LBF 2022: O adeus de Bax Catanduva e Pró-Esporte Sorocaba

Lucas PachecoJunho 20, 20225min0

LBF 2022: O adeus de Bax Catanduva e Pró-Esporte Sorocaba

Lucas PachecoJunho 20, 20225min0
Lucas Pacheco analisa as descidas do Bax Catanduva e Pró-Esporte Sorocaba, depois de terem terminado nos últimos lugares na fase regular da LBF

A temporada regular da LBF (Liga de Basquete Feminino) chegou ao fim. Das 10 equipes, as oito primeiras avançaram aos playoffs – nos próximos textos falaremos mais detidamente sobre os confrontos das quartas-de-final. Antes, porém, convem um balanço das duas últimas colocadas, Bax Catanduva e Pró-Esporte Sorocaba, ambas eliminadas.

Ao falar de basquete feminino brasileiro, é preciso sempre lembrar do quadro crônico do esporte no âmbito dos clubes e do circuito profissional. Para além dos resultados em quadra, a edição atual teve um acréscimo de duas equipes em relação à temporada passada, por si um motivo de comemoração. Quanto mais equipes profissionais, mais oportunidades para as atletas, mais partidas, mais treinamento. A simples participação na liga, dadas as dificuldades vivenciadas pela modalidade, já é razão para comemoração.

Uma vez, porém, alcançado esse feito, é possível projetar o próximo passo?

Bax Catanduva

Uma cidade tradicional na modalidade, Catanduva esteve presente nas duas edições iniciais da liga e, ainda que de forma descontínua, finalizou sua quinta temporada completa. É sabido que a equipe possui investimento muito menor ao das principais equipes da liga – a armadora Natália acumula a função de gestora do projeto, que vem se mantendo nos últimos anos, ainda que sem pretensões de título.

A equipe finalizou a campanha com duas vitórias e 16 derrotas, sendo as duas vitórias sobre Sorocaba. Resultado final parecido ao da temporada passada, quando a equipe finalizou na lanterna. Mas não se pode equiparar as duas campanhas: em 2021 o time possuía muito mais peças no elenco e durante o torneio trouxe bons reforços. Se o técnico Cesamar mantinha a estrutura da equipe, em detrimento de alternativas táticas e técnicas, era uma opção; em 2022, as peças disponíveis minguaram e a equipe encarou uma temporada maior com praticamente 7 jogadoras na rotação.

Em 2021, a última posição não refletiu o basquete apresentado, tanto que a equipe disputou partidas equilibradas contra adversárias melhor colocadas. Em 2022, não se esperava resultado muito diferente, mesmo antes do torneio começar. Centrada na armação de Natália e no poder de pontuação de Thaíssa, a dupla foi rodeada de peças que não dialogavam com a identidade projetada: Carol joga numa velocidade abaixo, assim como a pivô Jenifer Sirtoli. A argentina Valentina Numa não produziu vindo do banco e sua compatriota Ana Paz não ficou muito tempo na equipe, tendo migrado para o basquete uruguaio com apenas 5 partidas disputadas.

Ainda em relação a 2021, a equipe perdeu a armadora Larissa, cujo estilo combinava ao ritmo pretendido por Cesamar e Natália. Nos rebotes, quesito normalmente perdido por Catanduva, perderam a pivô Bianca, além de Jenyff e Liz. A situação foi tal que a assistente técnica, Tati Motta, chegou a compor a equipe e a entrar em algumas partidas.

Se a equipe apostasse em jovens valores, não seria um problema mesclar com as mais experientes e dar rodagem à sua base. Tampouco vimos isso na edição atual; sequer o Brasileirão sub-23 do ano passado serviu para prospectar novos valores e oxigenar a equipe (a cidade será representada, nos estaduais de base, apenas na categoria sub-15).

Catanduva, agora, pensa no Campeonato Paulista. Resta saber suas pretensões, se o projeto se contenta em participar das competições ou se pretende evoluir e almejar melhores resultados. O Sesi Araraquara (projeto com investimento muito maior) mostrou ser possível no Paulista de 2021, sagrando-se campeão com um elenco reduzidíssimo e jovem; e ainda que o resultado não venha no estadual, cabe pensar a médio prazo, formando uma espinha dorsal para a próxima LBF menos dependente de duas ou três jogadoras.

Pró-Esporte Sorocaba

Situação mais periclitante ainda passa a equipe da tradicional cidade de Sorocaba. Depois de participar da edição de 2019, este ano marcou o retorno da cidade à LBF, razão em si de comemoração. A equipe não disputará nenhuma categoria nos estaduais de base, restando o Paulista adulto.

O técnico Marcinho é remanescente do time de 2019, assim como a armadora Aruzha (cestinha da edição de 2019) e a pivô Lorena. Não há muitas notícias sobre o projeto mas parece que Marcinho é figura fundamental, razão de sua permanência a frente da equipe, a despeito da ausência de resultados. No Paulista de 2021, nenhuma vitória; na LBF, nenhuma vitória.

Em quadra, mais uma vez, presenciamos intermináveis sequências de defesa zona 2-3, sem muita mobilidade das jogadoras e permitindo muitos chutes de 3 das adversárias – segunda pior defesa do torneio. No ataque, a contusão da Aruzha dificultou a segunda metade do torneio, obrigando a Jenifer Nonato a levar a bola ou a atacar do perímetro – pior ataque da competição. A única área de destaque foram os rebotes.

Não se pode dizer que esse desempenho era inesperado: com 7 jogadoras na rotação, sendo 3 delas calouras (2 oriundas do projeto de Guarulhos) e 3 delas pivôs da posição 5, com pouca mobilidade lateral e versatilidade. Outra equipe que desprezou o Brasileirão sub-23 do ano passado e preferiu montar seu elenco acumulando jogadoras da mesma posição, as quais jogaram juntas a maior parte do tempo.

Sorocaba saiu da LBF sem nenhuma vitória. Marcinho antecipou que deve haver mudanças no elenco para a disputa do Paulista. Para Sorocaba, cabe a mesma indagação feita para Catanduva, quais suas reais pretensões – ao mesmo tempo em que torcemos para a equipe ter condições de disputar a próxima LBF, é necessário construir alternativas e planos táticos mais variados, menos centrados na Aruzha e com mais opções nas cinco posições. Para atingir níveis de competitividade maiores, sem grandes aportes de dinheiro, talvez até mesmo a mudança no comando técnico devesse ser ventilada.


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