MotoGP 2025: Dream Team só para Marc Márquez
Desde junho de 2024, altura em que foi anunciada a contratação de Marc Márquez para a Ducati de fábrica, foram aumentando as expectativas sobre a equipa de sonho da construtora de Borgo Panigale. A receita era fácil: juntar um oito vezes campeão do mundo a um três vezes campeão do mundo na GP25, sendo que este último era o campeão em título. Se estendermos a bagagem, vemos que o combinado dos dois à época ascendia as 100 vitórias nos campeonatos do mundo.
Ora, aqui estamos em 2025 com dois grandes prémios já realizados e a conta não podia estar mais desequilibrada – quer dizer, até podia, mas ninguém espera que um piloto da Ducati oficial ande sem ritmo ao ponto de não pontuar. Márquez está a ter um início de sonho, duas poles position, duas vitórias em sprint e outras duas ao domingo e duas voltas mais rápidas. Quanto a Bagnaia, pelo contrário o melhor que conseguiu foi os terceiros lugares na Tailândia – qualificações e corridas –, sendo que na Argentina só esteve no pódio na sprint. Na qualificação e na corrida principal não foi além do quarto lugar. Na contagem de pontos, o espanhol leva a pontuação máxima possível, 74 pontos, e o italiano leva apenas 43 pontos.
Pelo meio há ainda uma personagem secundária que tenta ganhar protagonismo neste filme de terror que tem sido para Bagnaia: Alex Márquez. O piloto da Gresini, que corre com uma GP24 – muito idêntica à versão de 2025, mas com algumas diferenças aerodinâmicas, que, em teoria, diminuem o rendimento da versão do ano transato -, foi mais rápido que o italiano e chegou a liderar corridas em momentos em que o irmão não esteve em forçar andamento na sua Ducati. Alex ocupa o segundo posto do campeonato, com 58 pontos.
Até podíamos ter aqui um discurso sobre Bagnaia em que a forma de amenizar as más prestações passasse por dizer “ele não costuma andar bem na Argentina”, mas a verdade é que este foi o melhor fim de semana de sempre nas Termas de Rio Hondo, além de que o piloto de Turim ficou aquém da vitória conquistada no circuito de Chang há cerca de meio ano.
Mas não são só os resultados que são alarmantes. Aliás, os resultados são fruto do ritmo de corrida do piloto italiano que é francamente mais lento que os irmãos Márquez. Vejamos bem, o tempo mais rápido de Marc Márquez – que também é a volta mais rápida da corrida – é de 1:38.243, Bagnaia apenas conseguiu ser o quinto tempo mais rápido da prova, a pouco mais de quatro décimos do 93.
Se usarmos a lógica dos circuitos em que um é melhor que o outro, então é certo que Márquez vai dominar no Circuito das Américas, considerando que já lá venceu sete vezes e Baganaia venceu apenas uma vez… em 2018, no ano em que venceu o Mundial de Moto2.
A verdade é que Bagnaia está a levar uma valente ‘chapada’ – permitam-me este termo – de realidade em que pela primeira vez na carreira não é claramente o melhor piloto dentro da equipa. Mas também não seremos perentórios a dizer que Márquez é o melhor piloto. Numa temporada que se prevê longe ainda muito pode mudar, mas, neste momento, isso depende exclusivamente do piloto italiano.
Não digamos apressadamente que Marc Márquez vai dominar a temporada. A verdade é que o prefácio foi escrito, mas ainda há a possibilidade de Bagnaia pegar nesse rascunho e adaptá-lo à sua realidade.
9️⃣0️⃣ wins across all classes: a milestone that holds significant meaning#ArgentinaGP 🇦🇷 pic.twitter.com/8KMzbSy8lP
— MotoGP™🏁 (@MotoGP) March 18, 2025