Análise à temporada de 2024 de MotoGP – Parte 2
Segue aqui a segunda parte da análise à temporada de 2024 MotoGP.
2º- KTM: 327 pontos
Em mais uma temporada sem vencer, a KTM teve um começo promissor, em que pairou no ar a possibilidade da construtora austríaca envolver-se na luta por vitórias com regularidade. Ora, com a grave crise financeira na empresa-mãe, idêntica aquela que atravessaram no início dos anos 90, e consequentes despedimentos de funcionários em Munderfing, foi notória a falta de evoluções na RC16. Brad Binder (Red Bull/KTM) e Pedro Acosta (GasGas Tech3) foram os principais pilotos da construtora, com o sul-africano a levar vantagem. Binder conquistou 217 pontos na temporada, tendo sido favoravelmente beneficiado pela sua própria consistência. Com apenas duas quedas ao domingo, terminou apenas uma corrida fora do top-10 do MotoGP – quando caiu em Misano -, e conseguiu alguns términos no top-5. Ainda conquistou um pódio ao domingo e outro na sprint, ambos no GP do Qatar. Nas contas finais, terminou no quinto posto.
Pedro Acosta podia ter sido o melhor classifica da marca fundada por Hans Trukenpolz, mas caiu demasiadas vezes. 28 no total e muitas delas em momentos cruciais, como por exemplo, as quedas na sprint e corrida de Motegi, desperdiçando a pole position conquistada. Porém, numa temporada de afirmação – e considerando a quantidade de campeões do mundo da KTM em Moto2 que foram completamente desperdiçados nos últimos anos -, Acosta confirmou o seu estatuto de futuro “superstar”. Com já dois títulos mundiais no bolso, em Moto3 e Moto2, resta a dúvida de quantos títulos de MotoGP ganhará. Terminou 2024 com cinco pódios de Grande Prémio e com quatro nas sprints e na sexta posição com 215 pontos.
Jack Miller e Augusto Fernandez não entraram nas contas dos construtores e arrisco a dizer que foram dois “zeros à esquerda”. O australiano conseguiu por três vezes o quinto lugar, duas delas nas sprints. Terminou a temporada em 14º com 87 pontos. Quanto a Fernandez, pouco ou nada há a dizer. Ficou em 20º lugar com 27 pontos. Estes dois seguiram carreira na com a Yamaha. Miller na Pramac, Fernandez como piloto de testes.
3º- Aprilia: 302 pontos
Dizer que a construtora de Noale teve um ano difícil seria um pouco leviano. É verdade que o começo foi algo promissor com pódios e vitórias em sprints e mesmo com o domínio absurdo de Viñales em Austin. Mas foi sol de pouca dura. Rapidamente, percebemos que a RS24 era uma mota altamente bipolar. Ora hoje funcionava a mota de Maverick Viñales, ora hoje a de Aleix Espargaró, ora hoje a de Miguel Oliveira. Nunca tinham um fim de semana consistente e livre de problemas.
Viñales foi o melhor piloto da construtora. Venceu uma vez ao domingo e foi quatro vezes ao pódio de sprints, duas delas no posto mais alto. Tornou-se ainda no primeiro piloto a venceu por três construtoras diferentes, depois de Suzuki e Yamaha. Terminou a temporada em sétimo com 190 pontos.
Espargaró até fez um início consistente da temporada, mas com o anúncio do fim de carreira, passou a assumir-se como um piloto em tour de despedida. Foi quatro vezes ao pódio em sprints, venceu uma delas. Na tabela ficou em 11º com 163 pontos.
Oliveira sentiu muitas dificuldades esta temporada, principalmente pela falta de apoio de fábrica que a equipa Trackhouse teve este ano. Para piorar, e apesar das poucas quedas (apenas seis), o high-side sofrido em Mandalika tirando a hipótese de participar em cinco GP’s. Destacou-se no Sachsenring, ao conquistar um segundo lugar na sprint e um sexto lugar nesta prova do MotoGP. Terminou a temporada com 75 pontos, na 15ª posição.
Still getting used to this 😅 pic.twitter.com/chxfSq2FKM
— Trackhouse MotoGP (@TrackhouseMoto) November 27, 2024
4º – Yamaha: 124 pontos
A única construtora sem equipa satélite nas duas únicas épocas e altamente dependente de apenas dois pilotos. Ainda assim, que grande evolução apresentou a Yamaha em 2024. Começaram com uma mota que não conseguia competir com nenhuma outra e era altamente dependente da qualidade dos pilotos e terminaram com uma YZR-M1 capaz de lutar no top-10. Parece que a restruturação que os nipónicos estão a realizar parece estar a dar frutos.
Fabio Quartararo foi de longe o melhor piloto da equipa, terminando muitas vezes no top-10. Chegou duas vezes ao top-5, mas em sprints. Terminou a temporada em 13º lugar, com 113 pontos. Apesar das claras melhoras, o piloto francês continua longe
Álex Rins parece estar longe da forma de outrora. Vencedor na Suzuki, vencedor na Honda, mas incapaz de sequer lutar contra o próprio companheiro de equipa Os problemas físicos do passado parecem persistir no presente e a falta de confiança assolou o piloto. Dificilmente recuperará e daí, a sua continuidade na equipa parece estar em causa para lá de 2025. Este ano ficou duas vezes no top-10 e terminou a temporada em 18º com 31 pontos.
5º- Honda: 84 pontos
A Honda continua a pagar a fatura pelo errado rumo tomado na última década. Ainda assim, parece que o rumo atual não trará dias melhores aos rapazes de Asaka, sendo que, surpreendentemente, a liderança de Alberto Puig não está posta em causa. 2024 assinalou como sendo o pior ano na história da Honda no MotoGP, tendo conquistado apenas 84 pontos. A melhor posição conquistada foi o oitavo lugar, por Johann Zarco, da LCR. Foi de facto, o único dos quatro pilotos a ter prestações respeitáveis este ano. Aliás, a LCR comportou-se como uma verdadeira equipa de fábrica em relação à satélite, o que é verdadeiramente irónico. Os 86 pontos da LCR contra os 35 da Repsol Honda comprovam isso mesmo.
Zarco foi mesmo o melhor piloto da construtora, conquistando 55 pontos e terminando em 17º lugar. Takaaki Nakagami foi o segundo melhor piloto, com 31 pontos, em 19º. Nakagami abandonou a carreira a tempo inteiro, dedicando-se a piloto de testes da Honda.
Os piores pilotos foram mesmo Joan Mir e Luca Marini, sendo que o italiano foi mesmo o pior deles. Marini demorou nove provas para chegar aos pontos e terminou a temporada com apenas 14 pontos, em 22º. Também foi o piloto que menos quedas sofreu, apenas 4, mas considerando a falta de ritmo competitivo que ele próprio produzia, não será de admirar as pouquíssimas quedas.
Joan Mir foi menos mau que o companheiro de equipa, terminou no top-10 apenas uma vez, na sprint do GP de Espanha, mas, para quem foi campeão do mundo em 2020, terminar com 21 pontos em 21º deve ser suficiente para repensar no rumo da sua carreira.
A temporada de MotoGP de 2025 terá início no último fim de semana de fevereiro, na Tailândia. Antes disso, nesse mesmo mês, seguem-se duas rondas de testes em Sepang e Buriram.