Como foi possível a conquista europeia do futsal do Sporting CP?

Fair PlayMaio 3, 20196min0

Como foi possível a conquista europeia do futsal do Sporting CP?

Fair PlayMaio 3, 20196min0
Há um novo campeão europeu de "futebol de salão" com os verde-e-brancos a levantarem o título pela 1ª vez. Mas como foi a caminha do futsal do Sporting CP até este momento?

Texto de José Nuno Queirós

Na quarta ida à final, o Sporting conseguiu finalmente trazer o tão aguardado prémio e tornar-se pela primeira vez na sua história Campeão europeu de Futsal.

O Caminho ao Longo dos Anos

Esta foi a 7ª vez que o Sporting atingiu a Final-four da UEFA Futsal Cup/ Uefa Futsal Champions League

2001/2002 – Lisboa (Portugal)

Há dezassete anos o Sporting esteve na sua primeira Final-four da principal competição internacional de clubes de futsal. Nesta primeira edição da prova os leões caíram nas meias finais frente ao Playas de Castellon (4-0) que viria a vencer a competição nessa época. Nessa época ainda não era realizado jogo para atribuir 3º e 4º lugar.

2010/2011 – Almaty (Cazaquistão)

Foi preciso esperar 9 anos para o Sporting regressar a uma Final-four da competição e logo com presença na final. Em Almaty, no Cazaquistão, vencemos a equipa da casa por 3-2 (2 golos de Caio Japa e um de Divanei) e jogamos a nossa primeira final da competição frente aos italianos do Montesilvano. Derrota por (5-2) com os nossos golos a serem marcados por Leitão.

2011/2012 – Lleida (Espanha)

Na época seguinte, nova presença na Final-four com derrota nas meias frente ao Barcelona (5-1), com golo de Djô. No jogo de atribuição do 3º e 4º lugar derrota nas grandes penalidades frente à Marca Futsal depois de um empate a três com golos de Leitão x2 e Pedro Cary.

2014/2015 – Lisboa (Portugal)

Três anos depois, nova presença na Final-four, desta feita com organização leonina no Pavilhão Atlântico. Derrota na meia final frente ao Barcelona (5-3), com golos de Diogo, João Matos e Caio Japa. No jogo de atribuição do 3º e 4º lugar, vitória frente ao Dina Moscovo por 8-3 com golos de Marcelinho, João Matos, Diogo, Cristiano e um poker de Alex.

2016/2017 – Almaty (Cazaquistão)

Pela segunda vez numa final-four no Cazaquistão com uma vitória frente Ugra Yugorsk por 2-1. Marcaram para o Sporting, Fortino e Dieguinho. Segunda final da história do Sporting que terminou em goleada frente ao Inter Movistar (7-0).

2017/2018 – Saragoça (Espanha)

Goleada nas meias frente ao Eto Gyor por 6-1 com golos de Merlim, Diogo, Cavinato, Dieguinho e dois de Cardinal. Como não há duas sem três, nova derrota na final frente ao Inter Movistar (5-2), com golos de Diogo e Cavinato.

Com 5 presenças nos últimos 9 anos era mais que óbvio que o Sporting estava muito perto de garantir o título, no entanto o facto de este troféu ter fugido nas duas últimas edições deixou uma nuvem negra no clube e nesta equipa. Estaria o Sporting prestes a passar o melhor período da história do seu futsal sem conseguir conquistar o título máximo na Europa?

A gloriosa caminhada de 2018/2019

O sporting começou a época sabendo que tinha perdido alguns dos seus melhores jogadores nos últimos anos. Nomeadamente: Fortino; Diogo; Divanei; Caio Japa e Marcão.

Quanto a reforços, Alex e Rocha não estariam ainda ao nível já evidenciado por Diogo e Fortino, tendo sido mesmo ao longo da época, atletas com pouca preponderância no plantel.

Erick acabou por se revelar um bom regresso, sendo também um dos melhores jovens portugueses da atualidade e garantindo uma maior qualidade ao setor, uma vez que Caio Japa estava já bastante longe da forma que evidenciou ao longo da sua enorme carreira no Sporting.

Mas aqueles que foram os dois grandes obreiros da obra, foram também os dois nomes mais sonantes que os leões anunciaram no Verão de 2018: Léo e Guitta.

O Fixo do Cazaquistão é um dos melhores jogadores na sua posição e trouxe uma enorme segurança defensiva à equipa, nomeadamente quando apareciam Pivots de Classe Mundial, como Elisandro, que tinha sido um dos principais nomes das duas finais perdidas consecutivas.

Por sua vez Guitta, trouxe aquilo que faltava há muito no Sporting e que não se via desde Benedito. Um Guarda-Redes que faz, de facto, a diferença nas balizas e que é capaz de decidir um jogo com as suas intervenções. Em suma, o melhor, ou um dos melhores, guardiões do Mundo do Futsal.

A caminha na Europa até nem começou bem com o Sporting a terminar a primeira fase em 2º lugar, depois da derrota frente ao Kairat por 2-1, que iria obrigar o Sporting a jogar a fase de elite frente a um adversário do pote 1. (Mal sabiam os sportinguistas que o Destino iria fechar o círculo que começou nesta derrota frente aos cazaques)

Com o Benfica como adversário, o Sporting conseguiu uma passagem sofrível na fase de elite com a diferença de golos a decidir a passagem do Sporting à Final-four, depois de um empate frente ao Benfica, numa partida onde o João Rocha e um enorme Guitta, permitiram ao Sporting, na altura uns furos abaixo do rival, garantir uma 7ª presença na Final-four da maior prova de clubes na Europa.

No entanto, por esta altura pairava a desconfiança no ar. As exibições da equipa não convenciam os adeptos mais exigentes e o poderio dos 3 adversários fazia antever o pior, com Kairat (carrasco na primeira fase), Inter (vencedor das duas últimas finais e besta-negra dos leões) e Barcelona (nesta época numa forma incrível e apontada como grande favorita).

Quis a sorte do Sorteio que o Sporting apanhasse o Inter, reeditando assim nas meias finais, o jogo que protagonizou as duas últimas finais.

E aqui começou o mais belo conto de fadas da história dos leões.

Numa exibição espetacular e perfeita, a todos os níveis, o Sporting consegui afastar o seu maior fantasma por categóricos 5-3 com um hat-trick de Dieguinho e golos de Deo e Cardinal, garantindo o passaporte na final contra o Kairat, equipa da casa e que já tinha ganho aos leões esta época.

Com uma casa cheia e num ambiente hostil, o Sporting tentava vingar toda uma história. O Kairat tinha ganho a final four organizada em Lisboa pelo Sporting, o Kairat já tinha ganho este ano ao Sporting, e o Sporting já tinha sido derrotado duas vezes neste mesmo palco na final.

A história escreveu-se e por 2-1 (o mesmo resultado com que o Kairat tinha ganho aos leões), com golos de Cavinato e Merlim o Sporting levou o “caneco” para casa num jogo que contou com um enorme Guitta. Apesar de Higuita, guarda-redes do Kairat, ter sido considerado o melhor do mundo, Guitta quis mostrar que isso não contava para nada e com um par de defesas decisivas acabou por garantir a vitória para os leões, uma delas a 6 segundos do fim da partida.

Portugal volta a ter um clube campeão europeu juntando pela primeira vez o título de clubes ao título de seleções.


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