Jorge Fonseca: o Regresso do Herói

No atípico mês de agosto, marcado por um calendário repleto de competições em todos os escalões etários, destaca-se o regresso do Masters, uma das mais importantes etapas do circuito mundial, que este ano é a etapa que mais pontos atribui para o ranking de qualificação olímpica.

A participação portuguesa ficou aquém das expectativas, destacando-se os 7.ºs lugares de Catarina Costa e Telma Monteiro. Tivemos ainda o Grand Prix de Zagreb, onde tivemos o regresso do (herói) Jorge Fonseca aos grandes resultados, conquistando a prata dos 100Kg. O mês fica também marcado pela grande prestação de uma estrela em ascensão, Maria Silveira, a atual campeã da europa de cadetes conquistou o bronze no mundial deste escalão, que decorreu também na capital da Croácia! PARABÉNS, MARIA!

Masters Budapeste 2023

O Masters é a etapa que reúne os melhores dos melhores judocas. Só o top 36 de cada categoria de peso pode participar nesta competição, o que garante, desde logo, muita competitividade, emoção e também algum drama.

Infelizmente, a participação da equipa portuguesa não foi motivo de destaque, com a maioria dos judocas a ficar pelo caminho nos primeiros combates. Destaque, pela negativa, para Jorge Fonseca, que sofreu o terceiro castigo, num combate frente a um adversário perfeitamente ao alcance do experiente judoca português, no seguimento de um erro infantil: arranjou o fato sem autorização do árbitro… . Voltaremos a Jorge mais abaixo, no rescaldo da etapa do circuito mundial que se seguiu.

Telma Monteiro e Catarina Costa acabaram por ser os destaques da prestação portuguesa. Terminaram em 7.º lugar, numa prova em que tivemos muitas surpresas, com líderes do ranking mundial, campeões olímpicos e mundiais a ficarem pelo caminho nas fases preliminares do quadro. Se é verdade que este Masters estava muito forte e altamente competitivo, quem observou os combates dos judocas portugueses, fica com a ideia que faltou algum compromisso e brilho. A janela de qualificação está ao rubro, com os pontos amealhados em todas as etapas a valerem 100% desde o final de junho. Está na hora de começar a marcar, ou, então, a participação nos Jogos Olímpicos de Paris poderá ficar seriamente comprometida…

Grand Prix Zagreb

Na ressaca do Masters, duas semanas mais tarde, decorreu o Grand Prix de Zagreb. Apesar da vasta maioria dos melhores judocas ter optado por não estar presentes nesta etapa – um atleta também tem de descansar – tivemos alguns judocas que, provavelmente por terem tido uma prestação falhada no Masters, tentaram aproveitar o momento de forma para lutar por uma boa prestação e amealhar preciosos pontos para o ranking.

Volto a escrever sobre Jorge Fonseca, que limpou a imagem que deixou em Budapeste, com uma enorme prestação, onde derrotou adversários cotados, por exemplo o Polaco Piotr Kuczera, que já derrotou por duas vezes o português. Terminou de prata ao peito, depois de derrotado na final pelo conhecido judoca Sérvio Aleksandar Kukolj, que Jorge derrotou na final dos Campeonatos do Mundo de Budapest de 2021.

Um regresso aos grandes resultados, num ano de 2023 marcado por lesões que têm impedido Jorge de se apresentar ao mais alto nível, o que tem comprometido a sua confiança, bem como a sua imagem de marca, a explosão e determinação com que enfrenta os seus adversários. Parabéns, Jorge, que este seja o primeiro de muitos resultados de excelência e assim garantir, atempadamente, a participação nos Jogos de Paris 2024. Também destaco os 7.ºs lugares dos jovens Francisco Mendes, nos 60Kg, e João Fernando, nos 81Kg. Estes dois judocas lutam por uma desafiante qualificação, em duas categorias muito competitivas, mas tudo é possível e ficaram excelentes indicações do que podem fazer.

O fenómeno Maria Silveira

A uma fabulosa prestação de Maria Silveira no Campeonato da Europa de Cadetes, que decorreu em Odivelas, onde conquistou a medalha de ouro da categoria dos 57Kg, e tenho de me penitenciar porque não tive oportunidade de dar o destaque merecido e que se impunha, juntou-se uma prestação memorável no Campeonato do Mundo deste escalão, que decorreu em Zagreb, onde conquistou o bronze, depois de um enorme e emocionante combate nos quartos de final, frente à japonesa, que venceu a categoria, Riko Honda.

Maria, juntamente com Rodrigo Janeiro, medalha de prata na categoria dos 66Kg dos Campeonatos da Europa deste escalão etário, que relembro decorreram no final de junho em Odivelas, são a prova que há talento nos escalões de formação, e que há vontade de trabalhar. Os outros judocas que ponham os olhos nestes colegas e acreditem … é possível!