A seis jornadas do fim, muito ainda por decidir na 1ª Divisão

José NevesMarço 21, 201913min0

A seis jornadas do fim, muito ainda por decidir na 1ª Divisão

José NevesMarço 21, 201913min0
Estamos a chegar à altura das decisões nas mais variadas competições do hóquei em patins europeu. Neste artigo olhamos para o actual panorama no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com especial destaque para a entretida e emocionante batalha pela premanência.

Estamos a entrar na recta final da temporada de 2018-19, e consequentemente está a chegar a altura das grandes decisões em quase todas as principais provas de clubes do hóquei europeu. Em Portugal temos assistido a um dos campeonatos da 1ª Divisão mais equilibrados e imprevisíveis das últimas décadas, e tanto a luta pelo título como a batalha pela sobrevivência estão ao rubro, com apenas três equipas (Benfica, Barcelos e Marinhense) já afastadas, embora não matematicamente, de ambos os focos de atenção.

Tabela classificativa à 20ª ronda (Fonte: Hoqueipatins.pt)

FC Porto na “pole position

Com seis jornadas para disputar até ao final de mais uma edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e vindos de uma 19ª ronda que ficou marcada pelo último encontro entre candidatos, com a vitória caseira do FC Porto diante do Sporting CP por 3-1, é a turma de Guillem Cabestany que, graças a essa recente vitória, lidera de forma isolada com três pontos de vantagem para Sporting e Oliveirense.

O que significa que, uma vez que já não se realizarão mais jogos entre candidatos, os dragões dependem apenas de si para levantar o título de campeão nacional.

Ainda assim, e numa época onde já por algumas vezes os grandes perderam pontos de forma surpreendente contra equipas que lutam por outros objectivos, o Porto tem três deslocações que podem complicar as suas contas pelo título.

A primeira delas já no próximo fim de semana ao pavilhão do HC Braga, um recinto onde o Benfica caiu com estrondo ainda na 1ª volta do campeonato, e na penúltima jornada os dragões visitam o sempre difícil reduto do Valongo. Mas o principal teste para os azuis-e-brancos vem na jornada 23, com a visita a Barcelos, um rinque de onde o Porto saiu derrotado nas últimas três temporadas.

OC Barcelos é o principal obstáculo que FC Porto terá de ultrapassar (Foto: Ivo Carvalho)

No entanto também Sporting e Oliveirense têm jogos fora de portas de alguma dificuldade. Os leões terão ainda pela frente partidas em casa de Braga e Paço de Arcos, este um adversário que surpreendeu o Sporting na 1ª volta em pleno Pavilhão João Rocha. Já o conjunto de Oliveira de Azeméis visita Riba d’Ave e Turquel, o último um rinque onde na temporada passada a Oliveirense não conseguiu vencer.

Apesar dos jogos grandes já terem ficado para trás, e do FC Porto possuir uma vantagem interessante de 3 pontos, aliada à vantagem no confronto directo diante da Oliveirense, e de uma diferença de mais 10 golos perante o Sporting (já que no confronto directo leões e dragões estão empatados), a equipa da cidade invicta está num bom caminho mas ainda longe de confirmar a reconquista do título de campeão nacional. Sendo que a partida de Barcelos, marcada para 27 de Abril, pode ser vista como a decisiva para a confirmação do 23º título no palmarés do FC Porto.

Zona de manutenção confusa, e com uma baixa praticamente confirmada

Neste momento em que ainda temos 18 pontos em disputa, apenas 8 pontos separam o 6º do 13º e penúltimo classificado, sendo que nas derradeiras seis jornadas ainda há para disputar 13 jogos entre as formações posicionadas neste intervalo de 8 pontos.

O que falta jogar para as equipas envolvidas na fuga à despromoção (Fonte: Hoqueipatins.pt)

Na 14ª e última posição surge o Marinhense com 10 pontos somados, a já sete pontos do penúltimo e a oito da primeira equipa acima da “linha de água”. Ainda que matematicamente a despromoção não esteja ainda confirmada, a diferença pontual da equipa da Marinha Grande para as restantes formações deixa-a obrigada a amealhar mais pontos nestes últimos seis jogos do que aqueles que conquistou nas 20 rondas já disputadas.

Uma tarefa hercúlea se considerar-mos o calendário do Marinhense e verificar-mos que a formação treinada por Nuno Domingues ainda terá pela frente deslocações a casa de Porto e Barcelos, e recepções na Embra a Sporting e Oliveirense.

Para as restantes duas posições que valem a despromoção ao segundo escalão, são vários os cenários possíveis. Analisando os calendários de todas as equipas notamos que são várias as formações ainda com três partidas por disputar frente aos 4 grande do hóquei em patins português, sendo que o conjunto privilegiado neste aspecto é aquele que menos pontos somados apresenta, o SC Tomar.

