Tour de France – 1ª Semana (Mais e Menos)

Fair PlaySetembro 7, 20207min0

Tour de France – 1ª Semana (Mais e Menos)

Fair PlaySetembro 7, 20207min0
Terminada a primeira semana do Tour de France 2020, chega a altura de apresentar o primeiro grande balanço. Após as primeiras 9 etapas, o Fair Play faz o rescaldo dos principais pontos positivos e negativos a destacar.

Os Mais da semana…

Wout Van Aert (Jumbo – Visma) – 9 dias de Tour de France, a juntar às restantes vitórias que trazia na temporada e quase todos o elegem como o melhor ciclista da atualidade. Capaz de bater os melhores sprinters presentes na prova na etapa 5, também não deu hipóteses na etapa 6 frente aos que passam dificuldades montanhosas e têm uma boa ponta final. Mas não foi aí que conquistou o coração dos adeptos. Já todos sabiam que Van Aert tem sangue de campeão e que consegue vencer de  várias formas. O que os adeptos ainda não tinham visto era o homem que tem cpacidade para trabalhar incansavelmente para o seu líder. Foi no trabalho que tem realizado ao longo da semana que belga mais se destacou, sendo o homem de confiança de Primoz Roglic a rolar, em terreno de sobe e desce ou montanha acima, tendo inclusive estado junto do seu líder quando alguns trepadores não o conseguiram fazer. É o grande mais da semana e esperemos que assim continue.

A amarela de Adam Yates (Mitchelton-Scott): O britânico já tinha estado perto do pódio final em 2016, mas nunca tinha tido a honra de vestir a amarela. Soube estar na sombra de Alaphilippe e aproveitou um erro do francês e da Deceunick para subir à liderança, tendo por lá ficado três etapas. Neste momento, apesar de já ter perdido a amarela, o novo reforço da INEOS reúne boas condições de lutar intensamente pelo top 5, e de ainda juntar à sua prestação uma vitoria em etapa, o seu principal objetivo.

Primoz Roglic (Jumbo-Visma): O atual camisola amarela partia como o principal favorito a vencer, e à primeira folga já enverga a amarela. No entanto, parece inequívoco que o esloveno perdeu oportunidade de marcar já diferenças substanciais para nomes como Bernal, Quintana e Landa, elementos que podem fazer Primoz tremer nas montanhas à terceira semana. Além disso, depois de um trabalho notável da sua equipa, incluindo do co-lider Tom Dumoulin, Roglic não atacou para fazer diferenças, algo que comprometeu a candidatura de Dumoulin à classificação geral. Terá o esloveno atingido o pico de forma demasiado cedo, tal como aconteceu no Giro de 2019?

Julian Alaphilippe (Deceuninck – Quick Step): Já faltam palavras para descrever o francês, que mesmo numa fase menos boa de forma tem coração e pernas para dar espectáculo e para garantir dois objetivos: Vencer etapas e vestir de amarelo. Ambos os objetivos estão atingidos na primeira semana, pelo que mesmo que Lou Lou não volte a vencer neste Tour, já deixou a sua marca.

Tadej Pogaçar (UAE – Team Emirates): Perdeu algum tempo desnecessário numa etapa sem montanha, mas tratou de responder logo no dia seguinte, e aos 21 anos já vence etapas no Tour à frente de Roglic, Bernal e Landa. Parece estar em clara subida de forma, e pode ser uma desagradável surpresa na terceira semana para os favoritos Roglic e Bernal, tendo em conta que o CR perto do fim parece talhado para as características do jovem da Emirates.

Etapa 7 e a Bora-Hansgrohe: Depois de duas etapas mortas, e equipa alemã partiu a corrida e deixou alguns favoritos à geral em maus lençóis, para além de terem tirado alguns sprinters da discussão da etapa (Caleb Ewan à cabeça). A equipa acabou por não conseguir capitalizar dando a vitoria a Sagan, mas foi importante para uma etapa que trouxe emoção e incerteza.

