Sesi Araraquara levanta o bicampeonato na LBF 2024

Lucas PachecoJulho 25, 20245min0

Sesi Araraquara levanta o bicampeonato na LBF 2024

Lucas PachecoJulho 25, 20245min0
Como em 2023, o Sesi Araraquara leva o título da LBF para casa, confirmando um merecido bicampeonato no campeonato brasileiro

Na noite da última terça-feira, o Sesi Araraquara conquistou o bi-campeonato da LBF (Liga de Basquete Feminino) ao vencer, em jogo eletrizante, o Sampaio. A equipe paulista repetiu o resultado da temporada passada, quando vencera o mesmo adversário na final, também por 3 a 2. Se em 2023, porém, o Sesi contava com o mando de quadra na partida derradeira, desta vez a vantagem pendia para o Sampaio, líder da fase regular.

A série final começou com indícios de que as maranhenses se vingariam do vice em 2023. Nas duas primeiras partidas, em São Luís, o Sampaio saiu vitorioso: no primeiro confronto, foi necessária a prorrogação para sacramentar o resultado, 70 x 65. No segundo, também em São Luís, outro duelo equilibrado, apertado, e nova vitória do Sampaio (69 x 63). O conjunto comandado por Bruno Guidorizzi contou com boas atuações de Sassá e Rapha para depender de apenas mais um triunfo rumo ao título.

A mudança da série para Araraquara trouxe novos contornos; se não no desempenho, o resultado comprovou a vantagem do mando de quadra. O Sesi aproveitou o cochilo maranhense no jogo três e venceu a primeira por 69 x 48, diminuindo o déficit. Ainda assim, para atingir o troféu, precisaria vencer o quarto jogo e forçar a partida desempate. Foi exatamente o que aconteceu: a vitória por 65 x 58 levou a série para o quinto jogo, o último da maior temporada da LBF.

Em São Luís, em um ginásio Costa Rodrigues abarrotado e barulhento, o Sampaio teve a faca e o queijo para liquidar o confronto. A menos de um minuto para o fim, o time liderava por três pontos, até que o Sesi tentou uma bola de três e errou; entretanto, o Sampaio permitiu o rebote ofensivo, a bola caiu nas mãos da experiente ala Jaqueline e ela converteu para estender a decisão para 5 minutos da prorrogação. Sassá ainda teve a bola do título, fez um bonito giro perto do aro mas perdeu o arremesso.

Não podia ser diferente em um duelo tão equilibrado, envolvendo os dois maiores orçamentos da liga. De um lado, o poderoso Sampaio com sua formação intermitente e sempre estrelada; do outro, um projeto que cresceu gradativamente e hoje se firmou como um oásis de estrutura no basquete feminino brasileiro. Confirmando todos os prognósticos, Sampaio e Sesi chegaram à final e disputaram ponto a ponto.

Na prorrogação, enfim as visitantes conseguiram se sobrepor às mandantes e o Sesi venceu por 65 x 73, faturando o título e coroando uma temporada perfeita do esquadrão comandado por João Camargo.

Aline Moura foi eleita a MVP das finais, embora a pivô Letícia Josefino tenha sido a constância da equipe, seja nas vitórias seja nas derrotas. A ala Vitória Marcelino também se destacou, chamando a responsabilidade da pontuação nos momentos mais delicados; sem ela, muito provável que o time tivesse sucumbido ainda no jogo 3 das finais.

Não faltou equilíbrio e emoção, apesar dos desempenhos sofríveis em grande parte da série final. Espantou a quantidade de erros, o baixo aproveitamento nos tiros de quadra e a inconsistência de ambas as equipes; o baixo nível técnico obscureceu até mesmo o duelo tático das finais. Importante frisar que Camargo apostou em formações mais baixas nos momentos decisivos, com resultado positivo; ele tinha à disposição muito mais opções de rotação que seu oponente, cujo elenco possuía 8 atletas. Quando Bruno sacou a pivô Kawanni nos minutos finais do jogo 5, já sem Iza Sangalli (eliminada por faltas), ele enfraqueceu o garrafão e o rebote ofensivo foi crucial para o resultado.

O Sesi coroa um ano laureado e se coloca como o time a ser batido nas próximas competições. Oxigenar o esquema poderia trazer frutos, mas a superioridade do elenco compensa a falta de criatividade e as lacunas individuais (a armadora Débora, por exemplo, foi ignorada pela defesa maranhense ao longo da série).

A temporada com mais equipes da história, com significativo aporte financeiro do patrocinador master, foi realizada em modo turbo, para se adequar aos calendários de seleções. A despeito das muitas críticas, a liga decidiu manter o  calendário e a expectativa é que, em 2025, vejamos a chegada dos reforços europeus na segunda metade da temporada. Por um lado, abrem-se chances para as jogadoras novas e inexperientes – tivemos bons flashes de diversos prospectos na recém finalizada; por outro, as equipes sofrem mudanças bruscas e perdem a identidade construída.

Mister que a liga invista em formação aos técnicos. O nível tático precisa subir e não vemos evolução na imensa maioria das equipes. O ambiente do basquete feminino tende à acomodação de poucas pessoas, mantendo o circuito restrito e fechado; o futuro da modalidade e da liga dependem da ampliação e consolidação dos postos de trabalho, além da melhora do nível tático.

O Sesi colhe os frutos do trabalho semeado lá atrás e comemora mais um merecido título. Muito cedo para falar de formação de elenco, o certo é que o time virá em busca do tri-campeonato inédito em 2025. Um longo intervalo nos aguarda, teremos que aguardar até março para novas partidas da LBF.  Até lá, o Sesi fez por merecer todos os louvores no basquete feminino brasileiro.


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