FIBA World Cup 2019: O ano da queda da hegemonia dos EUA?

Tiago MagalhãesAgosto 30, 20196min0

FIBA World Cup 2019: O ano da queda da hegemonia dos EUA?

Tiago MagalhãesAgosto 30, 20196min0
Os EUA apresentam-se no FIBA World Cup da China sem grandes estrelas e, com isso, a hegemonia do basquetebol mundial pode estar em risco. Quem poderá tomar o lugar?

Depois de uma análise a todas as equipas presentes no FIBA World Cup 2019 (que podes ver aqui), analisamos o tema quente da competição. Conseguirão os EUA repetir o título ou teremos um novo campeão?

A República Popular da China será a casa forte da edição deste ano da, agora denominada, FIBA World Cup Basketball, a maior competição mundial de basquetebol, que engloba as 32 melhores equipas do planeta apuradas pelas várias fases de qualificação espalhadas por todos os continentes nos últimos 4 anos. Alguns dos melhores jogadores do mundo marcarão presença na edição deste ano que terá início a 31 de Agosto e culminará com a final dia 15 de Setembro.

A edição deste ano do torneio estará marcada por várias histórias sendo que a maior será a ausência de alguns dos conjuntos mais fortes europeus. O maior exemplo é a atual campeã europeia Eslovénia, devido a transfiguração na forma de qualificação para esta competição mundial.

A Eslovénia é uma das grandes ausentes deste Mundial (Foto: ABS-CBN Sports)

As janelas de qualificação foram expandidas para paragens competitivas dentro do calendário habitual de competições domésticas. Assim, algumas das seleções com maior presença de jogadores na NBA ou na Euroleague (máxima competição europeia de clubes), não puderam disputar tais partidas devido aos seus compromissos internos com os seus clubes.

Esta alteração no regulamento criou assim um debate internacional sobre qual das competições deveria ser considerada a “rainha da modalidade”, se os Jogos Olímpicos ou se o Campeonato do Mundo, e tal é legitimo.

A falta de estrelas americanas no Mundial FIBA

No basquetebol, num passado recente, as Olimpíadas tomaram um papel muito mais preponderante a nível de expansão mediática da modalidade, com praticamente todas as seleções na sua máxima forca e atletas a prescindirem do seu descanso de férias para alinharam pelas suas nações. O maior exemplo de tal mudança de perspetiva está nos atuais campeões, e seleção que domina há várias décadas a competição, os Estados Unidos da América.

Os agora liderados pelo treinador Greg Popovich serão sempre os maiores candidatos ao título, mas, para a edição deste ano, o grupo assemelhado para renovar o título, conta com atletas que perfazem apenas DUAS escolhas All NBA, no total. O registo mais baixo de sempre se “puxarmos a cassete atrás” até ao longínquo ano de 2000.

A ausência de estrelas na equipa dos EUA é gritante (Foto: SB Nation)

Com isto dito, quem poderá beneficiar do “ligeiro desfalque norte americano”, serão seleções apetrechadas com soluções de nível mundial como a Espanha, a Austrália, a França e sobretudo a Sérvia, para nomear as mais relevantes.

A sinergia mundial entre a NBA e o resto das competições está a fazer com que cada vez o fosso entre todos seja menor, com talento a despoletar em todos os cantos do mundo e com as discrepâncias monetárias cada vez mais suprimidas, sendo que países como a China, Rússia, Turquia e Grécia são cada vez mais tentadores a jogadores de segunda linha NBA, com vista a contratos chorudos na casa dos milhões e um protagonismo individual claramente superior ao que teriam numa equipa norte americana.

No outro lado da barricada, a NBA começa a estar cada vez mais atenta a jogadores no topo da Europa, mas sobretudo nas competições jovens onde jogadores demonstram todo o seu potencial, para que possam colmatar as suas rotações do banco com atletas de qualidade e normalmente com contratos menos pesados sendo que só neste Verão já vimos jogadores como o italiano Nicolo Melli, o sérvio Marko Guduric, e o francês Vincent Poirier acompanhado do jovem Sekou Doumboya a rumar a franchises da melhor liga do mundo.

O melhor mundial de sempre?

Este ano marcarão presença na China apenas 12 de 32 países sem qualquer jogador a alinhar na NBA, e para estes, não existirá melhor montra para o fazer, sendo que seleções como a Argentina, Rússia e Polónia, possuem claramente talento para entrar na Liga com jogadores como Facundo Campazzo, Mateusz Ponitka, entre outros.

Para outros países com menor historial mundial como a Coreia do Sul, a Costa do Marfim e a Jordânia, esta será uma oportunidade de ouro para demonstrar o quão estabelecido está o basquetebol em todos os hemisférios, mas sobretudo como a cultura desta modalidade está cada vez mais alargada a mercados mais restritos, quer por diferenças de contexto sócio económico, quer por diferenças culturais. (Na Coreia do Sul, apenas podem utilizar dois jogadores estrangeiros por equipa, enquanto que na Costa do Marfim não existe sequer um campeonato profissional fundamentado).

Desta forma, estamos perante uma FIBA World Cup que tem tudo para ser memorável.

Giannis e Jokic são dois dos melhores jogadores presentes (Foto: JSOnline)

A incerteza do vencedor da competição é provavelmente a maior dos últimos 25 anos.

Terão os EUA capacidade para revalidar o título? Teremos pela primeira vez na história um pódio só com equipas europeias? Será a Austrália capaz de conquistar pela primeira vez na história uma medalha mundial?

A escolha da organização não poderia ser melhor sendo que a China é um dos países do mundo com mais atletas na modalidade e com uma das bases de fãs mais emotiva, mas sobretudo porque vive-se um clima de estabilidade e prosperidade no basquetebol em geral sendo esta uma das formas de entretenimento mais apreciadas pelo fã comum de desporto hoje em dia.


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