A disputa pela América: quem vai ganhar no basquete das Américas

Lucas PachecoJunho 23, 20237min0

A disputa pela América: quem vai ganhar no basquete das Américas

Lucas PachecoJunho 23, 20237min0
Lucas Pacheco faz a antevisão à Copa América 2023, mais propriamente ao basquete das Américas na maior competição daquele continentes

A Copa América (Americup) de basquete feminino está prestes a comear, e vamos perceber quem está na frente para ganhar esta competição do basquete das Américas. Com duas vagas diretas para o pré-olímpico mundial e mais quatro classificatórias para o pré-olímpico continental, a competição inicia-se no dia 01, com 10 seleções divididas em dois grupos.

As franco-favoritas são as norte-americanas, em busca de seu terceiro título consecutivo. Ainda que formada por atletas universitárias, o elenco dirigido por Kamie Ethridge (ex-armadora campeã olímpica e atual tecnica de Washington State) entra com sobras de favoritismo. Logo atrás aparecem as canadenses, segunda potência no continente e que também contará com um elenco mais jovem e menos experiente. Deve ser o suficiente para confirmar a final e as vagas diretas.

No bolo logo abaixo, Porto Rico, Brasil e Argentina tentam romper a hegemonia do norte. As caribenhas apresentam maior consistência e nos últimos anos ultrapassou as brasileiras no posto de terceira força das Américas, de quem roubaram a vaga para um Mundial e uma Olimpíada. Na Austrália, em 2022, surpreenderam e fizeram uma campanha digna, reflexo da evolução.

Para o Brasil, é o primeiro passo para retornar às grande competições. Atualmente em treinos no interior de Saõ Paulo, o técnico José Neto conta com 19 atletas, das quais 12 formarão o elenco no torneio. Sua situação oscila entre a ambição de derrotar Porto Rico e o receio das concorrentes do sul se aproximarem. No Sul-Americano do ano passado, o troféu foi assegurado na última posse contra a Argentina, além da sempre perigosa Colômbia.

A desorganização da confederação, que alega dificuldade financeira e reúne o elenco às vésperas das competições, aliada à ausência de um coletivo entrosado, com referências técnicas individuais e padrão tático, trazem preocupação. Na seleção adulta, ao menos ainda se avança para os qualificatórios mundiais, onde aí sim a decepção e os longos anos de abandono do basquete feminino brasileiro dão as caras. Em 2016, sediando os jogos olímpicos, última colocação e campanha sem vitória; não conseguiu vagas no Mundial de 2018 nem nos jogos de Tóquio, e repetiu o feito sem ir à Austrália.

Nas categorias de base, entretanto, a situação é ainda pior.

A seleção sub 19 finalizou o Mundial de 2021 na última posição, perdendo na disputa derradeira para a arqui-rival Argentina; daqui a um mês, terá a chance da reviravolta, em nova edição da competição. A sub 17 ficou de fora das edições de 2018 e 2020 – a novidade foi a eliminação nas quartas-de-final da Copa América da categoria neste mês de junho para Porto Rico, resultado que prolonga a seca do Mundial.

Periclitante desde a estreia contra Canadá e passando por nova derrota para a Argentina, com margem confortável no placar, a equipe avançara na terceira posição de seu grupo, com o único triunfo sobre a lanterna Republicana. O desempenho não empolgava e a seleção chegou a cometer mais de 40 desperdícios em um jogo. Contra Porto Rico, a seleção teve bons momentos, como no 2Q, principalmente quando rodava a bola e movimentava-se em quadra.

Porém, os momentos ruins foram mais numerosos. Vários arremessos precipitados, com bastante tempo no cronômetro, ou os indefectíveis passes para as pivôs no posto baixo, de ângulos estranhos e mal exceutados. Mas, mesmo com oscilação, a seleção brasileira manteve-se a frente até os últimos 4 minutos, impondo-se fisicamente.

Nesse momento, já com troca de liderança, a técnica brasileira Luciana Thomazini pediu tempo após um desperdício, dando a oportunidade para a oponente desenhar uma jogada ofensiva – a escolha da técnica porto-riquenha Michelle Gonzales não poderia mais acertada. Ela optou por um corta direto na ala-armadora Desirek Nieves (26 pontos e 8 rebotes) na cabeça do garrafão, jogada executada à exaustão por Porto Rico, a qual gerou diversas bandejas e pontos fáceis.

A dupla de defensoras, qualquer que fosse, posicionava-se mal, ambas cobrindo a mesma direção da jogadora com a bola – o efeito era abrir avenidas rumo à cesta, com a pivô atrasada. Sem cobertura coletiva, o jogo de duplas foi mirado por Porto Rico, estratégia sem resposta da técnica brasileira. A derrota por 57 x 49 não reflete o equilibrio da partida, a diferença aberta nos minutos decisivos.~

Tampouco a qualidade dos valores individuais, a geração tem nomes promissores e precisa ser lapidada, trabalhada tanto pela CBB, por meio de camps, quanto pelos clubes e federações. A armadora Micaela tem agressividade e instinto ofensivo raros na posição no Brasil, assim como a forma de seu chute é boa e produz esperança nos chutes de 3; Sofia Borges compensa a baixa estatura para uma pivô com boa colocação e leitura de jogo, alcançando duplos-duplos em mais de uma oportunidade no torneio; Sara Martins tem potencil para uma wing de envergadura e habilidade, apesar da partida tenebrosa contra Porto Rico e da defesa que precisa de melhor postura; Sther Ubaka impressiona pelo físico, explosão e capacidade para se posicionar no garrafão, uma joia que precisa melhorar a defesa e o arremesso. Por pequenos detalhes, a geração perderá um valioso intercâmbio para a categoria inicial da formação no âmbito mundial.

Enquanto uns colhem os feitos do trabalho bem realizado, o Brasil amarga mais uma eliminação e assistirá ao mundial pelo youtube.

Ao fim, classificaram-se as mesmas concorrentes que serão nossas adversárias na Copa América adulta: EUA, Canadá, Argentina e nosso algoz Porto Rico. O perigo no continente existe e, contrário ao nosso desejo e expectativa, a tendência para os próximos anos é de ainda mais competição. Deste canto, torcemos para a seleção brasileira adulta fazer uma boa competição e seguir na luta por Paris.

O Brasil abre a competição no dia 01 de julho, contra Cuba; na sequência, dois duelos contra sul-americanas, dia 02 contra a Venezuela e no dia 03, contra as argentinas; encerra sua participação na primeira fase contra os EUA, no dia 04.


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