Definidas as concorrentes no basquete feminino para Paris 2024
Os quatro quadrangulares classificatórios para as Olimpíadas de Paris 2024 seguiram à risca os prognósticos. Infelizmente, no grupo de Belém (Brasil), as anfitriãs acumularam três derrotas e foram eliminadas, ampliando o jejum olímpico para a segunda competição consecutiva; Austrália (3v), Alemanha (2v e 1d) e Sérvia (1v e 2d) conquistaram a vaga. Não nos prolonguemos mais, o trauma segue aberto e a digestão da eliminação não se completou; ademais, detalhamos o grupo na semana passada.
Prevíamos que o grupo disputado em Xi’na se resumiria a duas partidas, o que acabou se concretizando. A disparidade técnica entre as duas principais seleções (China e França) e as restantes (Porto Rico e Nova Zelândia) era evidente; não contávamos, porém, com os placares nos dois jogos equilibrados. Na disputa direta pela vaga, Porto Rico suou horrores para vencer a Nova Zelândia por módicos 2 pontos – 69 x 67, após trocas na liderança ao longo da partida. Sem a armadora Charlise Leger-Walker, contundida, as neozelandesas pareciam alvo fácil. Ledo engano: elas controlaram a ala porto riquenha Arella Guirantes como puderam (13 pts em 18 arremessos, 7 reb e 8 ast) e a segunda válvula ofensiva de Porto Rico precisou chamar a pontuação para si. Sem o duplo-duplo de Mya Hollingshead (20 pts e 14 reb), a vaga poderia estar em outras mãos neste momento.
Ways to end your experience at the #FIBAOQT nicely:
– Qualification at the Olympic Games ✅
– Scoring 27 points against the hosts China ✅@Arella_Karinnn was looking good for Puerto Rico 🔥#EuroLeagueWomen pic.twitter.com/3S3YZnQmur— EuroLeague Women (@EuroLeagueWomen) February 12, 2024
Tampouco esperávamos uma partida tão tranquila, com placar amplo, no duelo entre China e França. O equilíbrio dominava as casas de aposta, pendendo para as donas da casa, que acabaram soterradas pelas francesas. Talvez pela primeira vez no comando de Jean-Aime Toupane, a França aliou sua qualidade técnica ao atleticismo acima da média, contando ainda com rotação extensa e compartilhada. A China sequer ameaçou a liderança e as atuais vice campeãs mundiais engoliram a derrota por 82 x 50. Ambas, somadas a Porto Rico, em sua segunda participação olímpica, estarão em Paris.
O grupo na Antuérpia seguiu roteiro similar, com as duas partidas relevantes agendadas para a data inaugural do quadrangular. O clássico africano abriu a competição e definiu a terceira vaga em jogo, com êxito da Nigéria sobre Senegal, por 72 x 65. As nigerianas confirmaram o favoritismo novamente e coroaram o bom ciclo com a vaga em Paris; as senegalesas abriram vantagem no intervalo, mas deixaram a diferença minguar no quarto final, quando a experiente Nigéria virou e carimbou mais uma participação olímpica.
Ainda no dia de estreia, o aguardado confronto entre Bélgica e Estados Unidos rendeu muito basquete e polêmica. Sem perder em grandes competições mundiais há quase duas décadas, as estadunidenses viram sua hegemonia ameaçada e precisaram da última posse, no estouro do cronômetro, para garantir a vitória. Sem A’ja Wilson e Chelsea Gray, a seleção deu rodagem a jovens valores, mesclados à experiência de Diana Taurasi; o elenco possuía uma única pivô acostumada à posição 5 (Aliyah Boston), tendo que compensar com a velocidade de Breanna Stewart (anotadora da bola decisiva), Alyssa Thomas (14 pts e 7 reb) e Napheesa Collier (cestinha com 23 pts).
Atrás durante o jogo todo, espremido pela exultante torcida belga, os Estados Unidos viraram no quarto final. A remontada não seria possível, entretanto, sem um erro bizarro da arbitragem, que deixou passar a pisada na linha de Kelsey Plum, na bola que resultou no tapinha vitorioso de Stewart.
IMPERDONABLE error arbitral en el 🇧🇪 🆚️ 🇺🇲
De esta jugada, en la que claramente Kelsey Plum pisa la línea, se deriva el enceste de Breanna Stewart con el cual Estados Unidos vence a Bélgica 81-79 en el torneo preolimpico femenino.
👨🦯😎 los árbitros de @FIBA #FIBAOQT pic.twitter.com/YelbrDTut8
— MundoBSKT 🇲🇽 (@mundobskt) February 9, 2024
EUA, Bélgica e Nigéria, como esperado, garantiram suas vagas em Paris.
Por fim, o grupo da morte em Sopron (Hungria) reservou suspense até a posse final do último jogo. Foi um perde e ganha que resultou em campanhas idênticas ao final do segundo dia do torneio. O Japão, após vencer a Espanha na abertura do quadrangular, caiu para a Hungria no segundo dia; a Hungria perdera na véspera para o Canadá, que caiu para a Espanha. Chegamos ao dia decisivo com tudo empatado: quem vencesse, garantia a vaga, sobrando ainda uma vaga para uma das seleções derrotada.
As japonesas conseguiram impor seu ritmo sobre as canadenses e afastaram o perigo da eliminação; com formação mais baixa e mais rápida, o perímetro japonês ofereceu risco constante no jogo de pick and roll e agressão à cesta. Sequer teve necessidade do alto volume de arremessos de três; sofreu para conter a pivô Kayla Alexander, mas saiu vencedora por 86 x 82. A derrota obrigava o Canadá a torcer pela Espanha no jogo final do classificatório; ao final do primeiro tempo, as húngaras venciam as (já classificadas) espanholas por 19 pts de vantagem!
A Hungria tinha a faca e o queijo na mão para embarcar para Paris e pôr fim à sequência de três participações consecutivas nos Jogos Olímpicos do Canadá. Tal qual o Brasil, porém, os deuses do basquete estavam indispostos com as anfitriãs; a Espanha reagiu no terceiro quarto, após estar 22 pts atrás, e acelerou no quarto derradeiro. A um minuto e meio do fim, a Hungria contava 4 pts de liderança, com apoio da torcida. O sangue frio e a experiência espanholas foram mais valiosos, que conquistaram a vitória por 73 x 72 e eliminaram a Hungria das Olimpíadas de Paris. As cenas abaixo mostram o estado de espírito das canadenses, que acompanhavam com extrema atenção.
AMAZING 🤯
Canada 🇨🇦 players watched Spain erase 22-point deficit against Hungary as their Olympic dreams come true! 🥳#FIBAOQT pic.twitter.com/qXVZGmfzoM
— FIBA (@FIBA) February 11, 2024
Com todas as vagas olímpicas confirmadas no basquete feminino, os Jogos de Paris repetirão os países participantes da última edição em Tóquio, com uma única exceção: a Alemanha no lugar da Coreia do Sul. O estrangulado e relapso calendário da FIBA para a modalidade não permite intercâmbio e privilegia o status quo. As medalhistas Estados Unidos, Japão e França buscarão a repetição das boas campanhas de Tóquio; a vice campeã mundial China, a experiente Austrália e a crescente Bélgica partem como azarões e principais candidatos a evitar o mesmo pódio.
Serão 3 seleções da América (EUA, Canadá e Porto Rico), 3 da Ásia e Oceania (Japão, China e Austrália – a Fiba une os dois continentes no basquete), 1 da África (Nigéria) e 5 da Europa (Bélgica, Espanha, França, Sérvia e Alemanha). O sorteio e composição dos grupos ocorrerá em 19 de março; as Olimpíadas serão disputadas entre 29 de julho e onze de agosto.