WNBA 2023: fim da fase regular com playoffs à porta
2023 foi um ano brilhante para a WNBA 2023. Recordes atrás de recordes, extensão do calendário, incremento do público nos ginásioa, maior repercussão nas redes, Brittney Griner de volta e, dentro de quadra, placares altos e um estilo moderno de basquete. Sem mencionar a grande narrativa da temporada, a disputa a parte entre as duas super-equipes, Las Vegas Aces e New York Liberty.
O Aces, em busca do bi-campeonato consecutivo, feito visto pela última vez na história da liga no lóngínquo 2002 com o Los Angelas Sparks, reforçou-se com ninguém menos que Candace Parker e Alysha Clark. O time construiu uma das melhores campanhas já presenciadas, na disputa pelo título de melhor ataque da história, sem perder o posto de melhor defesa da temporada. A contusão da pivô recém-chegada afetou o desempenho, assim como o afastamento de Riquna Williams, por razões criminais; ausências mais sentidas nos confrontos diretos com o segundo lugar (em todos os quesitos), o segundo super-time, New York Liberty, montado para conquistar o inédito troféu.
Foram 5 duelos, com vitória do Liberty na parcial, por 3 x 2, incluindo aqui o jogo que valeu a Comissioner’s Cup. A arrancada deu-se na metade da temporada, com uma defesa de muita troca e cobertura, cujo pêndulo ofensivo reflete-se no ritmo veloz e profusão de chutes de três. Não à toa, Sabrina Ionescu protagonizou a pontuação, sobrepondo-se à sua contraparte do Aces, Kelsey Plum, alvejada na defesa e com baixa eficiência ofensiva. No duelo à parte, a maré bate a favor da costa leste.
Chegamos aos estertores da fase regular, com duas partidas por jogar para cada equipe. Haverá disputa por posições, busca de marcas pessoais e prêmios. Sigamos a época do ano e façamos algumas apostas no que vai acontecer nessa semana final.
O que ainda está em jogo
Aces e Liberty brigam pela liderança e pelo mando de quadra na eventual (e provável) final. Soa improvável a derrota de Las Vegas, já que enfrenta o combalido e desanimado Phoenix Mercury, duas vezes. Ainda assim, New York impôs respeito e, se sua adversária bobear, rouba a primeira posição.
As posições 3 e 4 da tabela não despertam arrepio, com Connecticut Sun garantido na terceira e Dallas Wings praticamente na quarta. As coisas ficam mais animadas conforme nos aproximamos da rabeira dos classificados aos playoffs: Minnesota Lynx, Washington Mystics e Atlanta Dream lutam pela quinta posição – além de fugir do confronto com o LIberty já na rodada inaugural da pós-temporada. Destaque para a partida do dia 8, quando Dream e Mystics jogam um confronto direto.
Por fim, pela oitava e última vaga, Los Angeles Sparks e Chicago Sky lutam para definir quem sairá derrotado para o Aces nos playoffs. Nenhuma delas possui escolha alta no draft de 2024, o que ao menos motiva a disputa.
Indiana Fever, Seattle Storm e Phoenix Mercury acenderam suas velas desde já e buscam ajuda na sorte para vencer a ‘taça Caitlin Clark’, mais conhecida como primeira escolha no próximo draft.
Prêmios individuais
MVP
Comecemos pelo mais difícil. Testemunhamos três temporadas quase perfeitas. A’ja Wilson, a âncora da melhor defesa e melhor ataque, a melhor jogadora do melhor time (da história?), a líder e coração do Las Vegas Aces, igualou a maior pontuação de um jogo na WNBA. Breanna Stewart conduziu o Liberty enquanto o coletivo não se ajeitava, depois assumiu uma liderança serena e intimista, influenciou em todos os aspectos do jogo, com recordes de partidas acima dos 40 pontos.
Porém, se a narrativa do ano centra-se em dois super-times, e a balança entre as duas grandes estrelas teima em manter-se equilibrada, inevitável enaltecer o impacto de Alyssa Thomas ao terceiro colocado e muito mais modesto elenco do Connecticut Sun. Recordista de triplo-duplos, a ala-pivô afinou sua versatilidade a níveis nunca dantes vistos. Ela arma (líder em assistências da equipe e segunda no geral), defende (líder em rebotes por jogo na liga e terceira em roubos), pontua. Ela faz absolutamente tudo, cristalizado nos números impressionantes.
Em uma liga que já viu Janeth Arcain, Rebekah Brunson e Tamika Catchings, o prêmio de MVP com Alyssa Thomas estaria em ótimas mãos.
Técnica do ano (e executivo)
Tal qual na disputa pelo MVP, a polarização entre Aces e Liberty, cujo desenlace será conhecido e decidido somente na final, atrapalha as campanhas individuais de suas técnicas. O prêmio caberia perfeitamente a Becky Hammon ou Sandy Brondello e as razões foram apontadas acima; entretanto, a técnica mais desafiada a re-estruturar um elenco, uma identidade tática e uma franquia, foi Stephanie White, do Connecticut Sun.
Do quinteto titular em 2022, três jogadoras partiram; a reposição vinda de dentro do elenco machucou-se no começo do ano; sem contar a mudança na proposta de jogo, acelerando e incentivando os chutes rápidos e longos. White alcançou sucesso em todas essas frentes, mudando um time com a cara de Curt Miller e mantendo a posição alta e a campanha vitoriosa.
Pessoalmente, por razões ideológicas, não gosto de premiar executivos, mas Jonathan Kolb e todo o staff de New York merece louvores. A equipe recebeu uma leva de super-estrelas, campeãs e ex-MVPs. De quebra, ainda manteve a essencial Betnijah Laney e adquiriu (quase como moeda de troca) a polivalente (e não menos essencial) Kayla Thornton. Essa equipe trabalhou deveras bem na inter-temporada e juntou todas as peças na montagem do elenco.
Reserva: Alysha Clark (Las Vegas Aces; com pouca convicção)
Novata: Aliyah Boston (Indiana Fever; dispensa comentários – a pivô dominará a liga em pouquíssimo tempo)
Maior evolução: Allana Smith (Chicago Sky; trajetória linda, de dispensada seguidamente a jogadora confiável)
Defensora: Brittney Sykes (Washington Mystics; a fadiga da polarização chega até aqui e uma hora Sykes terá que ganhar o prêmio, o qual vem concorrendo ano após ano)