A equipa nabantina já realizou todas as oito partidas diante do top-4, tendo inclusive batido no seu reduto o líder do campeonato FC Porto, uma vitória que teve tanto de inesperada como de crucial para os ribatejanos, e que os deixa agora com um calendário teoricamente mais acessível e a apenas um ponto do 11º lugar.

Um ponto acima temos duas formações que no próximo sábado se defrontam naquele que se afigura como o jogo mais importante da jornada. Valongo e Paço de Arcos somam ambos 18 pontos, e no sábado entram em rinque na cidade nortenha para um jogo muito importante para ambos os conjuntos.

Em caso de derrota para a formação de Miguel Viterbo, o cenário de despromoção que ninguém imaginava no início da época ganha cada vez mais contornos de realidade, já que nas quatro rondas seguintes os valonguenses defrontam Benfica, Oliveirense e Porto, sendo que os dois primeiros serão fora de portas.

Já o Paço de Arcos tem nas próximas quatro jornadas os possíveis 12 pontos que podem salvar a temporada, ou confirmar a despromoção. Para além da visita a Valongo, a equipa da linha recebe o Turquel e a Juventude de Viana, tendo pelo meio uma curta deslocação para o derby frente ao Oeiras.

Ainda que o Paço de Arcos já tenha surpreendido um grande esta época, é possível afirmar que, caso a equipa comandada por Luís Duarte termine esta série de 4 jogos na zona vermelha da tabela, muito dificilmente de lá sairá, já que nas derradeiras duas rondas os lisboetas realizam outros dois derbys da capital, frente a Sporting e Benfica.

Valongo e Paço de Arcos entram em campo na próxima jornada para um jogo crucial nas contas da manutenção (Foto: HC Turquel)

Ligeiramente mais acima encontramos o Oeiras, outra das formações que terá encontro marcado com 3 grandes nas últimas seis jornadas. Vindo de uma derrota caseira frente ao Turquel, um resultado que permitiu aos turquelenses ultrapassarem o Oeiras na classificação, o histórico clube de Lisboa tem ainda outras duas partidas caseiras para alcançar a tão desejada manutenção.

Com dois jogos fora de portas consecutivos de elevado grau de dificuldade (Sporting e Juventude de Viana), o conjunto de Miguel Dantas tem o handicap de disputar quatro dos seis jogos que faltam longe do seu pavilhão, uma situação apenas partilhada pela Juventude de Viana. Ainda assim a situação não é, para já, tão preocupante para os minhotos, já que contam na classificação com mais cinco pontos que os lisboetas.

Com três dessas quatro deslocações aos pavilhões de Sporting, Oliveirense e Benfica, o Oeiras olha para os dois jogos caseiros como partidas de vitória obrigatória. Ambos os jogos serão frente a equipas que, à 20ª jornada, se encontram atrás do Oeiras na classificação (Paço de Arcos e Tomar), e a menos que Franco Ferruccio e os seus restantes companheiros consigam surpreender um dos grandes ou a Juv. Viana (aqui a probabilidade é naturalmente maior), estes dois jogos caseiros serão duas das partidas que irão definir a segunda metade da tabela.

Imediatamente acima encontramos a formação que se apresenta em melhor momento de forma das oito que ainda batalham pela permanência. O HC Turquel soma apenas duas derrotas em toda a 2ª volta, e apesar de um calendário exigente, olha agora com maior optimismo para as suas chances de sobrevivência.

O conjunto da “Aldeia do Hóquei” apareceu ligeiramente renovado para a 2ª volta do campeonato com o treinador João Simões e o reforço de inverno João Souto, e as pequenas mas importantes mudanças estão a surtir o seu efeito. Com 13 dos seus 22 pontos conquistados nos sete jogos referentes à 2ª volta, os alvinegros são a 4ª equipa de todo o campeonato que mais pontos amealhou neste período, batendo inclusive o Benfica que apenas conquistou 11 pontos.

Com o momento que equipa atravessa no campeonato, os dois próximos jogos podem ser aqueles que confirmam mais uma época do Turquel na elite do hóquei nacional. A recepção à Juventude de Viana e a deslocação a Paço de Arcos podem deixar os turquelenses próximos da marca dos 30 pontos, algo que praticamente lhes garantiria a manutenção.

Por outro lado, duas derrotas em ambos os encontros voltariam a deixar o Turquel num posição menos agradável, com partidas diante de Benfica, Oliveirense e Porto nas derradeiras quatro jornadas. Mais uma formação que joga nas próximas jornadas a sua cartada decisiva rumo à permanência.

João Souto tem sido um dos grandes destaques do campeonato desde a sua chegada a Turquel (Foto: Carmo Honório)

Continuando a subir na tabela encontramos uma equipa que, contrariamente ao Turquel, está a passar pela pior fase da temporada. Equipa sensação da 1ª volta com 19 pontos conquistados, e apenas 4 derrotas averbadas, todas frente aos 4 grandes, o Riba d’Ave é a única equipa que na 2ª volta ainda não venceu.

