MotoGP 2025: o que dizem os testes de Sepang

Diogo SoaresFevereiro 11, 20255min0

MotoGP 2025: o que dizem os testes de Sepang

Diogo SoaresFevereiro 11, 20255min0
Testes e motos aquecidas, Diogo Soares conta o que se passou em Sepang e o que se pode esperar de cada equipa para este MotoGP 2025

Já se realizou a primeira ronda de testes para o MotoGP 2025 no circuito de Sepang, na Malásia, e contou um desempenho surpreendente de algumas construtoras.

A maior surpresa foi precisamente o desempenho da Yamanha, moto que Miguel Oliveira pilotará este ano, com maior destaque para Fabio Quartararo. O francês foi o mais rápido da construtora nipónica, tendo ficado no top-3 dos melhores tempos nos três dias, liderando no primeiro. Aliás, no terceiro dia, o campeão do mundo de 2021 marcou um tempo oito décimos mais rápidos do que havia feito na qualificação para o GP da Malásia de 2024. Em declarações pós-testes, o piloto afirmou que a melhoria entre 2019 e 2024 foi inferior à melhoria neste inverno, mas mostra-se cauteloso, porque “a tração ainda é fraca”.

Quem também se surpreendeu com a performance da Yamaha foi a Ducati. Tanto Pecco Bagnaia, quanto Davide Tardozzi apontaram o francês e a moto de Iwata como a principal ameaça ao trono da moto de Borgo Panigale.

Miguel Oliveira também conseguiu extrair bons tempos da YZR-M1, ficando no top-10 nos dois primeiros dias. Mostrou-se agradado com a performance da carenagem, mas admitiu que “ainda há muito para extrair”. Teceu ainda grandes elogios à estrutura da Pramac, dizendo que é a equipa mais profissional em que esteve na sua carreira.

Jack Miller sente-se bem na moto e também elogiou a Pramac. Com dois top-10 e um grande sorriso, o australiano parece acreditar que a sua forma de início de carreira pode voltar, acrescentando ainda o facto de, à semelhança de Oliveira, estar agradado com a estrutura atual da Pramac, que é ainda melhor do que aquela onde ele esteve entre 2018 e 2020, na altura, com uma Ducati.

Por falar em Ducati, a construtora italiana não apresentou grandes melhorias em relação à temporada passada, mas também não precisa. A vantagem da GP24 era tão grande que a GP25 não tem de ser melhor, basta ser igual à antecessora que o campeonato de construtores fica garantido.

No que diz respeito à Ducati Team, a dream team parece estar a funcionar – pelo menos, enquanto não competem entre si – e Francesco Bagnaia mostrou-se agradado com o seu novo companheiro de equipa pelo simples facto de ambos estarem em sintonia, isto é, as sensações transmitidas aos engenheiros são exatamente os mesmos. Bagnaia fez o melhor tempo, 1:56.500, no terceiro dia de treinos.

Fabio DiGiannatonio, piloto da VR46 que colhe grandes espectativas por parte da fábrica, sofreu uma fratura na clavícula esquerda, forçando-o a uma cirurgia em Itália que o deixará de fora da ronda de testes em Buriram e com o início de época em dúvida. Ainda assim, no pouco que rodou durante o primeiro dia, marcou 1:58.805, ficando-se pelo sétimo posto.

Na Aprilia soaram os alarmes com as lesões de Jorge Martín e de Raul Fernandez, sendo que a lesão do campeão do mundo provocou uma troca de galhardetes entre a equipa transalpina e a Michelin. Martín viu-se também obrigado a operar a mão e o pé e perderá os testes na Tailândia, Fernandez, apesar das lesões, foi dado como apto para começar a rodagem no circuito de Chang.

A extração de competitividade da RS25 ficou ao encargo de Marco Bezzechi e de Ai Ogura. O italiano teve um primeiro dia difícil, mas conseguiu uma melhor adaptação à moto no segundo e terceiro dia, ficando em 9º lugar nestes últimos dias. 1:57.328 foi o melhor tempo, mas o que mais importa são as sensações do piloto, que até foram boas. Assumiu as dificuldades em se adaptar a uma nova máquina, mas acredita que entrando no rumo certo, poderá ter bons resultados. Quanto ao japonês, o objetivo é diferente, primeiro, tem de se adaptar ao MotoGP, o que está a ir bem, segundo o próprio. Se de facto é assim, só no primeiro Grande Prémio saberemos

A KTM parece estar a distanciar-se das dificuldades financeiras graves que a empresa passa. No âmbito competitivo, os pilotos admitiram progressos nos três dias, sendo que Acosta foi o piloto que melhor controlou a RC16 em todas as sessões e que fez os melhores tempos. Foi, aliás, o único piloto da moto austríaca a chegar ao top-10. O seu melhor tempo foi cronometrado no último dia, com 1:57.175 que lhe rendeu o sexto posto

A maior preocupação prende-se sobre o facto de se vai haver evoluções ao longo da temporada. Pit Beirer, homem máximo da área desportiva da KTM, deu a entender que o foco será sempre aquele que estiver mais competitivo no campeonato. Ou seja, nem todos terão acesso aos mesmos desenvolvimentos e mesmo que todos tenham um desempenho semelhante, apenas um será escolhido, o que espelha a situação financeira em Mattighofen.

A Honda fez uma grande aposta na equipa de desenvolvimento, mas não parece ser para já que mostrará resultados. A moto é melhor, facto, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Romano Albesiano, diretor técnico da construtora, confirmou que encontraram uma base de trabalho na moto com um bom potencial, podendo a RC213V chegar a patamares competitivos ainda esta época. 1:57.204 foi o melhor tempo marcado para a construtora. O autor foi Johann Zarco, com a LCR-Honda com as cores da Castrol, que se mostrou otimista com a moto, mas também reservado, prometendo não revelar os segredos da moto de Asaka.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS