Definidas as concorrentes no basquete feminino para Paris 2024

Lucas PachecoFevereiro 21, 20246min0

Definidas as concorrentes no basquete feminino para Paris 2024

Lucas PachecoFevereiro 21, 20246min0
Já está definido quem vai estar em Paris 2024 no basquetebol feminino e Lucas Pacheco diz-te quem chegou lá e como

Os quatro quadrangulares classificatórios para as Olimpíadas de Paris 2024 seguiram à risca os prognósticos. Infelizmente, no grupo de Belém (Brasil), as anfitriãs acumularam três derrotas e foram eliminadas, ampliando o jejum olímpico para a segunda competição consecutiva; Austrália (3v), Alemanha (2v e 1d) e Sérvia (1v e 2d) conquistaram a vaga. Não nos prolonguemos mais, o trauma segue aberto e a digestão da eliminação não se completou; ademais, detalhamos o grupo na semana passada.

Prevíamos que o grupo disputado em Xi’na se resumiria a duas partidas, o que acabou se concretizando. A disparidade técnica entre as duas principais seleções (China e França) e as restantes (Porto Rico e Nova Zelândia) era evidente; não contávamos, porém, com os placares nos dois jogos equilibrados. Na disputa direta pela vaga, Porto Rico suou horrores para vencer a Nova Zelândia por módicos 2 pontos – 69 x 67, após trocas na liderança ao longo da partida. Sem a armadora Charlise Leger-Walker, contundida, as neozelandesas pareciam alvo fácil. Ledo engano: elas controlaram a ala porto riquenha Arella Guirantes como puderam (13 pts em 18 arremessos, 7 reb e 8 ast) e a segunda válvula ofensiva de Porto Rico precisou chamar a pontuação para si. Sem o duplo-duplo de Mya Hollingshead (20 pts e 14 reb), a vaga poderia estar em outras mãos neste momento.

Tampouco esperávamos uma partida tão tranquila, com placar amplo, no duelo entre China e França. O equilíbrio dominava as casas de aposta, pendendo para as donas da casa, que acabaram soterradas pelas francesas. Talvez pela primeira vez no comando de Jean-Aime Toupane, a França aliou sua qualidade técnica ao atleticismo acima da média, contando ainda com rotação extensa e compartilhada. A China sequer ameaçou a liderança e as atuais vice campeãs mundiais engoliram a derrota por 82 x 50. Ambas, somadas a Porto Rico, em sua segunda participação olímpica, estarão em Paris.

O grupo na Antuérpia seguiu roteiro similar, com as duas partidas relevantes agendadas para a data inaugural do quadrangular. O clássico africano abriu a competição e definiu a terceira vaga em jogo, com êxito da Nigéria sobre Senegal, por 72 x 65. As nigerianas confirmaram o favoritismo novamente e coroaram o bom ciclo com a vaga em Paris; as senegalesas abriram vantagem no intervalo, mas deixaram a diferença minguar no quarto final, quando a experiente Nigéria virou e carimbou mais uma participação olímpica.

Ainda no dia de estreia, o aguardado confronto entre Bélgica e Estados Unidos rendeu muito basquete e polêmica. Sem perder em grandes competições mundiais há quase duas décadas, as estadunidenses viram sua hegemonia ameaçada e precisaram da última posse, no estouro do cronômetro, para garantir a vitória. Sem A’ja Wilson e Chelsea Gray, a seleção deu rodagem a jovens valores, mesclados à experiência de Diana Taurasi; o elenco possuía uma única pivô acostumada à posição 5 (Aliyah Boston), tendo que compensar com a velocidade de Breanna Stewart (anotadora da bola decisiva), Alyssa Thomas (14 pts e 7 reb) e Napheesa Collier (cestinha com 23 pts).

Atrás durante o jogo todo, espremido pela exultante torcida belga, os Estados Unidos viraram no quarto final. A remontada não seria possível, entretanto, sem um erro bizarro da arbitragem, que deixou passar a pisada na linha de Kelsey Plum, na bola que resultou no tapinha vitorioso de Stewart.

EUA, Bélgica e Nigéria, como esperado, garantiram suas vagas em Paris.

Por fim, o grupo da morte em Sopron (Hungria) reservou suspense até a posse final do último jogo. Foi um perde e ganha que resultou em campanhas idênticas ao final do segundo dia do torneio. O Japão, após vencer a Espanha na abertura do quadrangular, caiu para a Hungria no segundo dia; a Hungria perdera na véspera para o Canadá, que caiu para a Espanha. Chegamos ao dia decisivo com tudo empatado: quem vencesse, garantia a vaga, sobrando ainda uma vaga para uma das seleções derrotada.

As japonesas conseguiram impor seu ritmo sobre as canadenses e afastaram o perigo da eliminação; com formação mais baixa e mais rápida, o perímetro japonês ofereceu risco constante no jogo de pick and roll e agressão à cesta. Sequer teve necessidade do alto volume de arremessos de três; sofreu para conter a pivô Kayla Alexander, mas saiu vencedora por 86 x 82. A derrota obrigava o Canadá a torcer pela Espanha no jogo final do classificatório; ao final do primeiro tempo, as húngaras venciam as (já classificadas) espanholas por 19 pts de vantagem!

A Hungria tinha a faca e o queijo na mão para embarcar para Paris e pôr fim à sequência de três participações consecutivas nos Jogos Olímpicos do Canadá. Tal qual o Brasil, porém, os deuses do basquete estavam indispostos com as anfitriãs; a Espanha reagiu no terceiro quarto, após estar 22 pts atrás, e acelerou no quarto derradeiro. A um minuto e meio do fim, a Hungria contava 4 pts de liderança, com apoio da torcida. O sangue frio e a experiência espanholas foram mais valiosos, que conquistaram a vitória por 73 x 72 e eliminaram a Hungria das Olimpíadas de Paris. As cenas abaixo mostram o estado de espírito das canadenses, que acompanhavam com extrema atenção.

Com todas as vagas olímpicas confirmadas no basquete feminino, os Jogos de Paris repetirão os países participantes da última edição em Tóquio, com uma única exceção: a Alemanha no lugar da Coreia do Sul. O estrangulado e relapso calendário da FIBA para a modalidade não permite intercâmbio e privilegia o status quo. As medalhistas Estados Unidos, Japão e França buscarão a repetição das boas campanhas de Tóquio; a vice campeã mundial China, a experiente Austrália e a crescente Bélgica partem como azarões e principais candidatos a evitar o mesmo pódio.

Serão 3 seleções da América (EUA, Canadá e Porto Rico), 3 da Ásia e Oceania (Japão, China e Austrália – a Fiba une os dois continentes no basquete), 1 da África (Nigéria) e 5 da Europa (Bélgica, Espanha, França, Sérvia e Alemanha). O sorteio e composição dos grupos ocorrerá em 19 de março; as Olimpíadas serão disputadas entre 29 de julho e onze de agosto.


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