Treinar para superar a mente – Parte III
A bicicleta e os halteres = motores de bem estar físico e psicológico
Nos últimos dois anos, o interesse nas bicicletas aumentou e a paixão por pedalar também. Já ando ao sábado e ao domingo e ocasionalmente num dia da semana. Mantenho a bicicleta de BTT com algumas melhorias, e este ano adquiri uma de estrada – que estou a adorar. Aliás, para mim andar durante 5 ou 6 horas, ou até mais, não é um sacrifício: a sensação das pernas a queimar, sentir as pulsações subirem e toda aquela satisfação são espetaculares – claro que existem momentos que penso “porque é que são 8h30 de um domingo e tu estás no pinhal com chuva e lama, bem podias estar no quente da tua cama, não és profissional e não vais ganhar nada”. Por outro lado, rapidamente mudo o “chip” e penso “tu escolheste estar a pedalar porque gostas disto, porque te sabe bem! Por isso aproveita enquanto o podes fazer!”. Daí que, no final duma prova ou volta, surge a sensação de missão cumprida que é genial. Claro que muitos não compreendem a dedicação que tenho relativamente à bicicleta e ao desporto em geral. Porque eu faço tudo para cumprir os treinos no ginásio e pedalar ao domingo. Já cheguei a ir pedalar com 3 horas de sono ou a treinar às nove e tal da noite. Há quem me chame doido, obcecado, paranoico…e eu até admito que, às vezes, possa ser demasiado rígido. Todavia é também esta persistência que me permite não desistir quando as coisas são difíceis – foi com a bicicleta que aprendi que sou capaz de fazer uma maratona ou uma ultramaratona, tanto física como psicologicamente. É com os halteres e com a barra e os pesos que ganho força física e mental. E não digo isto no sentido de me armar, mas sim para me motivar a ser melhor comigo mesmo. Ainda no outro dia um senhor mais velho no ginásio dizia “Os homens não se medem aos palmos, e tu Zé Afonso és a prova disso mesmo, há aí outros bem maiores que tu, mas não carregam como tu, nem fazem o que tu fazes na bicicleta” – claro que isto deixa-me orgulhoso. Mas eu não treino ou pedalo para elogios ou para os “likes” no Facebook. Eu faço por mim, pela minha saúde física e mental.
Quando a persistência fala mais alto e a bicicleta não é uma simples bicicleta
E, como disse, não espero que todos compreendam, até porque, às vezes, ouço coisas como “hoje não vás ao ginásio, treinas amanhã ou no outro dia, anda beber um copo” ou “deixa lá a bicicleta, vem sair até tarde e dormes amanhã” ou “porque é que vais gastar esse dinheiro na bicicleta? É só uma bicicleta”. Apesar de não ter de justificar-me perante comentários destes, eu respondo da seguinte forma: eu não treino todos os dias e também tenho vida para além do desporto, apenas escolho como a quero viver. Já que não tenho o mesmo prazer em beber copos ou sair até de madrugada como tenho em treinar. Para mim a bicicleta não é apenas uma bicicleta! Quando chego à garagem e olho para as bicicletas, lembro-me das histórias e conquistas pessoais que consegui com elas. Nos momentos tristes que já passei, foi a pedalar que consegui abstrair-me dos mesmos. E esta sensação repercute-se no ginásio – quando tenho problemas profissionais e pessoais, a bicicleta e os halteres ajudaram-me sempre.
Por exemplo, ultimamente, tenho passado uma fase menos boa – estou há um mês e tal a curar uma fratura no dedo do pé, feita a descer umas escadas…Enfim!. E a falta que me tem feito a bicicleta, a saudade que sinto de pedalar por novos sítios, de subir montes, de rolar na estrada. Não parei por completo, porque em termos mentais eu dava em doido. Mas não tendo a bicicleta, tenho o ginásio. E embora condicionado, vou treinando alguma coisa, o que, acima de tudo, ajuda a desanuviar a mente.
O desporto como fonte de prazer, satisfação e motivação!
A mensagem que quero deixar é que apesar de não ser um profissional, encaro o desporto com bastante dedicação e faço-o com prazer – dessa satisfação vem a minha maior motivação. O que o desporto me permite fazer, especialmente pedalar, tem-me demonstrado que, quando queremos algo e nos esforçamos em prol de tal, somos capazes de o atingir – independentemente das condições físicas, e disponibilidade de cada um, devemos acreditar em nós e desafiar-nos. Só assim poderemos ultrapassar os nossos limites!
Acima de tudo, devemos desfrutar de todo o caminho!
José Afonso