Miguel Oliveira e o futuro com a KTM!
Há meses que se fala do vínculo de Miguel Oliveira com a KTM. Tal como é recorrente em anos anteriores, ainda a época de MotoGP não terminou e as várias marcas que integram a grelha da prova rainha do motociclismo, o Campeonato Mundial de Motovelocidade, começam a preparar a época seguinte, determinando não só os detalhes dos fabricantes em relação às equipas satélite, os patrocinadores que se querem associar, a constituição das várias equipas técnicas, mas mais importante, a escolha dos pilotos que têm a honra de integrar as 11 equipas do Paddock da categoria máxima.
Época 2019 – a estreia
Depois de 3 anos na categoria de Moto2, onde terminou em terceiro lugar no segundo ano e foi vice-campeão no terceiro ano, a apenas 9 pontos do título, Miguel Oliveira foi convidado a assumir um dos 22 lugares disponíveis na categoria mais alta, para pilotar uma das KTM da equipa satélite, a Red Bull KTM Tech3, fazendo parelha com o malaio Hafizh Syahrin.
Naquela que seria a 3ª época da KTM na categoria mais alta, os objectivos de Miguel Oliveira eram ser consistente, terminando todas as etapas do circuito, tentar chegar aos pontos em todas as etapas e ombrear com os restantes pilotos da marca, para tentar ser um dos melhores, apesar de ser a sua época de estreia.
Com provas dadas nas anteriores categorias e com pilotos da categoria máxima a elogiar a forma de pilotagem do português, Oliveira estava cotado como uma das promessas do MotoGP.
Como nos tem vindo a habituar e já vem sendo uma imagem de marca, as performances de Oliveira nas sessões de qualificação foram sempre ou quase sempre inferiores ao seu rendimento em corrida, o que pode condicionar o almadense a aspirar a posições mais altas nas tabelas classificativas e na sua temporada como Rookie não foi excepção.
O piloto qualificou-se maioritariamente entre a 15ª e a 20ª posição, com a sua melhor sessão a ser um 13º lugar no circuito Red Bull Ring, na Áustria, que correspondeu, respectivamente, à sua melhor performance esta época, um excelente 8º lugar.
Ainda assim o piloto fez uma época excepcional, terminando 15 das 19 corridas, 8 das quais nos pontos e com um top 10, sendo que as corridas em que não participou/não terminou, se deveram às lesões contraídas ao longo da época, em especial no incidente ocorrido com Johann Zarco no Grande Prémio da Grã-Bretanha e na queda sofrida no Grande Prémio da Austrália, acabando depois por ser operado ao ombro.
De uma perspectiva geral, pode dizer-se que Miguel Oliveira cumpriu as expectativas. Conseguiu conquistar 33 pontos, o que o colocou na 17ª posição do campeonato, superou o seu colega de equipa, Hafizh Syahrin, que apenas conquistou 9 pontos e ficou também à frente de Johann Zarco, piloto da equipa de fábrica da KTM, que acabou por rescindir o vínculo com a marca austríaca depois do incidente com o português.
Miguel Oliveira chegou a ser o piloto mais veloz da KTM, superando até o experiente Pol Espargaró.
O vínculo com a KTM e a equipa de fábrica
Desde início da época se percebeu que Johann Zarco não se estava a adaptar tão bem à KTM, como Pol Espargaró. O melhor resultado do francês foi um 10º lugar no Grande Prémio da Catalunha, sendo que nas restantes provas terminou sempre entre a 13ª e a 15ª posição, resultados abaixo até do Rookie português.
Em Agosto, Zarco anunciou que não iria manter a ligação com a KTM para 2020 e em Setembro a equipa austríaca divulgou que o francês não iria representar a equipa nas últimas 6 etapas do campeonato, tendo sido substituído por Mika Kallio, o piloto de testes.
Este término deixava uma vaga aberta na equipa principal para 2020, com Miguel Oliveira a ser o sucessor lógico para a nova temporada, o que acabou por não acontecer.
Em Agosto, quando ainda nada estava definido, Oliveira evitava comentar especificamente a possibilidade de subir à equipa de fábrica e o que se sabia era que Hervé Poncharal, chefe da Tech3, não queria que Oliveira saísse da sua equipa, pedido que à partida foi aceite pela equipa de fábrica.
Em Outubro soube-se definitivamente a decisão da KTM em relação ao alinhamento das duas equipas, a de fábrica e a satélite (Tech3), ficando definido que na KTM iriam estar Pol Espargaró e Brand Binder, já na Tech3 permaneceria Miguel Oliveira e iria estrear-se Iker Lecuona.
Miguel Oliveira não ficou contente com a decisão da KTM, dizendo que “Se fosse o Mika [Kallio], estaria tudo bem para mim, porque construí uma relação muito boa com a equipa [Tech3] e não faria sentido a mudança. Mas escolher um rookie e um tipo com a mesma idade que eu [Brad Binder] faz-me sentir que não sou bom o suficiente para cá estar. Mas é a decisão deles, respeito-a e não mudará nada no meu foco em estar cá e dar o meu melhor”, em declarações ao Motorsport.
Numa equipa principal, sabe-se que se tem uma moto de fábrica, se participa no desenvolvimento de novas peças, o que facilita na adaptação da moto às condições de pista e às características de cada piloto, assim como se pode testar muitas outras coisas.
A decisão foi depois comentada por Mike Leitner, patrão da KTM, que disse “O Miguel teve a oportunidade de se assumir, de mudar de lugar, e a sua resposta foi clara, ele disse que preferia ficar onde estava, com o seu chefe de equipa. Era feliz lá.”, em entrevista ao site do MotoGP.
Independentemente daquilo que se tenha passado nos bastidores do MotoGP, o que se sabe é que a KTM prometeu que em 2020 toda a gente vai ter os mesmos meios, com a mesma evolução e as mesmas especificações e que a marca austríaca continua a apoiar o português.
Perspetivas para 2020
Se assim se confirmar e com o trabalho e confiança que Miguel Oliveira já tem desenvolvido com a sua equipa, as aspirações a voos mais altos do “falcão”, podem vir a ser uma realidade.
O próprio já veio dizer em entrevista que ” O meu objetivo, sem dúvida alguma, é ser a melhor KTM em pista. Se isso se traduz num “top-10” ou “top-5″ não sei, mas quero ser a KTM líder e, junto com a minha equipa, fazer esse trabalho e levar a KTM o mais longe possível” e ainda que o seu objetivo pessoal é “Num prazo de três anos poder lutar por um título mundial. Obviamente, muitas coisas têm de se alinhas para que isso aconteça, nomeadamente, a KTM demonstrar ser uma mota suficientemente competitiva para lutar por vitórias. Se não lutar por vitórias é completamente irrealista pensar em lutar pelo título. Eu julgo que, no prazo de três anos, é possível. 2021,2022 e 2023 ainda estão por vir e eu acredito no meu trabalho e no meu potencial para ter condições e criar esta oportunidade”.
Deixando assim os portugueses com a esperança de ter um futuro campeão mundial de motociclismo, assim como a possibilidade de o campeonato mundial vir a ter, novamente, uma etapa em solo português.