MotoGP 2024: Martín do céu ao inferno

Diogo SoaresSetembro 8, 20246min0

MotoGP 2024: Martín do céu ao inferno

Diogo SoaresSetembro 8, 20246min0
Com o 1º lugar na mão em grande parte da corrida, Jorge Martín acabou por fechar em 15º e a dar a "Pecco" uma segunda vida

Num fantástico fim de semana de provas de MotoGP em Misano, Bagnaia levou a melhor sobre Martín na corrida mental e Márquez repetiu a vitória da última semana em Aragão, deixando o campeonato ainda mais aberto.

As notícias do fim de semana no icónico circuito de Misano começaram logo na quinta-feira de manhã, com o anúncio oficial de Miguel Oliveira como piloto de fábrica da Yamaha, mas na futura equipa satélite, a Pramac Racing. O contrato terá início em 2025 e estender-se-á até 2026.

A sexta-feira foi um dia difícil para o português. 22º e 14º nos treinos deixaram claro que iria ser um fim de semana difícil para o 88. Mas não só para ele, como para a Aprilia. Apenas Maverick Viñales garantiu a passagem direta à Q2 entre as quatro motos da construtora italiana. A Ducati dominou os treinos, conseguindo colocar quase todas as motos na Q2 – apenas Alex Márquez e Fabio DiGiannantonio fugiram à regra. Na KTM, Pedro Acosta e Jack Miller garantiram o top-10, deixando Binder na Q1, assim como Augusto Fernández. A Yamaha conseguiu demostrar que coisas boas estão a caminho, dado que Fabio Quartararo chegou ao oitavo posto, qualificando-se para a Q2 e Alex Rins ficou-se pelo 13º lugar. Na Honda, nenhuma surpresa, todos os pilotos estiveram longe de ter um bom ritmo, com um aparte: Joan Mir não participou nos treinos por estar com uma gastroenterite.

Um agravamento do seu estado de saúde ditou o fim do GP de San Marino para Mir. O piloto focava-se assim em curar-se para o teste oficial da segunda-feira pós-GP neste mesmo circuito.

Na Q1, Alex Márquez foi o piloto mais rápido, garantindo a qualificação para a Q2: 1:30.903 foi o tempo do piloto espanhol. Binder ficou logo atrás do piloto 73, a apenas cinco milésimos, qualificando-se para a Q2. Miguel Oliveira não foi além do oitavo posto da sessão, significando que sairia do 18º lugar. Nenhuma das três Aprilias que participou na Q1 chegou à Q2.

Na Q2, a Pecco Bagnaia conquistou a pole position com um tempo de 1:30.304. Franco Morbidelli ficou com o segundo posto a 285 milésimos e Bezzechi fechou a primeira linha da grelha a 305 milésimos do tempo mais rápido. O líder do campeonato Jorge Martín qualificou-se em quarto lugar, Marc Márquez caiu na qualificação e não foi além do nono lugar. A melhor KTM foi a de Pedro Acosta que ficou pelo quinto lugar. Na Yamaha, Quartararo conseguiu um excelente 10º lugar e na Aprilia o melhor foi Viñales, no 11º lugar.

Na sprint, Pecco Bagnaia fez um bom arranque, ao contrário de Morbidelli e Bezzechi, que perderam algumas posições, mas o grande destaque foi Jorge Martín, que arrancou como um míssil, ultrapassando Bagnaia na travagem para a curva 1. Na mesma curva, Morbidelli travou mais tarde e conseguiu recuperar as posições de pódio. Miguel Oliveira, preso no pelotão, não ganhou nenhuma posição no arranque. No final na primeira volta, o top-3 era composto por Martín, Bagnaia e Morbidelli, respetivamente.

Fabio DiGiannantonio foi o primeiro piloto a cair, na curva 14 da segunda volta. Ainda voltou à prova, mas no último lugar a mais de 20 segundos do piloto à sua frente, Takaaki Nakagami. Na volta 5, Marco Bezzechi caiu, confirmando o desastre para a VR46.

Enea Bastianini, em modo recuperação colou-se a Morbidelli na luta pelo terceiro lugar na penúltima volta. Na curva 8 da última volta, Bastianini travou mais tarde e atacou a posição do piloto da Pramac, mas alargou e permitiu que adversário segurasse a posição.

Martín foi superior em toda a prova e venceu a sprint, deixando desiludidos muitos dos fãs italianos que esperavam um domínio dos seus compatriotas. Bagnaia ficou em segundo e Morbidelli fechou o pódio.

Enea Bastianini e Marc Márquez foram os grandes destaques da sprint. Começando de 8º e 9º, respetivamente, acabaram em 4º e 5º. Pelo meio, Marc Márquez fez uma excelente ultrapassagem a Brad Binder e outra in extremis a Pedro Acosta.

A KTM contou com uma sprint muito consistente dos seus pilotos. 6º para Acosta, 7º para Binder e 8º para Miller foi o melhor possível neste circuito que é uma autêntica casa da Ducati. Augusto Fernández foi o único com um desempenho aquém das expectativas, terminando em 16º.

A Yamaha continuou a série de bons desempenhos, com o 9º lugar de Quartararo, salvando o último ponto de sábado. Rins não conseguiu recuperar e terminou em 19º. Ainda assim, demonstra que as evoluções recentes da construtora de Iwata estão a tirar dividendos. A Honda foi igual a si mesma, lenta. Quanto à Aprilia, a correr em casa, foi incapaz de meter uma moto no top-10. Miguel Oliveira foi o único a recuperar posições, terminando em 15º.

No domingo de manhã, a Honda comunicou que que Luca Marini acordou com febre e com sintomas de virose, tirando-o da corrida.

Mas o importante aconteceu as 14h locais. Pecco Bagnaia partiu bem, segurando a liderança, Morbidelli também arrancou bem e seguiu o compatriota. Martín fez um bom arranque e partiu ao ataque ao dois da frente, visto que Bezzechi perdeu várias posições. Martín tentou passar Morbidelli logo na curva 1, mas o companheiro fechou-o. A ultrapassagem viria a consumar-se na curva 5.

A corrida contou com vários toques de iniciais, e um quase incidente entre Martín e Bagnaia, dadas as difíceis condições de pista provocadas pelos chuviscos que caiam em Misano. Pedro Acosta hipotecou a sua prova na volta 4 ao cair na curva 14. Voltou à prova, mas na última posição. Morbidelli também foi do céu ao inferno na volta 7 ao cair na curva 1. Na volta 7, Martín abriu o leque de pilotos que foram trocar de motos para pneus de chuva. Cinco outros pilotos seguiram-lhe.

E a aposta dos pneus de chuva calhou como errada. Três voltas depois, estes mesmos pilotos voltaram a trocar de moto. A chuva já havia parado. Martín entregava uma oportunidade de ouro a Bagnaia para o rival se colar a si na tabela de pilotos. No entanto, nesta altura, o campeão do mundo estava na vice-liderança, atrás de Marc Márquez. Miguel Oliveira seguia na 11ª posição.

E, assim quem se viu na frente, Márquez foi absolutamente irrepreensível. Virou passeio. O piloto de 31 anos venceu, fazendo um ‘back-to-back’ ao domingo e deixando uma nuvem negra a pairar sobre a cabeça dos fãs italianos em Misano. Bagnaia seguiu-lhe em segundo, a uma distância de mais de três segundos. Bastianini fechou o pódio, a mais de seis segundos do vencedor. Oliveira terminou em 11º lugar. Foi o único piloto da Aprilia a não fazer trocas de moto. Martín ficou em 15º, conquistando apenas um ponto.

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