“Lobos” garantem o bronze – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 13, 20224min0

“Lobos” garantem o bronze – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 13, 20224min0
Os "Lobos" sub-20 garantiram o 3º lugar no Rugby Europe Championship 2022, numa exibição morna. Francisco Isaac conta-te o que se passou

Foi com uma exibição carregada de altos e baixos que Portugal conseguiu garantir o 3º lugar e a medalha de bronze neste Campeonato da Europa, fechando a participação em 2022 com uma vitória por 27-22 frente à Bélgica, garantindo assim os “Lobos” sub-20 um lugar no pódio.

MVP: BERNARDO MATOS (CENTRO)

Uma excelente linha-de-corrida de Bernardo Matos colocou um ponto final numa primeira-parte apática e intermitente dos “Lobos” sub-20, que permitiram à Bélgica gerir os timings de jogo a seu bel-prazer, graças uma série de erros e falhas da equipa da casa, com o centro português a ser um dos poucos jogadores a realizar uns primeiros 40 minutos de franca qualidade. Capacidade analítica defensiva equilibrada, placagens consistentes, rapidez na disponibilização física e táctica, o 3/4’s ainda realizou algumas das melhores acções no ataque, a par de Gonçalo Costa (o passe para o ensaio de Afonso Tapadinhas foi dos melhores momentos do encontro), Afonso Tapadinhas, Simão Medeiro, Manuel Salgado ou Tomás Martins neste jogo de apuramento do 3º lugar do Campeonato da Europa de sub-20.

Mas, e olhando para a 2ª parte, período do jogo em que os “Lobos” foram capazes de realmente mostrar algumas das suas melhores qualidades, Bernardo Matos teve um peso importante no conseguir ser um pêndulo importante no ataque, forçando aos placadores belgas a disponibilizarem mais que um homem, sendo capaz de arrancar uma série de metros no contacto que acabaram por ser preciosos na construção da plataforma para Portugal lançar os ataques decisivos até obter a vitória. Não deu para brilhar sempre, mas aquele ensaio no final da 1ª parte foi o momento da viragem, e a raça do centro em arrancar e explorar aquela falha defensiva acabou por ajudar a escrever outra história.

PONTO ALTO: VONTADE DE VENCER E ULTRAPASSAR ERROS

Não foi uma boa exibição de Portugal, ou, se quisermos, uma prestação de grande/total domínio em que a equipa comandada por João Luís Pinto e Nuno Damasceno não foi capaz de mostrar as suas melhores qualidades do princípio ao fim, onde a intermitência e uma série de erros tanto nas fases-estáticas, como na disciplina ou apatia ficaram bem expostas, e podiam ter surtido efeitos mais negativos se os “Lobos” sub-20 não tivessem arregaçado as “mangas” e decidido realmente pegar no jogo, como se exigia. Depois de uma primeira-parte em que a selecção da casa só apareceu naqueles 10 minutos finais, tendo sido extremamente manipulada pela defesa e contrarresposta da Bélgica, com os adversários de Portugal a criarem diversos problemas nas fases-estáticas ou no breakdown, os segundos 40 minutos já foram algo melhores, com aquela voracidade de querer vencer deste escalão a aparecer e a ditar aquilo que seria o resultado final de 27-22.

A Bélgica talvez merecia um resultado mais positivo por aquilo que realizou na 1ª parte, mas na segunda metade deste encontro para o apuramento do 3º lugar do Rugby Europe Championship 2022, esta geração de “Lobos” sub-20 merecia ter saído com um resultado mais dilatado pelas oportunidades que produziu, e pela intensidade imposta dentro dos últimos 30 metros, faltando só um pouco mais de acerto para concluir certas jogadas da melhor forma. Depois de ultrapassar uma derrota desmotivadora frente aos Países Baixos, a selecção nacional de sub-20 recuperou o fôlego e fechou esta época do rugby de formação com o bronze.

PONTO A MELHORAR: DISCIPLINA E ATITUDE NA ENTRADA DO JOGO

Durante todo este Campeonato da Europa de sub-20, foi notório um ponto comum entre todos os três encontros destes “Lobos” sub-20: a apatia generalizada na 1ª parte, em especifico nos primeiros 30 minutos, permitindo ao adversário ganhar alguma paz de espírito, processar e se adaptar, e ser este a ditar o ritmo de jogo quando Portugal tinha as condições mínimas para assumir o papel de dominador desde o primeiro segundo. Demasiados erros na transmissão de bola, excessivas falhas no decidir a quem passar, constantes problemas no garantir um ruck claro e limpo, e um “Mundo” de dúvidas próprias que só forneceram bola e oportunidades ao conjunto que estava na oposição. Foi assim com a Polónia (estes não tiveram o engenho para fazer algo de mais concreto), Países Baixos (um ensaio em cada início da 1ª parte, pelo menos) e, agora, Bélgica, ficando à vista que era preciso ter a mesma mentalidade durante a maior parte do decurso de cada um destes encontros, para se chegar ao objectivo da final desta competição.

Fotografia de Destaque de Luís Cabelo Fotografia


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