Ano de Gala do Futebol de Praia Português

André CoroadoDezembro 25, 20196min0
A selecção portuguesa de futebol de praia sagrou-se campeã do mundo e da Europa em 2019, num ano em que também conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Europeus. Além disso, o Sporting Clube de Braga venceu todas as competições nacionais e internacionais que disputou. Razões, por isso, para celebrar o futebol de praia neste ano que passou e zelar para que 2020 mantenha os altos padrões alcançados!

O ano de 2019 chega ao fim e são vários os motivos para celebrar no âmbito do futebol de praia português. Aquele que se antevia como o ano mais preenchido da História do Futebol de Praia acabou por constituir o ano mais titulado de sempre da selecção nacional e do Sporting Clube de Braga, que venceram praticamente todas as competições em que estiveram envolvidos.

Além disso, a temporada de 2019 trouxe também a primeira edição da Taça de Portugal, numa afirmação clara do investimento da FPF na modalidade, bem como a continuação do desenvolvimento da modalidade ao nível dos clubes, com o surgimento e crescimento de novos jogadores. Reflexo desta trajectória de progresso é também a afirmação cabal de novos jogadores na selecção nacional, que finalmente pode ser vista como um exemplo de uma renovação sustentada de sucesso.

Hegemonia Planetária do SC Braga

O feito obtido pelos Guerreiros do Minho na saga de 2019 reveste-se se contornos épicos tendo em conta a forma avassaladora como o SC Braga se impôs em todas as competições que disputou.

Liderados pela determinação fundamentada de Bruno Torres, treinador e capitão dos bracarenses, os minhotos sagraram-se campeões do Mundialito de Clubes da BSWW em Moscovo, ainda em pleno inverno, num presságio das alegrias maiores que ainda estavam para vir: a conquista da Euro Winners Cup pela terceira vez consecutiva, na Nazaré, e o domínio das provas nacionais (Campeonato de Elite e a inédita Taça de Portugal).

Conjugando o trio maravilha da selecção nacional (Jordan, Bê e Léo) com elementos chave da selecção brasileira (incluindo o guardião Rafa Padilha), o SC Braga cimentou a cultura de vitória iniciada nas épocas anteriores e tira partido das valências técnico-tácticas do seu plantel de luxo de um modo irrepreensível. Não será fácil igualar as façanhas de 2019, mas a oposição enfrentará uma árdua tarefa na tentativa de destituir os Guerreiros do Minho do estatuto de líderes do ranking mundial.

Portugal campeão olímpico, europeu e mundial

Em 2015, os comandados de Mário Narciso haviam arrebatado o mundo com a conquista simultânea dos título mundial (Espinho, perante o apoio do entusiástico público português) e europeu (Parnu, Estónia), numa caminhada vitoriosa difícil de igualar. Porém, 2019 apresentava aos heróis das areias lusitanas uma nova oportunidade para brilhar e foi com base numa vontade imensa de vencer que os atletas portugueses construíram um monumento de conquistas triunfais.

O ano teve alguns momentos difíceis para a selecção nacional, nomeadamente o não apuramento para os Jogos Mundiais de Praia após o fracasso da qualificação em Salou, Espanha. No entanto, se os processos ainda não estavam afinados por ocasião desse evento, o verão trouxe uma selecção portuguesa mais coesa e rotinada, portadora de uma qualidade exibicional digna de vencer qualquer adversário. Foi disso prova a vitória incontestável nos Jogos Olímpicos Europeus, com uma vitória retumbante nesse memorável dia 29 de Junho diante da Espanha (8-3). O ouro olímpico assentou na perfeição aos bravos das areias, que fizeram soar A Portuguesa em Minsk.

Os dados estavam lançados! Depois do pleno de triunfos na etapa portuguesa da Liga Europeia, Portugal sentiu algumas dificuldades para garantir a qualificação para o mundial, mas acabaria por conseguir passar o teste decisivo no play-off contra a Espanha, numa vitória da superação e da vontade. Depois disso, seguiram-se os triunfos no Mundialito, na Liga Europeia (vitória por 4-2 no mítico dia 8 de Setembro, com direito a reviravolta numa final de grande nível) e, a fechar o ano, Portugal acabaria mesmo por se sagrar campeão do mundo, mercê do triunfo no Mundial FIFA Assunção 2019. Um ano de sonho, que superou mesmo os feitos celestiais de 2015!

Os prémios e distinções individuais alcançados por atletas portugueses constituem-se também como um corolário do êxito colectivo, sendo os mais sonantes a atribuição do prémio de melhor jogador do mundo a Jordan Santos e a consagração de Madjer como o melhor de todos os tempos por parte da revista France Football, semanas antes da retirada do capitão luso após a conquista do ceptro mundial em Assunção. Mas os louros da equipa portugesa incluíram também muitos prémios individuais ao longo da temporada, principalmente para Jordan Santos, melhor jogador do mundialito, da Liga Europeia e da Euro Winners Cup, mas também para Elinton Andrade, melhor guarda-redes do mundial, e também os irmãos Bê e Léo Martins.

Além disso, João Gonçalves (32 golos do pivô por Portugal esta época), André Lourenço (um precioso reforço do sector defensivo português que ainda fez 8 golos) e o jovem prodógio Rúben Brilhante (que deu os primeiros passos numa promisora carreira internacional) afirmaram-se como os rostos da renovação da equipa das quinas, assim como a confirmação de Ricardo Baptista, que apesar de menos utilizado protagonizou provavelmente o seu melhor ano ao serviço da selecção. Pedro Vasconcelos Silva e Tiago Batalha também corresponderam da melhor forma sempre que chamados, numa selecção que conta com um vasto leque de opções para manter o elevado nível demonstrado em 2019. É certo que as dinâmicas do quarteto de campo alternativo a Coimbra-Jordan-Bê-Léo têm de continuar a ser trabalhadas para constituírem uma alternativa cada vez mais sólida, mas o sucesso alcançado este ano já reflecte o êxito deste processo de renovação reforçado nos últimos meses.

O que há a melhorar no país campeão do mundo?

Sobram, por isso, razões para sorrir quando recordamos o trajecto do futebol de praia português no decorrer do último ano. Para 2020, a FPF já assegurou a realização de uma Supertaça de Portugal, bem como a extensão do calendário da divisão de elite para uma fase regular a duas voltas, visando um aumento do número de jogos disputados. As competições juvenis serão uma componente a desenvolver, por forma a promover a criação de uma selecção de sub-21 que tarda em surgir, seguindo os exemplos de outras selecções europeias ou sul-americanas. Outro ponto a desenvolver será a realidade do futebol de praia feminino, que conta já com alguns projectos interessantes mas precisa de um impulso forte, seguindo o exemplo de outras federações (Espanha, Inglaterra, Rússia e Suíça dominam o panorama europeu).

Olhamos para 2019 com saudade, mas com a certeza de que o futuro do futebol de praia português continuará a dar-nos todas as razões para sorrir e estimar esta modalidade que tantas alegrias nos tem dado!


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