Alexander Kristoff (UAE – Team Emirates): Poucos seriam os apostadores que tinham Kristoff no seu top 5 na primeira etapa. Mas o experiente norueguês de 33 anos não quis saber e de forma autoritária bateu a concorrencia ao sprint, sendo o primeiro camisola amarela desta edição do Tour.

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Os menos…

Thibaut Pinot ( Groupama FDJ): Mais um ano, mais uma desilusão. O francês chega sempre como favorito, e tem sempre a tendencia de desiludir. Está já a mais de 18 minutos de Roglic, pelo que o abandono é muito provável, de modo a poupar-se para uma possível candidatura à Vuelta. Aos 30 anos, o melhor voltista francês começa a ver o tempo a escassear.

Fabio Aru (UAE – Team Emirates): Parecia estar a caminhar para a forma que apresentou na Astana, e era algo que os fas aguardavam com impaciência. No entanto, depois de ter andado escapado a testar as pernas numa das primeiras etapas de montanha, abandonou de forma misteriosa antes da primeira folga, privando Pogacar de um grande gregário.

Noutro teor, o público em grande afluência, e mais grave que isso, notória ausência da mascara na maioria dos fãs. Estes aglomerados apenas são permitidos devido à displicência da organização, do governo e da policia. Trata-se de controlar e adaptar eventos à nova conjuntura, de modo a evitar o seu cancelamento, algo que parece cada vez mais possível nesta fase.

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Mais uma desilusão para Thibaut Pinot

E os mais e menos…

Team Jumbo – Visma: Sem dúvida a melhor equipa até ao momento, com 3 vitórias em etapas e a camisola amarela na sua posse, não há como meter em causa que a Jumbo – Visma é dos pontos positivos da semana. No entanto, a equipa não é a equipa dominadora que se esperava e na chegada aos Pirenéus as coisas abanaram um pouco. Sem medo de assumir a cabeça do pelotão, mesmo quando não tinham de defender a liderança, Primoz Roglic ficou sozinho praticamente quando todos os outros líderes também ficaram. Sep Kuss e George Bennett estão longe das suas prestações no pré Tour e não fosse Wout Van Aert e Tom Dumoulin e o caso seria ainda mais sério. A equipa que deixou de ter a liderança partilhada e tem agora em Roglic a sua única esperança para vencer a prova. Pontos positivos mas alguns apontamentos negativos que se não forem recuperados podem vir a ser graves.

INEOS Granadiers

Etapa 5 e 6 – Fortemente criticada pelo público a etapa 5 e a etapa 6 são aquele tipo de etapas que sempre irão acontecer numa grande volta. E porquê? Porque são necessárias e têm o seu efeito. Seria impossível ao pelotão andar 23 dias seguidos em alta rotação. Estes dias são resultados das circunstâncias da corrida e se na etapa 5 não houve fuga para meter em cheque a prevista chegada ao sprint, ou se na etapa 6 os favoritos não se atacaram e os kms finais nada acrescentaram ao espectáculo, é porque no momento os atletas pensaram e os diretores desportivos pensaram a longo prazo e no que faltava até Paris. Claro que ninguém defende um passeio até Paris, mas para poderem existir etapas como a 7ª, 8ª e 9ª, têm de existir “passeios” que ainda assim acumulam fadiga nas pernas.

Etapa 1 – Chuva, quedas, perigo, terreno escorregadio, vários pontos que levaram a um entendimento entre alguns atletas, não todos, para levar a etapa controlada até aos quilómetros finais para que a vitoria pudesse ser discutida ao sprint. Sem dúvida que foi negativo, mas tudo isto faz parte do desporto de alta competição e é sempre positivo ver como os atletas meteram a sua segurança à frente dos seus sucesso desportivo.

If you can't hack it, retire, Wiggins tells Tour de France riders after  opening stage mayhem | road.cc
A primeira etapa ficou marcada por muita chuva e muitas quedas

 

 


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