 5 e a pista era a 0, uma pista pouco convidativa a grandes marcas, mas também essa teoria Gabriel desafiou e foi bem sucedido. O lousanense foi terceiro na série com o tempo de 51.68, um extraordinário novo record nacional para o primeiro português abaixo dos 52 segundos nos 100 costas.
A prova foi perfeita, com passagem em 24.96 (o seu primeiro sub-25 na passagem aos 50) e segunda metade em 26.72 (o seu primeiro sub-27 nos segundos 50). Foi o 13º das eliminatórias e, consequentemente, apurado para a meia final.
À tarde nadou na pista 1 da 2ª meia final e ainda começou melhor. 24.77 foi o tempo de passagem a meio da prova, mas um pequeno deslize na viragem dos 75 metros impediu que a segunda metade também fosse melhor que da parte da manhã (27.07), não conseguindo, por isso, voltar a bater o seu máximo, mas conseguindo voltar a nadar em 51 segundos. 51.84, para o 16º lugar das meias finais.
A demonstração de forma que Gabriel Lopes hoje deu gera boas expectativas para amanhã, quando irá nadar os 200 estilos na 4ª série. A mesma que Diogo Carvalho e Alexis Santos.
Diana Durães
A segunda final do dia com portugueses em acção foi a dos 800 metros livres femininos, com Diana Durães a alinhar na pista 1.
Ontem a nadadora do Benfica tinha nadado em 8:30.20 para se apurar para a prova decisiva.
Hoje, Diana entrou muito forte. Aos 200 metros passou 1,07 segundos mais rápida do que o seu parcial para record nacional, com 2:02.86, seguindo no 5º lugar, mas foi-lhe impossível manter os parciais de 31.5 e aos 400 metros já passou 6 centésimos mais lenta que os 4:09.91 que fez em Moscovo quando marcou os 8:24.09 do record português.
Por essa altura seguia no 7º lugar com parciais de 32.0 que manteve até 150 metros do fim. Foi dos 650 aos 750 que se desviou da rota do record nacional, acabando por realizar o tempo de 8:26.35, o segundo melhor tempo português de sempre e 7º lugar na final dos Europeus.
Diana Durães foi apenas a terceira nadadora portuguesa a nadar uma final de Europeu de Curta, depois de Maria Carlos Santos em 1998 e 1999 e de Victoria Kaminskaya no dia de ontem.
Estes já são, portanto, os melhores Europeus de sempre para a natação feminina portuguesa.
Miguel Nascimento
Depois dos dois recordes nacionais absolutos – os primeiros da carreira a título individual – feitos nos nacionais de piscina curta, a participação de Miguel Nascimento nestes Europeus está envolta em grande expectativa.
O nadador do Benfica começou o seu programa de provas com os 200 metros livres.
A julgar pelo que fizera nos 400 e 800 nos nacionais do Porto, nos 200 livres também era expectável uma grande marca.
Miguel nadou na 4ª de 6 séries, inscrito com o tempo feito em Windsor de 1:46.56 e, tal como Gabriel, também na pista 0.
O nadador algarvio partia para a prova com dupla mira: melhorar o seu record pessoal de 1:46.20 e tentar o record nacional, na posse de Luís Vaz, de 1:45.25. A passagem a meio da prova comprometia ambos os objectivos. Desta vez passou em 51.58. Aquando do seu RP passou em 51.09 e Luís Vaz passou em 50.51, mas no seguimento do que já tinha mostrado no Porto, Miguel está com muita facilidade a manter ritmos altos. Fez os segundos 100 metros em 54.45. Em 2015 (quando marcou 1:46.20) fez 55.11 e Vaz nadou em 54.74.
Miguel Nascimento terminou com 1:46.03, seu novo máximo pessoal, que lhe deu o 25º lugar final, melhorando o 30º lugar de entrada.
Amanhã é a vez de nadar os 50 livres.