Le Tour 2024: surpresas e desilusões de um tour especial

Gonçalo MeloJulho 28, 20246min0

Le Tour 2024: surpresas e desilusões de um tour especial

Gonçalo MeloJulho 28, 20246min0
Gonçalo Melo olha para o impacto do Le Tour 2024 e quem foram os MVPs, desilusões e muito mais, em mais uma edição especial desta prova

A Volta a França deste ano foi dominada por Tadej Pogačar, que vestiu a camisola amarela desde a quarta etapa até Nice, dando apenas a oportunidade a dois outros ciclistas de envergarem a mitica mallot jaune. O esloveno da Emirates conquistou seis das 21 vitórias em etapas em disputa e tornou-se o primeiro ciclista em 26 anos a completar a histórica dobradinha Giro-Tour. Em 2018, Chris Froome (1º no Giro e 3º no Tour) e Tom Dumoulin (2º no Giro e 2º no Tour) foram os que estiveram mais proximos deste feito

No entanto, para além do esloveno, houve muitos outros destaques marcantes na corrida deste ano, nomeadamente Biniam Girmay, que se tornou o primeiro ciclista negro africano a vencer uma etapa do Tour (e mais duas adicionais) e a levar para casa a camisola verde, e Mark Cavendish, que bateu o lendário recorde da 35ª etapa do Tour, que muitos achavam ser impossivel para o britânico.

As últimas três semanas mantiveram-nos certamente entretidos, mas o que dizer daqueles que saem do Tour de mãos vazias? Abordamos aqui algumas das equipas presentes no Tour que marcaram pela positiva, e outras pela negativa.

Destaques

UAE Emirates

Não só Tadej Pogačar foi o homem da Volta a França, como a UAE Team Emirates foi a equipa com melhor desempenho da corrida. Para além do triunfo de Pogačar, também ficaram no topo da classificação por equipas.

João Almeida (quarto) e Adam Yates (sexto) no top 10 da classificação geral, a juntar às seis vitórias em etapas que conseguiram. Nunca estiveram sob pressão durante os 18 dias em que defenderam a camisola amarela, com Nils Politt em particular a surpreender com o seu enorme trabalho a impor ritmo da frente do pelotão, não esquecendo as boas prestações de Sivakov e Soler.

Soudal Quick-Step

Eram muitas as dúvidas em torno das credenciais de Remco Evenepoel como candidato ao Tour. No entanto, as mesmas foram completamente desmentidas pela prova inteligente e consistente do estreante belga, que conclui a prova com o lugar mais baixo do pódio.

Outro dos elementos em destaque foi o experiente Mikel Landa, que para alem do trabalho de excelência para Remco, ainda foi capaz de concluir a prova em 5º da geral. A vitória de Evenepoel no contrarrelógio em Gevrey-Chambertin e a sua primeira Volta à França dificilmente poderiam ter corrido melhor.

Intermarché Wanty Goubert + EF Easy Post

Dois destaques em simultâneo para mencionar dois vitoriosos no Tour. Biniam Girmay foi altamente dominador na luta pela camisola verde, e nem as 3 vitorias de etapa do melhor sprinter do mundo Jasper Philipsen ameaçaram o ciclista da Eritreia, que está numa forma brutal.

Já na EF Easy Post, tivemos novamente Richard Carapaz em altas. Afastado da luta pela geral, o equatoriano batalhou e batalhou nas montanhas, e conseguiu meritoriamente sair de França com a camisola das bolinhas vermelhas, a de melhor trepador.

Menções honrosas ainda para Kevin Vauquelin, a dar a primeira vitoria no Tour à Árkea, ao triunfo emotivo de Romain Bardet no seu ultimo Tour e para o regresso às vitorias da Total Enérgies, que venceu uma etapa no Tour 7 anos depois, com Anthony Turgis.

Desilusões

RedBull Bora

Depois de ter entrado no Tour com altas expetativas e com a difícil tarefa de manter todas as suas estrelas felizes e unidas, a Red Bull-Bora Hansgrohe deve estar a coçar a cabeça com a forma como todas elas acabaram por falhar de forma estrondosa.

Primož Roglič caiu na segunda semana e foi, claro, obrigado a abandonar quando era quarto na geral. Uma desilusão considerando o quanto investiram na sua candidatura à camisola amarela.

Pior ainda foi o facto de Aleksandr Vlasov já ter abandonado previamente, enquanto Jai Hindley não se apresentou ao nível necessário para ameaçar o top 10 da classificação geral ou chegar perto de uma vitória em etapa. Um Tour ao lado para a rica equipa alemã, que parte pressionada para a ultima grande volta do ano.

INEOS-Grenadiers

Sem uma vitória de etapa nem um lugar de destaque na classificação geral, esta foi a pior Volta a França da Ineos dos últimos 10 anos,, deixando a equipa a pensar se tem os ciclistas de que precisa para voltar à sua antiga glória.

Em vez de lutar pelo pódio, Carlos Rodríguez caiu de quinto na segunda semana, para sétimo, enquanto os esforços de Thomas Pidcock e Michał Kwiatkowski nas fugas foram suficientes apenas para um segundo e terceiro lugar, respetivamente. Egan Bernal passou praticamente ao lado da prova, o que agoniza as previsões de que não vamos voltar a ver antigo Bernal pré-queda, que tem um Tour e um Giro no curriculo.

Movistar

De todas as equipas sem vitórias nesta Volta a França, poucas estiveram tão perto ou lutaram com tanta resistência como a Movistar, é certo. Fernando Gaviria ficou em segundo e terceiro lugar nos sprints da semana de abertura, Oier Lazkano entrou em muitas fugas e esteve perto da camisola às bolinhas e, depois de sair da luta pela classificação geral no início do Tour, Enric Mas encontrou alguma forma nos Alpes com um terceiro e um quinto lugares.

Ainda assim, para uma equipa histórica como a Movistar, é muito curto. Falharam no principal objetivo da geral com Mas, e vão para casa sem qualquer etapa ganha. Pressão monumental para a equipa de Unzué na Volta à Espanha.

Menções não honrosas

As duas mais ricas equipas francesas do World Tour passaram totalmente ao lado da prova. A Groupama FDJ veio com as suas trutas todas, e todas desiludiram, não se viu nada de David Gaudu, Lenny Martinez e Romain Gregoire. Stephan Kung nem nos dois CR conseguiu aparecer, sendo que principalmente o primeiro era muito ao seu estilo.

A Dechatlon Ag2R passou também ao lado da corrida. As duas figuras falharam ambas, Felix Gall na classificação geral e Sam Bennett nos sprints (muito fora de forma). Mads Pedersen abandonou demasiado cedo e privou-nos de uma luta interessante pela camisola verde, e Giulio Ciccone não conseguiu salvar a face da Lidl Trek, ao cair do Top 10 da geral na última semana.3


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