[Aqua Moments] Terá sido a melhor prova de sempre?

João BastosOutubro 1, 20174min0

[Aqua Moments] Terá sido a melhor prova de sempre?

João BastosOutubro 1, 20174min0
O Aqua Moments desta semana viaja até à Grécia em 2004 para revisitar uma prova que ficará na história pelos seus intervenientes

O Fair Play continua a sua série de artigos que recordarão momentos históricos (uns mais do que outros) da natação. O Aqua Moments olhará para o retrovisor e reviverá marcos incontornáveis da história da modalidade


Dia: 16 de Agosto de 2004
Local: Centro Aquático Olímpico de Atenas
Prova: 200 metros livres masculinos

Os Jogos das 28ªs Olimpíadas da era moderna, disputados no local onde tudo começou – Atenas – foram marcados com momentos como a dupla vitória de Hicham El Guerrouj nos 1500 e 5000 metros (algo que não acontecia desde Paavo Nurmi em 1924), a derrota da dream team dos EUA nas meias finais do torneio de basket (foi a única vez que os EUA não venceram este torneio desde que foi aberto a jogadores profissionais em 1992), o afastamento das duas maiores esperanças de medalha gregas por controlo antidoping positivo, Konstantinos Kenteris e Katerina Thanou e pelo início da carreira olímpica gloriosa de Michael Phelps (já tinha estado em Sydney 2000 mas foi em Atenas que conseguiu as suas primeiras medalhas…e logo 8, sendo 6 de ouro).

Mas entre todas as efemérides, houve um momento mais alto que todos os outros. Aquela que foi apelidada pela “corrida do século” ou “a maior prova de natação de todos os tempos” foi disputada em Atenas 2004. Foram os 200 metros livres masculinos.

O alinhamento da final foi o seguinte:

  • Na pista 1, o italiano Emiliano Brembilla, tetra-campeão europeu dos 400 metros livres;
  • Na pista 2, o australiano Grant Hackett, nessa altura já prata nos 400 livres em Atenas, bi-campeão olímpico em Sydney, 7 vezes campeão do mundo e recordista mundial dos 1500 metros livres;
  • Na pista 3, o americano Michael Phelps, já campeão olímpico dos 400 estilos em Atenas, tetra-campeão mundial e recordista mundial dos 200 mariposa, 200 e 400 estilos;
  • Na pista 4, o holandês Pieter van den Hoogenband, bi-campeão olímpico em Sydney, a defender o título dos 200 livres em Atenas, recordista mundial dos 100 livres e recordista europeu dos 200 livres;
  • Na pista 5, o australiano Ian Thorpe, tri-campeão olímpico de Sydney e já campeão dos 400 livres em Atenas, 11 vezes campeão do mundo e detentor de 3 recordes do mundo, entre os quais o dos 200 livres;
  • Na pista 6, o americano Klete Keller, que já tinha conquistado duas medalhas em Sydney (prata nos 4×200 livres e bronze nos 400 livres) e em Atenas viria a conquistar mais duas, entre as quais um ouro nos 4×200 livres contra os favoritos australianos;
  • Na pista 7, o britânico Simon Burnett, o nadador com menor currículo dos 8 que chegaram à final. Com 21 anos, Burnett só contava com uma presença nos Jogos da Commonwealth, antes de Atenas 2004;
  • Na pista 8, o canadiano Rick Say, a repetir a presença na final dos 200 metros livres onde já tinha estado em Sydney e sido 7º.

Dificilmente o cartel podia ser mais forte, mas entre estes 8 fantásticos nadadores, uns eram mais favoritos que outros. A grande questão prendia-se com o duelo entre o holandês voador, campeão em título, Pieter van den Hoogenband e o recordista mundial, o torpedo Ian Thorpe, mas Phelps, apesar dos seus 19 anos, já era uma referência mundial, sobretudo depois de ter sido tetra-campeão mundial em Barcelona 2003. Ainda havia Hackett, o maior fundista do final do século XX e início do século XXI, a quem os 200 metros era uma prova demasiado rápida, mas que podia surpreender os adversários se estes tornassem a prova muito táctica.

A prova foi tudo o que dela se esperava e mais ainda, sendo disputada de forma muito rápida, com passagem aos 100 metros 1 segundo abaixo do record do mundo, com alternâncias na liderança e com as medalhas a serem decididas no toque na parede. Faltou apenas cair o record do mundo, mas foi estabelecido um novo record olímpico

Para quem viu, certamente se recorda não só do desfecho, como de cada metro nadado no êxtase da piscina olímpica de Atenas. Para quem não viu, não vamos estragar a surpresa, veja-a em seguida e julgue por si se não terá sido a melhor prova de sempre?


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS