MotoGP e Miguel Oliveira, o casamento cada vez mais distante
Se é certo que Miguel Oliveira tem tido tempos difíceis desde que saiu da KTM em 2022, é mais certo que a sua ligação à categoria rainha do motociclismo estará a chegar ao fim, pelo menos, a tempo inteiro.
A saída da construtora austríaca prometia um novo rumo à carreira de Oliveira. Escolheu a Aprilia de fábrica da então RNF em detrimento da Ducati da Gresini, que não era de fábrica. Se na altura a decisão parecia algo inacreditável, porque não se recusava a moto de então, o tempo veio a demonstrar que foi cometido um erro crasso. Oliveira deveria ter embarcado na Gresini, mesmo que não tivesse o apoio de fábrica da marca de Borgo Panigale.
Em 2023 nem tudo foi mau, a RNF contava com uma estrutura sólida, que não era absolutamente dependente da Aprilia. O piloto conseguiu por isso algumas boas exibições, batendo à porta dos pódios algumas vezes. O problema? Foi fustigado por lesões, quer no início da época, quer no final, acabando por perder quatro Grandes Prémios na temporada. E o pior que pode vir das lesões não é a perda de forma, é a perda de confiança na sua pilotagem, mesmo nas vezes em que fora abalroado por outros pilotos.
Porém, a saída da equipa malaia devido à crise e a consequente substituição pela Trackhouse Racing trouxe mais um revés. A estrutura era nova e havia pouca comunicação entre a Aprilia e a equipa americana e, tirando o brilhante fim de semana no Sachsenring, nada de extraordinário se sucedeu na temporada.
2025 trouxe a Yamaha e a Pramac, mas a sentença veio logo na segunda corrida, na Argentina. Abalroado por Aldeguer e mais uma lesão extensa no ombro direito. Quatro Grandes Prémios já perdidos este ano e apenas seis pontos na tabela. Parece ser o fim do piloto português no mundial de MotoGP, exceto a possibilidade de se tornar piloto de testes de alguma construtora.
Foi já dada a informação nos órgãos de comunicação social de que o piloto de 30 anos teria sido abordado pela própria Yamaha, mas também pela Ducati, para entrar a bordo do projeto das Superbikes. Resta saber se Miguel Oliveira aceita a oferta – e esperemos nós que sim.
Se a sorte nunca teve do seu lado, a verdade é que a sorte é algo que e trabalhada. Miguel falhou em 2022 e, desde aí, um rol de situações foram alinhando o seu fim de linha na maior competição de motos do mundo, da mais prestigiante. É pena para nós, portugueses que gostamos das corridas, porque perderemos o nosso ‘embaixador’, e porque em sequência perderemos o nosso Grande Prémio, voltando a ser atirados para a cauda da Europa.
Esperemos que a memória não nos falhe ao recordarmos as cinco vitórias.