Paris – Nice, corrida contra o tempo!

Diogo PiscoMarço 15, 20205min0

Paris – Nice, corrida contra o tempo!

Diogo PiscoMarço 15, 20205min0
Numa corrida contra um inimigo invisível, foi o campeão alemão Maximilian Schachmann (BORA- hansgrohe) o vencedor digno de um prova limitada mas não menos espetacular.

O Paris – Nice 2020 saiu para a estrada mesmo com o mundo do ciclismo a ser parado aos poucos com o objectivo de evitar a propagação do vírus Covid-19. O fantasma do corona vírus foi crescendo ao longo da semana, com o cancelamento de competições de várias modalidade desportivas. Respeitando as regras impostas pelas autoridades, a organização manteve a posição de levar a prova até ao fim.

A conhecida “corrida para o sol” tornou-se assim a “corrida contra o tempo”, com o pelotão e os adeptos à espera que a qualquer momento a corrida fosse cancelada. Também outro tempo, mais propriamente o clima, foi protagonista nesta corrida. O vento jogou as suas cartas, assim como a chuva. Estes dois “tempos” fizeram os homens das duas rodas correrem como se de um Tour de France se tratasse. E em boa hora o fizeram. Olhando à conjuntura actual, não sabemos durante quanto tempo esta será a última corrida realizada no ciclismo de estrada mundial.

Quanto à corrida em si, foi vencida por Maximilian Schachmann (BORA-hansgrohe). O alemão soube tirar partido do final complicado da primeira etapa, discutindo a vitória com Tiesj Bennot (Team Sunweb), que viria a ser outro grande protagonista desta edição, e Dylan Teuns (Bahrain -McLaren).

Schachmann agarrou a amarela no primeiro dia para não mais largar. Fonte: cyclingnews.com

A segunda etapa seria marcada pela chuva e vento forte e pelos vários ataques que levaram a que a etapa terminasse com um sprint num grupo pequeno em vez de um pelotão compacto, como era expectável. Giacomo Nizzolo (NTT Pro Cycling) levou a melhor sobre Pascal Ackermann (BORA -hansgrohe), o adversário mais forte do grupo, e alcançou uma das suas maiores vitórias. Nesse dia o líder Schachmann chegava no terceiro grupo, mantinha a amarela e ganhava tempo importante aos restantes trepadores.

Terceira etapa, mais uma chegada ao sprint, mais um dia com cortes, mais um dia em que o líder chegava no grupo da frente e ganha alguns segundos aos adversários, mais uma surpresa nos vencedores. Desta feita foi Iván Cortina (Bahrain -McLaren) a bater Peter Sagan (BORA -hansgrohe) num dia que foi marcado por uma queda que deixou os grandes nomes do sprint mais uma vez fora da discussão da etapa. Sagan esperou demais e foi surpreendido pelo espanhol.

O contra-relógio chegou no quarto dia e mais uma vez Schachmann consolidou a sua liderança. O líder era segundo e metia pelo quarto dia consecutivo um homem da BORA nos dois primeiros lugares. Kragh Andersen (Team Sunweb) era o vencedor do dia.

A etapa 5 introduzia ao pelotão as montanhas, no entanto permitiu uma chegada ao sprint. O ataque de Jan Tratnik (Bahrain- McLaren) esteve perto de dar os seus frutos. Foi engolido pelo pelotão já dentro dos 500 metros finais e viu Niccolò Bonifazio (Team Total Direct Energie) com um sprint dominador comprovou que nomes que até agora eram de segunda linha estão em em 2020 para discutir todos sprints.

A entrada na montanha a sério deu-se na etapa 6. A corrida resistiu até aqui sempre com o fantasma de que no fim de cada etapa a prova seria dada como terminada. Neste dia veio o rumor que a última etapa não seria realizada,  informação que confirmada mais tarde. O pelotão chegava à penúltima etapa e como nos dias anteriores deram espectáculo como se fosse a última etapa. Via-mos finalmente os grandes nomes da montanha atacarem-se mutuamente, mas a falta de cooperação entre si deu a Tiesj Bennot uma vitória a solo. Um ataque de longe que lhe permitiu subir a segundo da geral, ficando a apenas 36 segundos do líder. Schachmann perdia finalmente tempo neste Paris – Nice, mas salvava o dia com uma força brutal para permanecer no grupo dos favoritos após uma queda na última descida do dia.

Tiesj Bennot lutou ate ao fim. Venceu a etapa 6 e tentou na 7 retirar a amarela a Schachmann. Um dos grandes animadores desta edição. Fonte: cyclingnems.com

Última etapa, primeira e única chegada em alto digna desse de nome. Com a vitória da geral a parecer apenas discutível entre primeiro e segundo, todos queriam a vitória na etapa, culminasse ela na vitória da geral ou não. Nairo Quintana (Team Arkéa Samsic) atacou dentro do 4 quilómetros finais e beneficiou da sua posição fora do top 10 para ir rumo à vitória. Bennot atacou, mas os escassos 12 segundos que ganhou não foram suficientes para retirar a vitória a um exausto Schachmann que deixou tudo na estrada. A sua grande vitória da carreira até ao momento.

O Paris – Nice foi muito mais do que isso. O factor tempo fez realmente com que estes homens corressem para ganhar. Vimos nomes importantes como Vincenzo Nibali, Richie Porte ou Jasper Stuyven (Treck -Segafredo), Thibaut Pinot e Rudy Molard (Groupama FDJ), Bob Jungels e Julien Alaphilippe (Deceuninck – Quick-step), entre muitos outros, a endurecer constantemente a corrida dando boas indicações para temporada de clássicas e de corridas por etapas que se iniciava. Esperemos que tudo passe rapidamente e que estes homens possa de novo fazer valer a sua força e fazer vibrar os adeptos.


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