Com um calendário difícil nas próximas quatro rondas (Benfica (casa), Tomar (fora), Oliveirense (casa), Porto (fora)), a equipa sensação da primeira metade da época pode continuar a descer na tabela, e chegar às últimas duas rondas em posição complicada. Nessas últimas duas partidas os minhotos terão dois embates teoricamente mais acessíveis, com a recepção ao Braga e a deslocação à Marinha Grande.

Dependendo daquilo que as cinco formações que o perseguem consigam alcançar nas próximas quatro jornadas, poderá ser aí que o Riba d’Ave confirma uma manutenção que à dois meses parecia estar bem mais encaminhada.

Continuando na região do Minho, chegamos às duas equipas que parecem ter o objectivo da manutenção mais próximo, e mais facilmente alcançável. Começando pelo HC Braga, que soma 24 pontos na tabela classificativa, o calendário até à paragem do campeonato não é o melhor (recepções a Porto e Sporting), e pode deixá-los bem mais próximos da zona de descida do que estão actualmente.

Ainda assim o Braga não irá cair garantidamente na zona de despromoção, mesmo que averbe duas derrotas nas próximas duas partidas, tendo depois jogos frente a Marinhense e Riba d’Ave fora, e Barcelos e Valongo no Pavilhão das Goladas. Não sendo um calendário fácil, até porque Riba d’Ave e Valongo podem chegar aos seus respectivos encontros com o Braga bem próximos deste na classificação, a pressão para ganhar pontos no imediato não é tanta como para as equipas que estão atrás de si.

Tem sido um Braga com duas faces diferentes ao longo da época, a equipa de Rui Neto fez 20 dos seus 24 pontos no seu rinque, sendo, em contrapartida, a 2ª pior formação do campeonato na condição de visitante com apenas 1 vitória em 11 jogos, vitória essa conquistada no campo do Tomar.

Um registo que pode ter uma leitura positiva e outra negativa. Olhando para o calendário do HC Braga, este pode ser um indicador de que Porto, Sporting e Barcelos, poderão deixar pontos no Pavilhão das Goladas. Por outro lado, e caso a lei do mais forte prevaleça nessas três partidas, as deslocações à Marinha Grande e a Riba d’Ave poderão assumir um papel importante para o desfecho da época do Braga, e se é verdade que com os actuais 24 pontos, uma vitória deverá bastar para garantir a manutenção, com o registo que os bracarenses apresentam fora de portas essa vitória poderá ser difícil de alcançar.

HC Braga conquistou mais de 80% dos seus pontos em casa (Foto: HC Braga)

Por fim chegamos à 6ª posição e à Juventude de Viana. Não sendo de todo vulgar ver o 6º classificado ainda próximo dos lugares de descida a apenas 6 jornadas do fim, a verdade é que as probabilidades de despromoção para os vianenses são bastante baixas, podendo as próximas duas jornadas eliminar o nome da Juventude desta batalha.

Sendo até provável que qualquer equipa que chegue à marca dos 25 pontos tenha a manutenção assegurada no final do campeonato, a Juv. Viana, que actuamente soma 25 pontos, tem muito pouca pressão para obter resultados no imediato, até porque mais do que o 6º posto dificilmente conseguirá, estando já a 10 pontos do 5º posto do Barcelos. Com duas partidas agendadas até à paragem do campeonato frente a duas equipas que estão, elas sim, bem mais necessitadas de pontos, a equipa treinada por André Azevedo pode até ultrapassar a barreira dos 30 pontos caso triunfe em ambos os encontros.

Turquel fora e Oeiras no Pavilhão de Monserrate serão os próximos jogos dos vianenses, e se o primeiro é de maior grau de dificuldade, por ser na condição de visitante e frente a um adversário em grande, o segundo, no seu reduto, poderá ser aquele que definitivamente deixa a Juventude não só longe dos lugares de despromoção, como cimentada mais uma vez nos lugares de meio da tabela.

Em caso de derrota em ambos a Juventude de Viana terá ainda mais duas deslocações a Paço de Arcos e Tomar, bem como as recepções a Sporting e Benfica, para confirmar aquilo que já todos esperam, a presença da Juventude de Viana na próxima edição do campeonato.

Com o campeonato a parar por aproximadamente um mês entre as jornadas 22 e 23, com uma eliminatória da Taça de Portugal, uma jornada da Liga Europeia, e a paragem para as seleções no Torneio de Montreux, é bastante provável que até lá a configuração da tabela classificativa mude, nomeadamente na metade inferior, podendo a luta pela manutenção estar restringida a menos equipas, e completamente diferente daquela que temos actualmente.

 

(Foto de capa: Pedro Correia)


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